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ANTT busca reduzir custo do transporte via trilhos

22.03.2024 | | Notícias do Mercado

Fonte: Jornal do Comércio
Data: 18/03/2024

Um estudo da antiga Empresa de Planejamento e Logística (EPL), atual Infra S.A., estima que somente 15% do transporte de todas as mercadorias do Brasil ocorre via trilhos. Publicada no início de dezembro do ano passado, a Resolução nº 6.031, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), entrou em vigor no início de 2024 e visa incentivar o uso do modal ferroviário com a redução de seus custos, a partir da regulamentação das chamadas “operações acessórias no serviço de transporte ferroviário de cargas”.
Operações acessórias são aquelas “atividades complementares ao serviço de transporte ferroviário de cargas, para as quais se permite a cobrança de preço em virtude de sua execução”, segundo o artigo 3º do texto da Resolução. Entre elas, é possível incluir: abastecimento, amarração, armazenagem, baldeação, carregamento e descarregamento, condução, estadia, inspeção, licenciamento, limpeza, manobra, manutenção, pesagem, transbordo, entre outras.
“O setor de ferrovias tem apresentado um renascimento nos últimos anos e consta como prioridade de novos investimentos da União, inclusive em malhas ferroviárias já concedidas, como é o caso das renovações antecipadas de ferrovias, realizadas nos termos da Lei nº 13.448/2017, e diante da edição de um novo marco regulatório, a Lei nº 14.273/2021, que procurou estimular a competitividade no setor”, salienta Thiago Valiati, advogado sócio do escritório Razuk Barreto Valiati e especialista em direito da infraestrutura de transportes.
A Resolução da ANTT, dentro desse contexto, procura conferir mais segurança jurídica para as empresas que atuam no setor. “Com as definições previstas pela resolução, o objetivo da ANTT consiste em diminuir os riscos de abusos e de dificuldades de relacionamento entre os players, incluindo vedar a cobrança de operações acessórias que não estejam previstas no texto ou não se qualifiquem na definição da Resolução”, afirma Valiati.
A ANTT estima que, entre 2012 e 2019, a receita das operações acessórias cresceu cerca de 172%, ao contrário da receita e do custo de transporte das concessionárias. “Entende razoável supor que existiu uma possível recuperação de margem de lucro, não mais por meio das tarifas de transporte, mas principalmente a partir dos valores cobrados a título de operações acessórias”, afirmou a ANTT.
Assim, a fim de dar transparência e facilitar as negociações, as empresas que realizam esses serviços deverão publicar em seu site a relação de todas as operações acessórias ofertadas e os seus custos, incluindo as manobras, consideradas um dos temas mais sensíveis. Na Resolução, ela é definida como “atividade de movimentação, agrupamento, desagrupamento ou reposicionamento de vagões e locomotivas ocorrida em terminais, estações ou pátios, com intuito de atendimento a necessidade específica do usuário”. A redação da Resolução faz com que eventuais manobras realizadas pelas empresas sem a solicitação do usuário não possam ser cobradas – evitando eventuais abusos. É comum a realização de manobras por parte das empresas devido a necessidades de infraestrutura ou até mesmo por questões envolvendo os vagões.
Somente atrás do modal rodoviário, o setor de ferrovias ocupa o segundo lugar em volume de cargas transportadas no país. Apesar disso, a participação do modal na matriz de transportes ainda é considerada pequena, já tendo sido maior em outros períodos do desenvolvimento nacional, especialmente até a década de 1930.
No caso de eventuais conflitos, se houver dificuldade de acordo entre as empresas e os provedores dos serviços de operações acessórias, o artigo 30 da resolução estabelece que a ANTT poderá realizar a “mediação ou o arbitramento dos assuntos não resolvidos entre as partes”. “A expectativa da ANTT é que a resolução confira mais segurança jurídica e transparência para todos os envolvidos nos serviços de transporte ferroviário”, finaliza o advogado.

Governo federal traça plano de R$ 12,6 bilhões de dinheiro público e PPP para porto de Santos

Com o túnel entre Santos e Guarujá como joia da coroa, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), anunciou, na semana passada, o plano de investimentos para o porto de Santos entre 2024 e 2028.
Antiga reivindicação de prefeitos da Baixada Santista e promessa de diferentes governos federal e estadual, o túnel vai receber verba de R$ 6 bilhões.
Isso representa quase a metade do investimento público e em PPP (parceria público-privada) dos R$ 12,6 bilhões a serem aplicados no complexo portuário. Mas com projeções de mais R$ 8,68 bilhões em investimentos privados, o governo federal planeja chegar a R$ 21,28 bilhões em cinco anos. Pelo cronograma apresentado, a concessão do túnel terá início em 2025.
Antes de anunciar o plano de investimentos em Santos, o ministro visitou o aeroporto civil metropolitano no Guarujá (litoral de São Paulo), que está em obras para receber voos comerciais a partir de 2025. Serão gastos R$ 21,3 milhões para a adequação da estrutura.
“O aeroporto vai ajudar muito a fomentar o turismo de negócios e são investimentos fundamentais para o desenvolvimento da região”, afirmou.
Na concessão de dragagem para aumento do calado (profundidade para atracação), serão usados R$ 6,5 bilhões, sendo R$ 5,8 bilhões de dinheiro privado. Mas a previsão é que isso aconteça nos próximos 20 anos.
À exceção do túnel e da dragagem, o maior investimento será a PPP (Parceria Público-Privada) para a transferência do Concais, o terminal de passageiros do porto para a área do Valongo, próximo ao centro histórico de Santos: R$ 1,4 bilhão.
Para as perimetrais em Santos e Guarujá, serão R$ 569,9 milhões no total. Espaço para estacionamento e monitoramento de digital do deslocamento de caminhões tem investimento previsto de R$ 800 milhões.