11.12.2025 | ABIFER | Notícias do Mercado
Fonte: Valor Data: 08/12/2025
Com o anúncio de 21 leilões ferroviários e rodoviários, além da previsão de investimentos de R$ 288 bilhões em um novo modelo de captação de recursos, o Governo Federal lançou, no fim de novembro, a Política Nacional de Outorgas Ferroviárias e a carteira de rodovias para o próximo ano. Durante o evento de lançamento, o ministro dos Transportes, Renan Filho, ressaltou que, além da novidade na forma de captação de recursos, a nova Política Nacional vai implementar no setor ferroviário as iniciativas bem- -sucedidas que têm sido empregadas nas rodovias:
“É uma política nacional inédita, com alinhamento dos projetos a práticas de estruturação mais modernas, à modelagem econômica e financeira também. Uma política alinhada à definição de regras contratuais que nós trouxemos do ambiente rodoviário para ferrovias. Isso foi uma decisão de país e isso vai ser transformador”, garantiu Renan Filho.
A promessa é de que a Política Nacional de Outorgas Ferroviárias defina também diretrizes claras de planejamento, governança e sustentabilidade. Vale lembrar que o modal ferroviário é mais eficiente energeticamente, já que emite menos gases poluentes, o que reduz o impacto ambiental da logística e do transporte de cargas no país e ajuda a cumprir compromissos ambientais internacionais.
Para 2026, o Ministério dos Transportes prevê oito leilões de ferrovias que abrangem mais de nove mil quilômetros de extensão e devem atrair cerca de R$140 bilhões em investimentos, com projeção de R$600 bilhões injetados no sistema ferroviário. O secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, acredita que as ferrovias reduzem os custos.
“Ferrovia é um fenômeno econômico, já que reduz custo marginal, barateia frete, integra cadeias de produção. E nós avançamos muito nesses três anos, com uma estratégia sofisticada e sólida, atentos à complexidade do setor”, disse ele.
Com a ampliação dos trilhos, os custos logísticos vão ser reduzidos, o que pode servir para aumentar a competitividade da produção nacional, diminuindo a dependência do transporte rodoviário, assegura o Ministério dos Transportes.
“Esse é um passo importante, de concretizar uma visão, porque fazer ferrovia realmente demanda uma visão e uma política de Estado. E o setor está muito animado com esses projetos, com essa visão de investimento no setor”, disse Davi Barreto, diretor-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF).
OS PROJETOS DESTACADOS
A Ferrogrão é um dos projetos que será beneficiado com a nova política. Com quase mil quilômetros entre Sinop (MT) e Itaituba (PA), a estrada de ferro está prevista no novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e será construída ao lado da Rodovia BR-163 (que liga o Pará ao Rio Grande do Sul) já existente. A previsão é de que a obra crie mais de cem mil postos de trabalho durante sua implantação.
“Os projetos feitos pelo modelo de concessão, como os do Ministério dos Transportes mostram que a colaboração do governo com o setor privado alavanca e soma recursos. A agenda de concessões não só foi retomada, como consolidada”, disse Nelson Barbosa, diretor de Planejamento do BNDES, órgão que é um dos principais financiadores dos projetos do Ministério dos Transportes.
Outro projeto que tem merecido atenção é o Anel Ferroviário do Sudeste (EF-118), qu liga Santa Leopoldina (ES) a Nova Iguaçu (RJ), passando pelo Porto de Açu (RJ), com 57 quilômetros, atravessando vários municípios dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Quando as obras terminarem, a linha férrea promoverá a conexão entre duas importantes ferrovias nacionais: ao norte com a Estrada de Ferro Vitória Minas (EFVM) e ao sul com a Malha Ferroviária MRS.
O Anel pode ainda potencializar projetos estratégicos, como complexos industriais (Comperj e Açu); a logística para distribuição de combustíveis; a remineralização do Oeste de Minas Gerais; e a logística do agronegócio da região Centro-Oeste.
Setor rodoviário também será beneficiado
O setor rodoviário também vem sendo beneficiado pelo Governo Federal: em menos de três anos, o Ministério dos Transportes já realizou 21 leilões para construção e manutenção de rodovias no país, somando pouco mais de 10 mil quilômetros de estradas concedidas e R$ 232 bilhões em investimentos. Os números de 2025 ainda serão ampliados com o leilão da Fernão Dias — conhecida como BR-381, que conecta as metrópoles de Belo Horizonte (MG) e São Paulo (SP) — marcado para o dia 11 de dezembro.
Para o ano de 2026 estão previstos 13 leilões, que garantirão R$ 149 bilhões em investimentos. E o Governo Federal espera atingir a marca de 35 concessões rodoviárias. A secretária nacional de Transporte Rodoviário, Viviane Esse, estava na cerimônia de lançamento da Política Nacional de Outorgas Ferroviárias e comemorou o lançamento da carteira de ferrovias e rodovias:
“Hoje foi um dia muito relevante para o setor de transportes como um todo, com o lançamento da carteira de ferrovias e de rodovias. De rodovias são 13 novos leilões e gente espera a mesma participação dos investidores que tivemos ultimamente também na carteira de 2026”, disse.
A Rota dos Sertões, cujo leilão está previsto para março de 2026 e deve atrair investimentos de R$ 6 bilhões, é um dos destaques dos processos rodoviários. Com 502 quilômetros de extensão, ela conecta o anel rodoviário de Feira de Santana (BA) a Salgueiro (PE), e será o primeiro leilão de concessão rodoviária do Nordeste. O projeto prevê melhorias como duplicações, passarelas e um ponto de parada e descanso. A expectativa é de gerar cerca de 60 mil empregos.
“Estamos abertos para o investimento privado de longo prazo, pois existe um ingrediente fundamental que é a credibilidade”, disse o diretor-presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, Marco Aurélio Barcelos.
Entre os projetos também estão seis otimizações contratuais, mecanismo desenvolvido em parceria com o Tribunal de Contas da União (TCU), para modernizar e reequilibrar acordos de concessão que já não atendiam como o previsto.