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Opinião – A importância da ferrovia estadual na logística do Brasil

22.03.2024 | | Notícias do Mercado

Fonte: RD News
Data: 19/03/2024

A Ferrovia Estadual Senador Vicente Emilio Vuolo (Rondonópolis a Cuiabá e Lucas do Rio Verde) é de fundamental importância para o incremento da competitividade das Cadeias de Suprimentos locais/regionais (demanda interna) e globais (demanda externa), em especial, a formação dos Arranjos Produtivos Locais (APL´s).

Evidentemente, cabe definirmos o conceito de Cadeia de Suprimento. Trata-se do fluxo de materiais (no sentido amplo, matérias-primas e produtos acabados) com alto uso de Tecnologia da Informação (TI), ou pode ser definido como a integração dos fornecedores, indústria, distribuidores, varejistas e clientes finais.

Dentro desse escopo, a grande meta do gestor da Cadeia de Suprimentos é a redução de custos logísticos, que são primários (também considerado de principais) e secundários.

Daremos importância aos custos logísticos primários. Os mais relevantes, em ordem decrescente, transporte (o maior deles), estoques (aquisição e manutenção) e processamento dos pedidos (impostos).

Os Arranjos Produtivos Locais (APL’s)  podem ser considerados como os antigos Pólos de Desenvolvimento, onde localizam-se na mesma região geográfica; fornecedores, clientes e concorrentes, de cunho tecnológico ou não, formado pelas Empresas Nacionais (EN’s), Pequenas e Médias Empresas (PME’s) e pelas Empresas Transnacionais(ETN’s), que promovem atividades de aglomeração na agricultura (setor primário) indústria (setor secundário) e de comércio/serviços (setor terciário)  objetivando os atendimentos das demandas domésticas (mercado interno) e globais (mercado externo), consequentemente, suprindo as Cadeias de Suprimentos locais/regionais e globais.

Com a implantação da Ferrovia, o Brasil estará ainda mais conectado, ligando os centros produtores às regiões exportadoras, reduzindo o custo logístico do Brasil, de forma eficiente, e com capital 100% privado, sem risco para o Governo

Um exemplo prático desse conceito, trata-se da implantação da nova fábrica de celulose da Suzano em Imperatriz no Maranhão, onde foi localizada do lado da Ferrovia Norte Sul (FNS) onde executa toda logística de importação e exportação integrando com o Complexo Portuário do Itaqui que permitiu a formação de um Arranjo Produtivo Local (APL) na região, inclusive, com a reciclagem de aparas (papelão).

A Competitividade de um país, que conceitualmente em sentido amplo, trata-se da segurança jurídica/pública, carga tributária, estabilidade política, legislação regulatória, nível educacional, infraestrutura, em especial, a logística de transporte (hidrovias, ferrovias, marítimo, rodovias, aéreo) que um país possua para atração de investimento nacional e internacional fomentando as Cadeias de Suprimentos.

Sabemos que os países mais prósperos são aqueles que transportam em suas Cadeias de Suprimentos produtos acabados de alto valor agregado (industrializados) em especial, pelo custo de fretes menores, pela escala de tração que possuem, são os modais ferroviário e hidroviário, que só perdem para o marítimo, que é o mais competitivo disparadamente.

Evidentemente, a Ferrovia Estadual, está completamente inserida nesse escopo, pela integração das Cadeias de Suprimentos locais/regionais e globais, além de ser um vetor importantíssimo para a formação dos Arranjos Produtivos Locais que serão induzidos à serem implantados no traçado da mesma, vide exemplo, a implantação do Porto Seco em Davinópolis (MA) pela Rumo, em especial, o transporte de Double Stack  (contêineres um em cima do outro com produtos acabados de alto valor agregado).

Outro fato muito relevante, da implantação de uma Ferrovia desse porte, são 743 Kms, conectando Rondonópolis (onde a Rumo possui o maior Terminal Intermodal da América Latina, o TRO), Cuiabá (a capital), Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, que mexe com toda a Cadeia de Suprimento da Engenharia Civil (demanda de concreto armado, concreto protendido, equipamentos de terraplenagem, brita, trilhos, entre outras dezenas de insumos) que geram empregos e impostos, bombando a Cadeia de Suprimento do setor.

Pela complexidade e importância da temática, mencionaremos sobre Intermodal/Multimodal nos próximos artigos, onde a Ferrovia Estadual Vicente Emílio Vuolo contemplará em sua implantação dos Terminais Intermodais, imprescindível para a integração dos modais rodoviário e ferroviário.

Uma ferrovia para se viabilizar, prevê-se um estudo de viabilidade da demanda (interna e externa), ambiental (redução de emissão de dióxido de carbono) e finalmente, a segurança (redução de acidentes rodoviários, que implica em custos de seguro, previdenciários e hospitalar) . A Ferrovia Estadual que iniciou sua construção no ano de 2021, com previsão do 1º terminal em operação no final de 2025 e início de 2026, irá impactar diretamente nas três vertentes mencionadas acima e quando estiver finalizada, proporcionará maior segurança aos usuários da BR-163, totalmente duplicada de Rondonópolis à Cuiabá, sendo esse projeto executado pela Nova Rota do Oeste, reduzindo significativamente os acidentes fatais que ocorrem diariamente nessa Rodovia

Em outro artigo, falaremos da nova Cadeia de Suprimento que deve surgir na sojicultura, diferente dessa primeira verticalização atual (óleo, farelo e leite de soja), com a respectiva formação dos APL’s.

Finalmente, a impactação da Ferrovia Estadual Vicente Emílio Vuolo beneficiará não somente o Estado do Mato Grosso, mas o Brasil, visto que o transporte é o item mais impactante nas Cadeias de Suprimentos das empresas e a redução dos fretes ferroviários será bastante significativo beneficiando também os motoristas de caminhões que mencionaremos também em outra oportunidade.

Com a implantação da Ferrovia, o Brasil estará ainda mais conectado, ligando os centros produtores às regiões exportadoras, reduzindo o custo logístico do Brasil, de forma eficiente, e com capital 100% privado, sem risco para o Governo.

Silvio Tupinambá Fernandes de Sá Engenheiro Civil e Ferroviário, MBA Logística Empresarial e Mestre em Economia Empresarial