06.07.2023 | ABIFER | Notícias do Mercado
Fonte: Portal Metrô CPTM Data: 06/07/2023
Cronograma obtido por este site (Portal Metrô CPTM) mostra que plano é lançar edital em março de 2025 e assinar contrato com futuro concessionário até agosto daquele ano.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) está levando à frente o plano de desestatizar a Companhia do Metrô de São Paulo. A despeito de informações ainda pouco claras da atual administração, um documento a que este site teve acesso detalha o cronograma do projeto, que tem como objetivo assinar contrato com um futuro concessionário em agosto de 2025.
Embora a descrição cite em alguns trechos que a privatização da companhia é uma possibilidade, o governo estabeleceu o mês de setembro como uma espécie de “marco zero” do projeto de repasse do Metrô à iniciativa privada.
Inclusive, quando argumenta sobre a escolha da Linha 19-Celeste ou Linha 20-Rosa para uma Parceria Público-Privada, a gestão Tarcísio inclui o cenário da “privatização do Metrô”.
“Metro Linhas 19 ou 20 e/ou desestatização+extensão Linha 2+investimentos Linha 15 (a ser estudado, de acordo com evolução de investimentos em andamento)”, diz o escopo do chamado Lote 4 de projetos de mobilidade urbana sobre trilhos.
O documento não traz um detalhamento sobre o que o governo pretende oferecer a iniciativa privada. Além das quatro linhas hoje sob gestão do Metrô, a empresa possui propriedades, contratos com terceiros e serviços que não se sabe se entrariam no pacote.
Em declaração recente, Tarcísio de Freitas afirmou que a Companhia do Metropolitano teria uma mudança de papel, focada na gestão de projetos. Essa é uma parte importante, porém, pequena se comparada a todas as atividades que hoje ela exerce.
Siga o MetrôCPTM nas redes: Facebook | LinkedIn | Youtube | Instagram | Twitter
O texto do documento, no entanto, cita claramente que a companhia seria “desestatizada”, ou seja, não se diz aqui que ela terá seus ativos concedidos e sim a empresa em si passaria a ter seu controle ou totalidade nas mãos da iniciativa privada.
O projeto segue a linha “privatista” do governador, que tem defendido essa estratégia como forma de melhorar a administração pública no estado. Assim como o Metrô, também a CPTM deve ter seus ramais repassados nos próximos anos.
A despeito do cronograma ousado, de apenas dois anos, é bastante difícil acreditar que ele possa ser cumprido à risca. O atual mandato termina em dezembro de 2026 caso Tarcísio não decida partir para a reeleição, portanto, trata-se de um processo com grandes chances de interferências, ainda mais pelo potencial de criar polêmica na sociedade. Afinal, o Metrô é uma das empresas públicas mais bem avaliadas pelo público.
Por outro lado, o Metrô tem acumulado prejuízos volumosos por conta da queda na arrecadação tarifária, causada pela redução da demanda e também do congelamento do valor da passagem. A empresa tem tido dificuldade em cortar custos também mesmo tendo reduzido o quadro de funcionários nos últimos anos.
O esquema de arrecadação acertado pelo estado e a prefeitura de São Paulo também dificulta o faturamento já que é preciso passar por uma câmara de compensação em que as concessionárias como ViaQuatro e ViaMobilidade têm prioridade em receber suas parcelas. Esse “clube” vai crescer com a entrada da LinhaUni (Linha 6-Laranja) e futuramente da Linha 17-Ouro (também a ser operada pela ViaMobilidade).
Com todo o sistema metroferroviário concedido, será preciso destinar recursos bastante grandes para pagar as tarifas de remuneração de todas as concessionárias já que é pouco provável que a tarifa no transporte seja reajustada para compensar as perdas do passado.
Certamente, esse quebra-cabeça vai exigir muitos estudos daqui em diante, caso a privatização do Metrô siga em frente.