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Opinião – Destravar concessões de BRs e ferrovia é prioridade para desenvolvimento do ES

07.11.2022 | | Notícias do Mercado

Fonte: A Gazeta
Data: 07/11/2022

A corrida eleitoral chegou ao fim, mas ainda não é hora de desacelerar. Há uma longa estrada
a ser percorrida na busca por soluções para problemas antigos que atrapalham o
desenvolvimento econômico do Espírito Santo. Entre as barreiras que precisam ser
removidas com urgência estão os entraves relacionados a concessões federais no Estado,
sobretudo no setor de logística.
Desafios que devem ser encarados como prioridade não só pelo governador reeleito, Renato
Casagrande, mas também pela bancada federal capixaba em Brasília (DF).
Como já foi exposto neste espaço em outras oportunidades, o Espírito Santo está com suas
duas principais artérias rodoviárias obstruídas. Basta passar pelas BRs 101 e 262 para
perceber como a infraestrutura dessas rodovias parou no tempo. As melhorias dos anos
1970 para cá não acompanharam o ritmo de crescimento capixaba.
Para piorar, as concessões à iniciativa privada que poderiam ajudar a acabar com esse atraso
também viraram problema. Em julho, a Eco101 protocolou o pedido de devolução amigável
da concessão junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Já o leilão da BR
262 nem chegou a sair do papel, devido à falta de interessados. Situação que coloca em
xeque a urgente duplicação de duas vias fundamentais para o escoamento das riquezas
produzidas no Estado.
Sem a necessidade de enfrentar um período de transição até o início de um novo governo,
Renato Casagrande já aponta possíveis direções a serem seguidas para a solução desses
gargalos. Mas, dado o longo trabalho a ser feito, não é possível vislumbrar ainda se há luz no
fim desse túnel de ideias.
Entre as iniciativas anunciadas para o novo mandato, está um modelo de concessão para o
Estado assumir a administração da BR 101. Essa medida paliativa seria adotada durante os
trâmites burocráticos para o rompimento do contrato com a Eco101 e a elaboração de uma
nova licitação da rodovia. Ao mesmo tempo, o governador se comprometeu a pedir urgência
ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no andamento desse futuro processo de
concessão.
Na BR 262, o próprio governo federal jogou a toalha em relação às chances de concessão da
via à iniciativa privada. A solução seria realizar a duplicação com recursos próprios. O
problema é que não se sabe de onde virá o dinheiro para a obra, considerada cara devido ao
traçado sinuoso da rodovia.
Casagrande, por sua vez, ainda durante a campanha, apresentou a proposta de implantação
de um binário, ligando Viana a Marechal Floriano. Seria uma forma de amenizar o fluxo de
veículos na região, ante a falta de duplicação na 262. O projeto foi encomendado
ao Departamento de Edificações e Rodovias do Espírito Santo (DER-ES), mas novamente
pode esbarrar na falta de recursos.
Há outras concessões que também necessitam do empenho do governador e da bancada
federal para avançar. É o caso da malha ferroviária, mais um gargalo logístico que prejudica o
desenvolvimento capixaba.
Nesse pacote está a prorrogação antecipada do contrato de concessão da Ferrovia CentroAtlântica (FCA), que passa por sete estados, inclusive o Espírito Santo, além do Distrito
Federal. Com a renovação, são estimados investimentos da ordem de R$ 13,8 milhões.
Recursos que poderão ser empregados na construção do Contorno da Serra do Tigre, em
Minas Gerais, um projeto de cerca de 450 quilômetros de ferrovia, que reduziria os custos de
transporte entre o Centro-Oeste e o Estado.
A lista de pendências é grande e, algumas delas, arrastam-se há décadas. Não há mais
tempo a perder. Enquanto esses gargalos não forem resolvidos, o Espírito
Santo permanecerá refém de uma infraestrutura logística defasada, que atrofia a sua ligação
terrestre com outros Estados. E seguirá sendo ultrapassado ainda na largada da corrida pela
atração de investimentos. Sem capacidade de competir, o resultado final será um
crescimento econômico aquém do potencial que tem.