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Obra bilionária do Metrô de SP atrai construtoras

14.07.2025 | | Notícias do Mercado

Fonte: Valor
Data: 11/07/2025

O Metrô de São Paulo planeja realizar neste mês uma licitação bilionária para a construção da Linha 19-Celeste, entre o centro da capital e Guarulhos. A obra foi dividida em três lotes, com previsão de licitação em 22, 23 e 24 de julho – cada bloco em um dia.

Fontes do setor afirmam que este deverá ser o maior projeto de construção do país e, por isso, tem movimentado fortemente o mercado. Pelo mesmo motivo, grupos também já apontam possíveis questionamentos à concorrência.

Construtoras nacionais e estrangeiras estão analisando a licitação, segundo fontes. Entre elas, a Acciona com a Construcap, a Mendes Júnior com a Power China, a Sacyr com a Engibras, a Andrade Gutierrez, a Álya (Queiroz Galvão) e a OHLA. Ao menos quinze grupos já participaram de visitas técnicas para o projeto.

O valor previsto da obra não é divulgado pelo Metrô para não influenciar a licitação, que tem o menor preço como critério, mas o projeto total é estimado em ao menos R$ 20 bilhões – considerando não só obras, mas também sinalização e compra de trens, que serão contratados futuramente.

Porém, há perspectiva de que questionamentos possam comprometer as datas. A pedido do setor privado, o Metrô já adiou a entrega de propostas em 45 dias, porém alguns grupos ainda veem o prazo como exíguo demais.

Entre as preocupações apontadas por fontes, que pediram anonimato, estão a incerteza em relação ao financiamento das construtoras e também sobre qual será a real disponibilidade de recursos públicos para a obra até 2031.

Segundo fontes, a questão financeira é central pelo porte dos contratos e porque as empresas terão de desembolsar um valor elevado no início, para mobilizar o “tatuzão” (equipamento que faz a escavação dos túneis), mas só receberão depois de um período longo. Para um ator do setor privado, o modelo favorece construtoras estrangeiras, que têm acesso a financiamento fora do país, mais barato.

Segundo Torres, os recursos para a construção deverão vir do orçamento do Estado, que não tem problemas de caixa. “Neste ano, já tem R$ 400 milhões reservados a desapropriações. Para 2026 também deverá haver uma reserva no orçamento”, disse. “Temos um planejamento forte do Metrô e não tem faltado dinheiro para cumprir o cronograma das obras.”

Sobre o financiamento, ele afirmou que não há uma linha previamente negociada, mas que instituições como o Banco Mundial e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) têm apoiado as obras do Metrô. “Temos tido bancos como parceiros, principalmente o BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento], o BIRD [Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento] e o BNDES.”

Sobre a necessidade de ajustes nas planilhas, Torres afirmou que o Metrô avalia o projeto como aderente, mas que há espaço para revisões. “O contrato tem mecanismos para ajustes, caso haja justificativa. Não vejo como uma dificuldade para a contratada não participar.” Em relação às atestações, ele diz que houve um cuidado para que os requisitos não deixassem de fora nenhum grupo que já atua em obras do Metrô, e que foram seguidas súmulas do tribunal de contas.

Procuradas, OHLA, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão preferiram não comentar. A Acciona disse que “está constantemente analisando oportunidades que estejam alinhadas à sua estratégia de negócios”. Sacyr, Engibras, Construcap e Mendes Júnior não responderam. A reportagem não obteve contato com a Power China.

Ao ser perguntado sobre o risco de a construção repetir o histórico de atrasos, Torres disse que o projeto tem planejamento estruturado e recursos disponíveis. “Os atrasos do passado não foram necessariamente causados por falta de planejamento. À época da Operação Lava-Jato, fomos fortemente impactados por contratadas que não conseguiram performar.” Além disso, ele afirmou que a divisão da obra em três blocos dará celeridade, porque serão três “tatuzões” trabalhando simultaneamente.

A licitação para as obras da Linha 19 ocorre em paralelo a estudos do governo para uma futura concessão do trajeto, que poderá se dar em bloco com uma linha já existente. A previsão da Secretaria de Parcerias de Investimentos é concluir os estudos da concessão e lançar a consulta pública no segundo semestre de 2025.

Devido à perspectiva de concessão da linha, ainda está em aberto como será a contratação das demais etapas do projeto. A possibilidade, afirmou Torres, é que a linha 19 siga o mesmo modelo feito na Linha 4-Amarela, em que as obras foram feitas pelo Estado e depois a concessão da operação foi feita juntamente com o serviço de sinalização e a compra dos trens.