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Metrô de SP vai ao mercado de capitais

04.11.2021 | | Notícias do Mercado

Fonte: Valor
Data: 03/11/2021

O Metrô de São Paulo, estatal paulista, se prepara para fazer sua primeira emissão de debêntures, no valor de R$ 400 milhões. A ideia é que este seja o passo inicial da companhia paulista no mercado de capitais, segundo o presidente, Silvani Pereira. “Estamos preparando a empresa para ter acesso ao mercado, tal como grupos como a Sabesp [Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo] têm rotineiramente. A emissão será uma experiência para que tenhamos outras oportunidades de capitalização”, afirma.

Simultaneamente à emissão, o Metrô deverá fazer o pedido de registro de companhia aberta na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), na categoria B – na qual não há negociação de ações.

A companhia contratou um consórcio de bancos e uma agência de avaliação de risco para apoiar a operação, diz Pereira. Na primeira quinzena de novembro, será convocada uma assembleia geral extraordinária, para dar o aval final à oferta, já aprovada pelo conselho de administração.

Será uma emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações. A oferta será restrita (nos termos da instrução CVM 476), destinada a investidores profissionais, em número limitado. As condições específicas ainda serão definidas, mas a expectativa é que o prazo dos títulos seja médio – inferior a oito anos.

Para o presidente, a situação complicada da companhia, decorrente dos impactos da pandemia, e o ano eleitoral, que traz incertezas quanto ao futuro da estatal, não serão barreiras. A empresa deverá fazer uma estrutura de garantias de pagamento baseada nas receitas futuras do Metrô. “Acredito que a questão da segurança não será uma dificuldade”, afirma Pereira.

O Metrô de São Paulo tem acumulado prejuízos nos últimos anos. Em 2020, com o efeito da queda brusca na movimentação de passageiros, o resultado negativo foi excepcional, um rombo de R$ 1,7 bilhão. Mesmo antes da pandemia, a empresa vinha no vermelho. O último lucro líquido foi registrado em 2014.

Desde 2019, quando a atual gestão assumiu, a companhia vem buscando ajustes nos balanços contábeis e cortes de gastos operacionais, para equacionar a situação e preparar a empresa para o futuro acesso ao mercado de capitais, diz Pereira. Porém, o impacto da covid-19 foi extremamente duro para a empresa, tal como todo o setor de mobilidade urbana.

Hoje, o Metrô ainda registra uma movimentação cerca de 40% abaixo do patamar anterior à pandemia e, neste ano, ainda deverá registrar prejuízo superior a R$ 1 bilhão. A projeção é que a demanda ainda seguirá abaixo do normal ao longo do próximo ano. A retomada aos níveis pré-pandêmicos viria apenas em 2023 – ano em que a companhia deverá voltar a gerar lucro e, assim, poderá começar a amortizar o principal da dívida, diz ele.

Para o presidente do Metrô, a emissão de debêntures não será um movimento isolado. O objetivo é ganhar credibilidade no mercado para, futuramente, fazer outras ofertas e, eventualmente, utilizar mecanismos inovadores para também viabilizar projetos de novas linhas.

Uma primeira experiência nesses moldes poderá vir com a Linha 20-Rosa – um empreendimento ainda no papel, que futuramente poderá conectar a zona oeste da capital a Santo André, cidade da região metropolitana.

A companhia deverá contratar um assessor para estudar soluções criativas de financiamento desse projeto, que poderão incluir o acesso ao mercado de capitais. “Vamos avaliar quais os modelos de concessões e parcerias para os quais o setor privado demonstraria apetite. Estamos discutindo equações inovadoras. Mas, para isso, temos que ter ‘rating’ da companhia, solidez e credibilidade do mercado.”