24.08.2018 | ABIFER | Não categorizado
O Brasil precisa estimular o capital privado para investir em infraestrutura se quiser que a economia deslanche, opina José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Em apresentação no Congresso Aço Brasil 2018, ele ressaltou que a iniciativa privada será essencial no atual momento de poder público estrangulado.
Martins citou dados do Banco Mundial de uma média que costuma ser considerada o necessário para manter a infraestrutura existente. Em geral, investir 3% do Produto Interno Bruto (PIB) é suficiente para essa manutenção.
Por outro lado, para estimular o crescimento econômico em cerca de 4%, considera-se o nível de 5% do PIB em investimentos.
“No ano passado, investimos só 1,4%. Se investíssemos os 5%, poderíamos ter gerado 1,7 milhão de empregos diretos e quase 1 milhão de indiretos”, comentou o presidente do CBIC. “Só de obras paralisadas, estamos perdendo 0,65% de PIB potencial para os próximos anos, ou cerca de R$ 42,4 bilhões anualmente.”
Historicamente, lembra Martins, a elasticidade do PIB da construção em relação à economia nacional é alta. Quando há recessão, é porque a construção caiu mais rápido; no crescimento, o setor dispara mais. Agora, no entanto, sem recursos governamentais para investir, a construção “andou de lado”.
Ao conversar recentemente com os candidatos à Presidência da República, o CBIC tentou argumentar que dificilmente o próximo governo conseguirá passar as reformas estruturais que são consideradas necessárias para um novo ciclo de desenvolvimento se não resolver o emprego. E a construção, disse Martins, pode ajudar nesse sentido.
Mas, acrescentou, para isso é necessário além do apoio público para parcerias, por exemplo, algumas medidas que poderiam estimular o investimento. Entre elas, Martins elenca a segurança e estabilidade jurídica, maior concorrência bancária para concessão de crédito mais barato, planejamento e estímulos ao capital privado.
“Um dos principais gargalos do Brasil é o planejamento. Não existe perspectiva de longo prazo e investidores com quem converso reclamam disso”, comentou no evento Paul Procee, líder do programa de infraestrutura e desenvolvimento sustentável para o Brasil no Banco Mundial. “Fazer plano em cada governo é fácil. O que é necessário é uma política de Estado com maior permanência.”
Fonte: Valor Econômico
Data: 22/08/2018