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“É uma vergonha o Brasil importar trilhos”, diz Lula

06.07.2023 | | Notícias do Mercado

Fonte: Revista Ferroviária
Data: 04/07/2023

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que “é uma vergonha o Brasil importar trilhos com a quantidade de minério de ferro e siderúrgica que existe no país”, em seu discurso durante o ato simbólico de início das obras de conclusão da Fiol 1 (Ilhéus-Caetité, na Bahia), que aconteceu ontem (dia 3, segunda), em Ilhéus. O evento, organizado pela mineradora Bamin, concessionária do trecho, contou também com a presença do ministro-chefe da Casal Civil, Rui Costa, do ministro dos Transportes, Renan Filho, do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, entre outras autoridades.

“Há 40 anos, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) fabricava trilhos, hoje não fabrica mais. Criamos a maior fábrica de dormentes do mundo quando começamos a construir a Transnordestina e hoje ela está parada. Quando começamos a fazer esse trecho da Fiol, em 2010, o país não tinha mais engenheiro ferroviário. Isso tudo é um desafio para nós”, disse Lula, fazendo uma espécie de mea culpa:

“Não estou chamando a atenção de vocês, mas sim do senhor Luiz Inácio Lula da Silva, presidente desse país. É uma vergonha o Brasil importar trilhos, enquanto poderia estar sendo produzido aqui para gerar mais emprego e oportunidade de crescimento e cidadania para o nosso povo”, ressaltou. Lula afirmou ainda que a obra da Fiol entrará no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que, segundo ele, deverá ser lançado agora no mês de julho. “É de interesse da soberania nacional fazer essa (Fiol 1) e outras ferrovias, para termos um país competitivo como qualquer outro do mundo”.

Lula fez ainda um apelo para que o trecho 1 da Fiol seja finalizado em 2026, dentro do período do seu mandato. A Bamin tem afirmado que o prazo de conclusão da ferrovia ficou para 2027. “Parem de dizer que vão entregar em 2027. Façam hora extra, trabalhem final de semana, para que a gente possa inaugurá-la logo”.

O trecho 1 da Fiol foi concessionado à Bamin em abril de 2021. Foram dois anos de estudos e diligências do ativo para que então a empresa desse início às obras de finalização da ferrovia. Em abril deste ano foi assinado com o consórcio TCR-10 (Tiisa e a chinesa Crec-10) o contrato para as obras do lote 1F, de 127 km, passando pelos municípios de Ilhéus, Uruçuca, Ubaitaba, Gongogi, Itagibá, Aurelino Leal e Aiquara. O contrato está avaliado em R$ 1,1 bilhão. O trecho 1 tem no total 537 km e foi entregue para concessão pela Valec com 70% das obras concluídas.

A edição Maio/Junho da Revista Ferroviária traz uma reportagem completa sobre as obras na Fiol.

Durante o evento, a Bamin assinou cartas de intenção com o Banco do Nordeste e com o BNDES para avaliação de financiamento para o projeto integrado da mineradora, que inclui, além da ferrovia, a construção de um porto em Ilhéus e o escalonamento da produção na mina Pedra de Ferro, em Caetité. A obtenção de financiamento para o projeto, que tem custo total estimado em R$ 20 bilhões, é um dos desafios da empresa para os próximos anos.

Fiol até Mara Rosa

Os ministros Rui Costa e Renan Filho afirmaram em seus discursos que a Fiol 3 deverá ligar Barreiras (BA) a Mara Rosa (GO), onde fará integração com a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) e com a Ferrovia Norte-Sul. No projeto original esse trecho da ferrovia sairia de Barreiras em direção a Figueirópolis (TO), onde se conectaria com a Norte-Sul. Em entrevista para a Revista Ferroviária, em abril deste ano, o secretário de Transporte Ferroviário do ministério dos Transportes, Leonardo Ribeiro, disse que a escolha do trajeto da Fiol 3 poderia ficar por conta do futuro concessionário, assim como sua construção. A ideia da pasta é concessionar num bloco único Fico e Fiol (trechos 2 e 3). A Fiol 2, de 485 km, está em obras pela estatal Infra SA.