01.07.2021 | ABIFER | Notícias do Mercado
Fonte: Revista Logística e Transporte Publicação Oficial do Conselho Empresarial de Logística e Transporte da Associação Comercial do Rio de Janeiro Número 1 – Maio 2021 - Páginas 30 e 31
Por Rosa Maria Cassar de Oliveira*
Trabalho e planejamento explicam boa parte dos resultados positivos conquistados por empresas ou segmentos empresariais. A história ferroviária no Brasil é um exemplo claro de como esta máxima se aplica no dia a dia. Nos anos 1990, o processo de privatização da então Rede Ferroviária Federal S.A. distribuiu o desafio de alavancar o transporte ferroviário de cargas entre diversas empresas que detinham a concessão, em um modelo que as obrigava a manter elevados padrões de produtividade e segurança.
Uma dessas empresas, criada em dezembro de 1996, foi a MRS – acrônimo para Malha Regional Sudeste –, mas que também é conhecida por muitos como a empresa de logística ferroviária que atua nos estados de Minas, Rio e São Paulo.
Quase trinta anos depois, a MRS é um exemplo claro do sucesso que este modelo trouxe para a ferrovia. Atualmente, apenas 24 anos depois da sua criação, a MRS transporta quase quatro vezes mais carga do que em 1996. A empresa transporta 20% das exportações brasileiras, opera com níveis de segurança similares aos das principais ferrovias de carga do mundo, e diversificou bastante seu mix de cargas transportadas, atingindo, em 2019, aproximadamente, 40% de Carga Geral – produtos industrializados em contêineres, agrícolas, insumos para a construção civil, entre outros itens.
Agora, como próximo passo para dar continuidade e ainda ampliar os resultados alcançados pela MRS, a empresa está negociando com a União a renovação antecipada da sua concessão. A renovação das concessões ferroviárias em todo o País é um instrumento previsto nos contratos dos anos 1990 e que, posteriormente, foi reforçado por legislação e normas do setor. As renovações se darão mediante contrapartida de investimentos obrigatórios pelas concessionárias e não é diferente no caso da MRS. Os investimentos darão início a um novo ciclo de desenvolvimento do setor ferroviário nacional.
E esses benefícios estarão presentes também no Estado do Rio de Janeiro. O Plano de Negócios da MRS, que foi construído com a participação popular em Audiências Públicas, prevê os investimentos obrigatórios a serem realizados pela empresa até 2056. Neste momento, o documento está em análise por parte do Ministério da Infraestrutura e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e existe a expectativa de que seja encaminhado para o Tribunal de Contas da União (TCU) ainda no 1º semestre deste ano.
Ainda que os projetos estejam sob análise, podemos afirmar que o Estado do Rio de Janeiro receberá uma parcela significativa dos investimentos, contribuindo para o fortalecimento da Rosa Maria Cassar de Oliveira logística do Estado. O Plano de Investimentos da MRS é baseado em três pilares: expansão de capacidade e melhoria de desempenho da matriz logística brasileira, obras de interesse público e conflitos urbanos.
O Estado do Rio ganhará um polo intermodal na cidade de Queimados, na Baixada Fluminense, a ampliação dos acessos ferroviários ao Porto do Rio e investimentos em 15 municípios do Estado com foco na mitigação de conflitos urbanos entre a ferrovia e as comunidades locais. Estamos falando aqui de obras como a construção de viadutos, passarelas, vedação da linha férrea e revitalização de passagens em nível.
O Terminal Intermodal de Queimados terá capacidade de armazenar 1.700 contêineres. Sua localização é estratégica, próximo à Rodovia Presidente Dutra e ao Arco Metropolitano, a 53 km do Porto do Rio, via ferrovia.
Os investimentos darão início a um novo ciclo de desenvolvimento do setor ferroviário nacional.
Um outro ponto a destacar é o projeto de levar acesso ferroviário ao Polo Siderúrgico de Resende, com a construção de uma ponte ferroviária sobre o Rio Paraíba do Sul, em Resende, e ampliação da linha férrea até o pátio das usinas. Somente esta ação, tem o potencial de trazer 1,5 milhão de tonelada de carga para a ferrovia, tornando mais eficiente o escoamento da produção do polo siderúrgico, hoje, totalmente dependente do modal rodoviário.
A atenção dada aos acessos ferroviários ao Porto do Rio é crucial para o Estado, para a Cidade e também para a MRS. O volume movimentado de carga pelo porto cresceu 15% entre 2015 e 2019, mas o potencial é muito maior. A ferrovia renovada e ampliada será uma aliada nesse processo de crescimento do porto carioca, auxiliando na construção de processos mais rápidos de chegada e escoamento de cargas.
A renovação antecipada da concessão da MRS vai muito além dos interesses da empresa. Seus benefícios serão percebidos pela população de diversos municípios, clientes, colaboradores, autoridades públicas e por players do setor de transportes. O Estado do Rio integra uma das mais ricas regiões do Brasil e é essencial para a logística nacional. Nada mais justo do que receber recursos que o ajudarão a manter o protagonismo alcançado até aqui. Vamos juntos!
*Rosa Maria Cassar de Oliveira, Gerente-Geral de Relações Institucionais da MRS Logística S/A e Membro do Conselho Empresarial de Logística e Transporte da Associação Comercial do Rio de Janeiro.