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ABIFER na mídia – Novos trens para o Metrô SP

02.06.2022 | | Notícias do Mercado

Fonte: Revista Ferroviária
Edição: março/abril de 2022

Após 10 anos de hiato na compra de trens, o Metrô de São Paulo, junto com a secretaria dos Transportes Metropolitanos do estado, anunciou que o edital de licitação para a aquisição de 44 novas composições deve ser lançado ainda este ano. Os trens estão previstos para operar na Linha 2-Verde – que está em obras de extensão até a Penha, com 8,4 km e oito estações – e também como reforço para as frotas das linhas 1-Azul e 3-Vermelha. Em audiência pública realizada no último dia 17 de março, o diretor de Operações da companhia, Milton Gioia, apresentou as especificações técnicas do projeto, que prevê trens totalmente automatizados, sem cabine nem condutor.

Gioia afirmou que o projeto pretende conferir mais eficiência à operação e uma melhor oferta do serviço aos usuários. Isso porque, segundo ele, os novos trens deverão ser mais confortáveis, eficientes e sustentáveis, possibilitando melhor desempenho com uma economia de até 10% no consumo de energia, menos necessidade de manutenção e redução no intervalo entre trens. Ele também contou que uma das novidades do projeto é a inclusão, em três das 44 composições, de um sistema de monitoramento para inspecionar e monitorar a via permanente. Outra novidade será a inclusão de tomadas USB nos carros – cada um com oito unidades de duas entradas.

Segundo a companhia, depois de concluída a licitação e assinado o contrato com a empresa vencedora, a previsão é de que o primeiro trem seja entregue em 21 meses, com os demais chegando gradativamente nos anos seguintes, inclusive para atendimento ao novo trecho da Linha 2, cuja meta do governo do estado é entregar em 2026. Será a primeira encomenda de trens pelo Metrô desde 2011, quando foi adquirida a frota P (26 trens fabricados pela CAF), hoje sob operação da ViaMobilidade na Linha 5-Lilás, e os monotrilhos da Linha 15-Prata (27 produzidos pela Bombardier, entregues entre 2012 e 2014). No início deste ano, o Metrô de SP retomou a encomenda de 19 monotrilhos para a Linha 15, que já estavam previstos no contrato assinado em 2011. A produção agora está a cargo da Alstom (que comprou a divisão ferroviária da Bombardier) em parceria com a CRRC, na China. As primeiras composições devem chegar no segundo semestre de 2024.

Segundo o Metrô, os 44 novos trens terão seis carros cada, sendo dois líderes e quatro intermediários, cada um deles com quatro conjuntos de portas laterais. Semelhantes aos monotrilhos da Linha 15-Prata e aos trens da Linha 5-Lilás Fotos: Márcia Alves/Metrô SP Novos trens para o Metrô SP Edital para a compra de 44 composições está previsto para este ano; companhia promete trens automatizados Por Natanael Damasceno 22 REVISTA FERROVIÁRIA | Março/Abril DE 2022 reportagem (frota P), as composições terão passagem livre entre carros (open gangway), o que proporciona mais espaço no interior. Segundo o Metrô, os 44 novos trens terão seis carros cada, sendo dois líderes e quatro intermediários, cada um deles com quatro conjuntos de portas laterais. Semelhantes aos monotrilhos da Linha 15-Prata e aos trens da Linha 5-Lilás (frota P), as composições terão passagem livre entre carros (open gangway), o que proporciona mais espaço no interior.

Sistema driverless

Os novos trens deverão ser Unattended Train Operation (UTO) ou seja, enquadrados no maior grau de automação existente hoje, o GoA4. Assim, a princípio os trens não deverão ter cabine nem condutor. Eles, no entanto, terão um console de condução com indicadores para a operação que será coberto por uma tampa escamoteável. Este console poderá ser usado por um operador, caso seja necessário. O sistema driverless é semelhante ao utilizado nos trens da Linha 4-Amarela, operada pela ViaQuatro e fabricados pela Hyundai-Rotem, e também nos monotrilhos da Linha 15-Prata

O comprimento dos trens poderá variar entre 130,5 metros e 132,6 metros, dimensões necessárias para que eles possam rodar com o sistema de sinalização CBTC (Controle de Trens Baseado em Comunicação). Já a largura seguirá o padrão de 3,1 metros, com bitola de 1,6m. As composições deverão ter 22 eixos motorizados e dois eixos livres, um em cada extremidade, onde serão encaixados o sistema de monitoramento da via. Com a carga máxima por eixo de 17 toneladas, terá a capacidade de transporte de 1.800 passageiros no total.

Com um layout misto de bancos, os trens comportarão duzentos e trinta e dois passageiros sentados. “Aqui houve uma mudança no nosso projeto depois de fazermos um estudo muito profundo sobre o assunto. Nós chegamos à conclusão que o melhor layout de bancos é o misto”, afirma Gioia, referindo-se à disposição que determina bancos virados para frente ou para trás da composição de um lado e bancos virados para as laterais, do outro. “Essa forma é a que dá melhor circulação dentro do carro é a que é adotada, por exemplo, pelos metrôs na China”, justifica.

Apesar de essa não ser a velocidade de operação, os trens deverão ter a capacidade de rodar a 100 km/h, com aceleração de 1.12 metros/s2 por segundo ao quadrado, ou seja, com 10 passageiros por metro quadrado. A mesma relação que vale para a capacidade de frenagem. Com uma ocupação de 10 passageiros por metro quadrado, o freio de serviço precisa funcionar a 1,2 metros/s2 e o freio de emergência precisa funcionar a 1,5m/s2. O sistema de freios será duplo, com frenagem principal por modo elétrico e secundária por atrito – assim as composições contarão com um sistema ABS (na tradução da sigla em inglês, Sistema de Freios Antitravamento), que impede deslizamentos e patinagem. Contarão ainda com um sistema de detecção de descarrilamento, que acionará o sistema de frenagem em caso de emergência.

Os trens terão um terceiro trilho de alimentação elétrica, que será de 750 Vcc e um sistema de baterias que, em caso de emergência, devem suportar até 60 minutos, com todos os equipamentos ligados. Ar-condicionado – dois em cada carro – com controle de temperatura automático, um sistema de detecção e combate a incêndios com pelo menos quatro sensores por carro, faróis e iluminação interna e de emergência com LEDs de alta intensidade completam a lista técnica das composições.

O sistema de comunicação com os passageiros contará com mensagens automáticas, tanto de áudio, quanto de vídeo, e poderá ser controlado pelo Centro de Controle Operacional (CCO). Além disso, toda a comunicação visual será feita por meio de monitores de LCD. Por fim, o sistema de portas nas estações também deverá passar por modificações. O projeto opta por portas de acionamento elétrico e corrediça externa para facilitar a circulação dos passageiros. Nos trens, a sinalização das portas será feita com sistemas de LEDs coloridos, verdes ou vermelhos, no batente.

Concorrência

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER), Vicente Abate, as três fabricantes instaladas no país – Alstom, CAF e Hyundai-Rotem – dominam a tecnologia exigida e estão aptas a construir as novas composições. Ele conta que o setor está animado com a perspectiva de compra dos trens, e conta que a única preocupação das empresas é com a perda de competitividade devido aos incentivos fiscais que as concorrentes estrangeiras têm: “Queremos uma comparação justa de preços, pois o fabricante nacional paga todos os impostos. Na China, por exemplo, sabemos que eles têm um incentivo para exportação. Mas estivemos no Palácio dos Bandeirantes para expor nosso ponto de vista e fomos muito bem atendidos. Sabemos que o governo está sensível à nossa situação e que está estudando a melhor maneira de o edital sair de forma que não percamos a competitividade”, afirma.

O financiamento para a aquisição dos trens será feito, a princípio, junto ao Banco Mundial, afirma o presidente do Metrô de São Paulo, Silvani Pereira. Segundo ele, os recursos para a compra estão sendo viabilizados pela secretaria estadual de Fazenda em parceria com as secretarias de Transportes Metropolitanos e de governo. O pedido de empréstimo no valor de R$ 430 milhões ainda está em tramitação no governo federal (que burocraticamente precisa dar o aval para a liberação dos recursos para entes estaduais). “Serão 44 trens com especificações que buscam agregar o que há de melhor no mercado em termos de tecnologia. Hoje nós temos em contratos assinados, entre expansão, melhoria da operação e aquisição de materiais, algo em torno de R$15 bilhões. E se todos os projetos que a gente tá encaminhando, as linhas 19, 20, 16 e 17, saírem do papel, teremos até 2030 entre investimentos públicos ou privados, mais de R$ 40 bilhões. Com isso, o Metrô de São Paulo salta dos atuais 104 km a uma extensão de cerca de 220 km até 2040. Mas é importante lembrar que, para isso, estamos buscando fazer modelagens que nos permitam atrair o capital privado”, afirmou Silvani.

Extensão da Linha 2-Verde avança

Prometida para entrega em 2026, a obra de expansão da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo está à espera dos recursos do Banco de Desenvolvimento da América Latina – novo nome da antiga Corporação Andina de Fomento e ainda conhecido pela sigla CAF. O valor aprovado no ano passado foi de US$ 550 milhões (cerca de R$ 3 bilhões) e ainda precisa ser liberado pela Comissão de Financiamentos Externos, do governo federal, que tem a atribuição de avalizar os empréstimos feitos pelos estados. Por enquanto, as obras estão sendo tocadas com recursos do Tesouro do estado de São Paulo.

O projeto vai acrescentar mais 8,4 km e oito novas estações entre Vila Prudente e Penha, cruzando a Zona Leste de São Paulo. A implantação atende aos bairros entre Vila Invernada, Jardim Anália Franco, Vila Formosa, Vila Carrão, Vila Manchester, Aricanduva e Penha. Segundo o Metrô de SP, tem o objetivo de distribuir a concentração de passageiros das linhas 3-Vermelha e da 11-Coral da CPTM.

O trecho contará com estruturas de integração entre modais, e a proposta do projeto é proporcionar uma rota mais rápida e com menos transferências para os passageiros que vão da Zona Leste para as regiões Central, Oeste e Sul da cidade. A companhia ressalta que esse novo caminho irá acrescentar 300 mil passageiros/dia à linha.

Pelas redes sociais, o presidente do Metrô, Silvani Pereira, atualizou no início de maio o status das obras nesse trecho. Na estação Vila Formosa, as equipes estavam realizando a impermeabilização sobre o revestimento primário do poço de acesso principal. Na estação Santa Isabel, foi executada a escavação do túnel de ligação, entre o poço de acesso principal e o túnel de via onde será executada a plataforma de embarque. Já na estação Santa Clara, as equipes trabalhavam na escavação de taludes. O governo de SP também anunciou a compra de uma máquina Shield, para a escavação dos túneis entre Vila Prudente e Penha. O tatuzão, como é conhecido, será fabricado na China, e chegará ao Brasil em meados de 2023 para ser montado e iniciar os trabalhos na região da Vila Formosa. A tuneladora foi adquirida da empresa China Railway Engineering Equipament Group Co.