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Rede metroferroviária de São Paulo pode atingir 570 km até 2050, mostram mapas do governo

18.07.2024 | | Notícias do Mercado

Fonte: Metro CPTMData: 17/07/2024

governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem abraçado o modal ferroviário com um fervor nunca visto. Embora a grande maioria dos projetos em estudos já exista há anos, a atual gestão tem divulgado planos em todas as direções.

A “correria geral”, no entanto, tem resultado também em informações desencontradas que podem indicar que muito do que se vê não passe de uma “miragem”. Ou, então, uma veloz mudança de planos em que o frenesi por lançar projetos metroferroviários acaba se sobrepondo a conceitos anteriores.

Um dos documentos mais curiosos a surgir nas últimas semanas é uma apresentação sobre a concessão das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da CPTM. Nela, o governo projeta os cenários de expansão da malha sobre trilhos na região metropolitana.

Ela não inclui os trens regionais, portanto suas dimensões não chegam aos cerca de mil quilômetros de extensão propagadados pelo programa SP nos Trilhos. Mas, segundo cálculos feitos pelo site, pode dar origem a aproximadamente 570 km de linhas de metrô e trens metropolitanos.

Destes, 240 km seriam de linhas de metrô, incluindo os monotrilhos, ou seja, mais do que dobrando a atual extensão, de pouco mais de 100 km.

Os trens metropolitanos, originalmente a cargo da CPTM, também cresceriam para um patamar de 330 km com a inclusão de extensões das atuais linhas e implantação de um novo ramal, a Linha 14-Ônix.

Veja a seguir a evolução a cada 5 anos planejada pelo governo:

Na primeira dupla de mapas, a apresentação mostra a atual rede em operação e os trechos em obra, com as novas linhas 6-Laranja e 17-Ouro e as extensões das linhas 2-Verde, 9-Esmeralda e 15-Prata. A malha neste ano tem portanto cerca de 374 km de extensão já que o governo não inclui a entrega da estação Varginha.

Cenário de 2030 – 413 km de extensão (aumento de 10%)

Dentro de seis anos, a malha metroferroviária pode crescer em 39 km graças à inauguração das linhas 6-Laranja (15,3 km) e 17-Ouro (6,7 km) e a conclusão das extensões das linhas 5-Lilás até Jardim Ângela, da Linha 15-Prata até Ipiranga e da Linha 2-Verde até Gabriela Mistral. Há também a extensão da Linha 13-Jade até a mesma Gabriela Mistral, como parte da concessão dos ramais da CPTM, e a chegada da Linha 11-Coral em Barra Funda.

O cenário, no entanto, ignora a chegada da Linha 4-Amarela até Taboão da Serra, prevista para 2028, assim como o trecho de duas estações da Linha 15-Prata até Jacu-Pêssego, também com previsão diferente da apresentada.

Além disso, as linhas 7-Rubi e 8-Diamante “encolhem” no mapa. Ambas passam a parar em Barra Funda em vez de seguirem até Luz e Júlio Prestes, como hoje.

Cenário de 2035 – 493 km de extensão (aumento de 19%)

É o período de maior expansão da rede, com o acréscimo de 80 km de trilhos. Contribuem decisivamente para esse crescimento a abertura das linhas 19-Celeste e 20-Rosa de metrô, mas também o primeiro trecho da Linha 14-Ônix entre São Miguel Paulista e a estação Sapopemba, da Linha 15. Além disso, a Linha 13-Jade chegará em tese até Bonsucesso, com mais de 10 km extras.

O governo também incluiu a conclusão da Linha 2 até Dutra, em Guarulhos, e a extensão da Linha 6-Laranja até Parque da Mooca. As estações Boa Esperança e Jacu-Pêssego, da Linha 15, finalmente surgem assim como as extensões da Linha 12-Safira  até Suzano e da Linha 11-Coral até César de Souza. Por fim, a Linha 10 é levada até a futura estação Bom Retiro e a Linha 4-Amarela chega à Taboão da Serra.

Vale notar ainda que a Linha 20 estreará neste cenário entre Santa Marina e Saúde, onde está a Linha 1-Azul. Ou seja, nada de “prioridade” para o ABC, como o governo costuma citar em declarações.

Caso essa previsão se confirme, São Paulo chegaria perto de 500 km de trilhos, um patamar bastante significativo.

Cenário de 2040 – 508 km de extensão (aumento de 3%)

Se entre 2030 e 2035, o crescimento é o mais elevado, de lá até 2040 está o pior momento da expansão. São apenas 15 km extras de trilhos, um aumento de 3% na rede. Segundo o governo, nesse intervalo ficariam prontas a extensão da Linha 2-Verde entre Vila Madalena e Cerro Corá e a Linha 14-Ônix chegaria a Santo André, onde haveria a conexão com a Linha 10-Turquesa.

Sim, é isso mesmo que vocês entenderam. Na visão mostrada nos mapas, a Linha 20-Rosa não estaria conectada de imediato com a Linha 2-Verde, embora é entendido que esse trabalho ficará com a futura concessionária do novo ramal.

Cenário de 2045 – 531 km de extensão (aumento de 4,5%)

O espaço de tempo entre 2040 e 2045 marcaria a chegada da Linha 20-Rosa ao ABC Paulista, cumprindo com enorme atraso a promessa de levar o metrô à região, tão condenada a uma mobilidade deficiente proporcionada por ônibus.

Também nesse período outro benefício para Santo André, a conexão da Linha 14-Ônix com a Linha 13-Jade em Bonsucesso (Guarulhos), criando um caminho sobre trilhos perimetral. Na soma das extensões, São Paulo ganhará 31 km a mais de trlhos.

Cenário de 2050 – 572 km de extensão (aumento de 7,7%)

Por fim, o cenário para 2050 em que a rede sobre trilhos paulista atingiria 572 km aproximadamente, incluindo apenas metrô e trens metropolitanos. A grande novidade é a estreia da Linha 16-Violeta, ligando Cidade Tiradentes à estação Parque da Mooca.

Ou seja, o ramal para onde começa a Linha 6-Laranja, ficaria com 25 km de extensão e sem adentrar a região central da capital. Junto à ele haveria a conclusão da Linha 15-Prata, também em Cidade Tiradentes, e da Linha 14-Ônix, que seguiria por dentro de Santo André até perto da divisa com São Bernardo do Campo, completando 39 km de extensão.

A última adição prevista é a Linha 5-Lilás indo de Chácara Klabin até Bom Pastor. Os mais atentos notarão que nesse mapa o ramal operado pela ViaMobilidade não chega até a estação Ipiranga, onde poderia se conectar às linhas 10-Turquesa e 15-Prata. A razão? Ninguém sabe.

Rede impressionante, cobertura irregular

O mapa final em 2050 mostra uma malha metroferroviária bastante densa, com 200 km a mais do que hoje. No entanto apresenta uma cobertura disforme que se concentra na região leste da capital e ignora boa parte do sul, oeste e norte.

Projetos importantes como as duas fases da Linha 17-Ouro, a segunda etapa da Linha 19-Celeste até a Zona Sul e a Linha 22-Marrom são ignorados nos mapas, um sinal preocupante.

No ABC Paulista, por sua vez, o “feudo” da Metra, concessionária que opera o Corredor ABD, permanece intocado. Não há trilhos em Diadema e nas regiões mais populosas de São Bernardo do Campo. Apenas uma passagem breve pelo extremo norte do município, um sinal de que a gestão pública parece mais preocupada em agradar grupos empresariais do que a população.

Nunca é demais lembrar que os mapas divulgados pelo governo são uma espécie de exercício de futurologia e quanto mais distante a previsão, menos precisa ela é.

Até 2050, portanto, teremos outras seis eleições estaduais e governantes que podem pensar diferente sobre esse tema. Seja para o bem ou para o mal.

 

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