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Codesa inicia novos projetos e passa a se chamar Vports

16.02.2023 | | Notícias do Mercado

Fonte: Valor Econômico
Data: 16/02/2023

A Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo), que há cinco meses passou a ser controlada por uma operadora privada, deu largada aos planos de reforma interna do porto. Entre as intervenções pretendidas está a retomada da operação de produtos agrícolas e fertilizantes no Porto de Vitória, a expansão do terminal de contêineres, assim como novos projetos de petróleo e energia nas áreas inexploradas de Barra do Riacho. Além disso, a empresa definiu seu novo nome, que passa a ser Vports.

“Há diversas conversas em curso para projetos novos. Nosso foco é promover uma maior especialização. Hoje o porto é multi propósito, e temos apenas um berço dedicado, para contêineres. Os demais berços operam vários tipos de carga.

Queremos instalar operadores especializados e dar mais produtividade”, afirma o presidente, Ilson Hulle.

Um dos principais objetivos é trazer de volta o agronegócio ao porto capixaba. O primeiro passo foi dado nesta semana, com a assinatura de um memorando de entendimentos com a VLI, com objetivo de retomar o fluxo ferroviário, de forma regular, entre o porto e a Estrada de Ferro Vitória Minas (da Vale, na qual a VLI opera por direito de passagem).

Para áreas greenfield do porto, foram iniciadas negociações para projetos de petróleo, gás e energia elétrica

A ideia seria – por meio de investimentos compartilhados, estimados em R$ 200 milhões – reformar o ramal de acesso já existente, assim como as estruturas internas do porto. Os estudos apontam um potencial de elevar em 5 milhões de toneladas o fluxo de granéis sólidos minerais e vegetais na região, até 2025. A ideia é iniciar as obras em 2024.

Além do acordo com a VLI, a Vports vem negociando com operadores a estruturação de terminais destinados a cargas do agronegócio e fertilizantes. Para isso, estão previstas obras como a recuperação de galpões, moegas e correias transportadoras, além da destinação de um ou dois berços dedicados a essas cargas.

“Isso vai fazer com que o frete seja reduzido, acreditamos que será possível atrair cargas que hoje vão para outros Estados, afirma Hulle. As obras, que são em boa parte obrigatórias pelo contrato de concessão, deverão ser realizadas até 2025.

Outra discussão em curso é a ampliação da operação de contêineres já existente no porto. “É algo que traria muito valor para o Estado, que precisa buscar mais capacidade”, diz o presidente.

Dentro do plano de promover uma maior especialização das atividades, ele também cita projetos nos segmentos de combustíveis sólidos, carvão, entre outros. “Para esses planos não há um prazo definido em contrato, mas meu maior interesse é botar os terminais de pé o quanto antes, para retirar ociosidade dos portos.”

Já no caso dos cerca de 600 mil m2 de áreas inexploradas no porto de Barra do Riacho, a projeção é que os planos caminhem mais lentamente, devido à necessidade de licenciamento ambiental para iniciar as construções desde o zero. Hoje, a perspectiva da Vports é destinar o local para projetos de petróleo, gás e energia.

“Entendendo que a vocação desse ativo segue esse viés. Neste caso o desafio maior, mas temos interessados em estudar o assunto de forma intensa e rápida. Já estabelecemos uma negociação, estamos em vias de assinar memorandos de interesse para desenvolver projetos nessas áreas.”

Internamente, a Vports também tem passado por reestruturações relevantes, para migrar sua estrutura estatal à realidade do setor privado. Foi aberto um PDV (Plano de Demissão Voluntária), e um primeiro grupo já irá se desligar no fim de fevereiro. Segundo o presidente, com o ritmo de adesões, a empresa acredita que o programa pode chegar a 50% dos atuais colaboradores. Porém, não há meta de adesão.

“Hoje vivemos um desafio de modernização, de rejuvenescimento do quadro de funcionários para uma empresa que exige agilidade. A Codesa é a única autoridade portuária concedida, sabemos que é um modelo que passará por observação e que temos a responsabilidade de dar certo”, afirma João Nogueira Batista, que no fim de 2022 assumiu a presidência do conselho de administração da Vports.

Hoje, a equipe está criando, praticamente do zero, uma estrutura de governança baseada no modelo privado, com procedimentos de compliance e comitês para apoiar a diretoria também na execução do plano de negócios, afirma Batista. “Há toda uma mudança cultural a ser feita. Estamos trocando o pneu com carro andando”, diz.

A composição do conselho, que já tem quatro integrantes – dois independentes e dois indicados pela acionista Quadra Capital -, deverá ficar completa com a indicação de Natália Marcassa, ex-secretária-executiva do Ministério de Infraestrutura, no governo de Jair Bolsonaro (PL).

A Codesa foi a primeira – e até este momento, a única – companhia docas a passar por uma privatização no país. A licitação foi feita em março do ano passado, e a nova administração assumiu a concessão dos portos de Vitória e Barra do Riacho em setembro.