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Captação de cargas

16.12.2021 | | Notícias do Mercado

Fonte: Revista Ferroviária Edição Setembro/Outubro – 2021

Rumo planeja novos terminais para ampliar a movimentação agrícola na Malha Central

Depois de inaugurar os terminais de São Simão e Rio Verde, ambos em Goiás, a Rumo planeja novas estruturas de transbordo e armazenagem em outras regiões. O objetivo é ampliar o volume de carga transportada na Malha Central (trecho da Ferrovia Norte-Sul entre Porto Nacional-TO a Estrela D’Oeste-SP), que hoje gira em torno de 400 mil toneladas de grãos/mês, segundo dados da ANTT.

O Sul de Tocantins será o destino do próximo terminal a ser anunciado pela operadora, afirma o diretor comercial de grãos das Operações Norte e Central, Altamir Perottoni. Ele não revela a cidade, mas a ideia é atender à demanda agrícola de regiões próximas a Gurupi, Figueirópolis e Alvorada. “Queremos fincar uma bandeira da Rumo no estado do Tocantins”, diz o executivo. O Norte de Goiás, precisamente a cidade de Uruaçu, também deverá ser contemplada com um novo ponto de captação de cargas, que vão desde grãos, milho e farelo até minérios, como bauxita.

“Temos projetos avançados com parceiros e clientes, para viabilizar esses terminais. Obviamente, estamos sempre olhando os projetos ferroviários e ali é um ponto importante. No Norte de Goiás, temos, em Mara Rosa, a conexão da Malha Central com a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico). No Sul de Tocantins, em Figueirópolis, teremos a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). A posição dos nossos terminais leva em conta a demanda, onde está a produção e o escoamento, mas também a logística”, ressalta Altamir.

A operação da Malha Central começou no início de março deste ano, com trens de grãos, milho e farelo descendo de São Simão até Estrela D’Oeste, onde adentra a Malha Paulista em direção ao Porto de Santos. Nesse trecho, o foco de atendimento são as regiões Sul e Sudoeste de Goiás, cuja carga é levada inicialmente para o terminal de São Simão. Embora construído pela Rumo em parceria com a Caramuru, a estrutura é bandeira branca (aberta a todos os clientes).

No fim de julho, foi a inaugurada a segunda etapa da ferrovia, dessa vez chegando até Rio Verde, onde foi erguido pela operadora um terminal de R$ 400 milhões, com capacidade de 10 milhões de toneladas de grãos por ano. O projeto foi pensado para atender não só o estado de Goiás como o Leste de Mato Grosso e Vale do Araguaia, onde segundo Altamir, a produção agrícola anual está girando em torno de 12 milhões de toneladas. Atualmente, a carga vinda de Mato Grosso por meio de caminhões já representa metade do que é transportado na Malha Central.

Obras continuam

O trecho hoje em operação na Malha Central, entre Rio Verde e Estrela D’Oeste, tem 381 km. A extensão representa pouco mais de um quinto do tamanho total da ferrovia concedida à Rumo em 2019, com 1.537 km. Olhando para o Norte, a concessionária ainda tem uma rotina de obras pela frente, pelo menos até o primeiro semestre de 2022, quando espera concluir o trecho de 280 km entre Rio Verde e Ouro Verde de Goiás (próximo a Anápolis).

Finalizada essa via, a ferrovia alcançará 100% de capacidade operacional. De Anápolis a Porto Nacional, a infraestrutura já foi entregue pronta à Rumo pela Valec. Embora concluído, o trecho ainda não registrou movimentação de cargas. “O que existe são trilheiros da VLI, ou seja, trens que levam trilhos para Carajás e que percorrem aquela região no direito de passagem. É essa a operação que temos hoje lá”, explica Altamir.

A linha que vai de Anápolis a Porto Nacional deverá ser ocupada, a princípio, com contêineres da Brado, que vem condicionado a sua estreia na Malha Central à finalização das obras do terminal de Imperatriz, no Maranhão. A operadora logística da Rumo também firmou parceria com o terminal de contêineres do Porto Seco de Anápolis.

Já o fluxo pesado de cargas, ou seja, de grãos em direção ao Porto de Santos, deve ser iniciado no primeiro semestre do ano que vem entre Anápolis e Estrela D’Oeste. As restrições de movimentação no trecho estão atreladas às condições da via, que precisou passar por ajustes. Segundo a Rumo, até o final de 2021 serão trocados 20 mil dormentes de concreto somente entre Ouro Verde de Goiás e Porto Nacional. Já entre Anápolis e Estrela D´Oeste os dormentes foram avaliados, e nenhum ainda precisou ser substituído, avaliou a concessionária.

“Uma obra desse porte, que não tem operação plena e não passou por uma manutenção ativa precisa de diversos ajustes. Inclusive, no trecho já operacional, houve problemas de drenagem, estamos fazendo toda recapacitação da via para que possamos operar em plenitude. Na forma como a gente encontrou, teríamos limitação de velocidade em alguns trechos”, diz.

A velocidade dos trens na Malha Central hoje é de 60 km/hora. As composições que circulam por lá, assim como as que descem de Rondonópolis (MT) pela Malha Norte até Santos, são compostas por 120 vagões desde o ano passado (antes eram 80). Os trens hoje operam dos terminais de São Simão e Rio Verde levando grãos até o porto, voltam vazios ou com fertilizantes (nesse caso, seguem em direção a Rondonópolis, onde há uma estrutura para descarregamento do insumo). De São Simão a Santos, o trem leva aproximadamente 63 horas; já de Rondonópolis a Santos, são cerca de 84 horas de viagem.

Em breve, a Rumo vai inaugurar, segundo Altamir, um terminal de transbordo e mistura de fertilizantes em Rio Verde, para aproveitar a chamada round-trip (ciclo completo, ou seja, quando o trem desce com grãos e retorna com fertilizantes). As obras estão em andamento pela Rumo em parceria com a Andali (joint venture da cooperativa americana CHS e da BRFértil). A planta deverá ficar pronta no primeiro semestre de 2022.

“O caminhão que vem lá do leste do Mato Grosso ou do estado de Goiás, vai para o terminal de Rio Verde e volta levando os fertilizantes, então a competitividade não está só no escoamento do grão, mas também no recebimento do seu insumo”, diz Altamir, acrescentando que Rio Verde também deverá receber uma base para combustíveis, para gasolina e diesel provenientes da refinaria de Paulínia (SP) e biocombustíveis dos produtores agrícolas da região.