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SC discute novo plano logístico e investimento em outros modais

12.12.2023 | | Notícias do Mercado

Fonte: NSC Total
Data: 09/12/2023

A busca por soluções para o gargalo de infraestrutura em Santa Catarina tem amadurecido entre autoridades e entidades de classe a necessidade de um novo plano estadual de logística e transportes. Trata-se de um estudo para o governo definir obras e políticas prioritárias na área. O último Pelt, como também é chamado, completou dez anos em 2023, com projetos inconclusos ou engavetados.

O plano é tido como ponto de partida para se buscar alternativas a médio e longo prazo ao modal rodoviário em Santa Catarina, que hoje concentra o transporte de cargas e tem deficiências históricas.

A necessidade sobre um novo plano apareceu como consenso em um recém-criado grupo de trabalho (GT) para debater projetos ferroviários em Santa Catarina, por iniciativa da Secretaria de Portos, Aeroportos e Ferrovias (SPAF). A ideia foi levada à Infra S.A., empresa pública especializada em estudos deste tipo e vinculada ao Ministério da Infraestrutura, que já devolveu um orçamento ao governo estadual.

— Estamos vendo a forma e a fonte de recurso para viabilizar isso. Eu acredito que até janeiro, logo no início do ano que vem, vamos estar sentados no GT junto do governador [Jorginho Mello] para definir a contratação desse Pelt, que é absolutamente importante para definir as prioridades de investimento em todos os nossos modelos de transporte — revelou o secretário Beto Martins, da SPAF, com exclusividade ao NSC Total.

Além da SPAF, o grupo de trabalho inclui outras secretarias estaduais, como a de Infraestrutura e a da Fazenda, entidades patronais de Santa Catarina, casos da Federação das Associações Empresariais (Facisc) e da Federação das Indústrias (Fiesc), e concessionárias das ferrovias e dos portos no estado, o que inclui a Rumo, empresa que opera três trechos da malha ferroviária catarinense.

O grupo também discute dois projetos de ferrovias que adotam um conceito de intermodalidade, de integração com portos e rodovias: um de 319 quilômetros que iria de Chapecó a Correia Pinto, para ligar o Oeste à malha nacional; e outro de 60 quilômetros de trilhos que iram de Navegantes a Araquari, para conectar o Complexo Portuário de Itajaí também à rede ferroviária do país.

O novo plano logístico levantado pelo grupo surge na sequência do Plano Aeroviário de Santa Catarina (Paesc), já em elaboração pelo Laboratório de Transportes e Logística da Universidade Federal de Santa Catarina (LabTrans) desde julho. A versão anterior para definir prioridades de investimento nos aeroportos do Estado era de 34 anos atrás.

Na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), a Comissão de Transportes, Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura tenta dar corpo ao tema com uma audiência pública prevista para ocorrer no início do próximo ano sobre projetos ferroviários no estado, em reforço à necessidade de achar alternativas.

— Perdemos competitividade, perdemos tempo, há riscos constantes de acidentes. É uma bola de neve que vai tendo diversos impactos — diz o deputado Antídio Lunelli (MDB), que preside a comissão, sobre a necessidade de recuperar rodovias e concluir obras em curso, mas também de incentivar novos modais.

Dependência do modal rodoviário aumenta custos

Santa Catarina é hoje dependente da malha rodoviária para importar, por exemplo, segundo cálculos da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural catarinense (Epagri), de 5 a 7 milhões de toneladas de milho e soja por ano, para alimentação de aves, suínos e gado leiteiro, em um mercado que gira R$ 7 bilhões, já que o estado é o segundo maior exportador de aves e o maior de suínos.

O insumo chega principalmente por caminhões do Centro-Oeste. O escoamento da produção também depende majoritariamente das estradas. O Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne) estima que toda a operação das agroindústrias de aves e suínos no estado exige 5.240 viagens de veículos de carga por dia. A mesma entidade calcula que as más condições das rodovias aumentam em 33% o custo logístico do setor.

Pesquisa mais recente da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostrou que mais de sete em cada dez quilômetros (71,9%) de rodovias pavimentadas no estado têm problemas, em cenário ainda pior do que o testemunhado in loco pelo NSC Total no ano passado, quando o índice era de 68,2%.