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Obras para o retorno das atividades do trem turístico Rio-Minas devem começar em maio

02.05.2022 | | Notícias do Mercado

Fonte: Tribuna de Minas
Data: 01/05/2022

Iniciativa que há anos busca sair do papel para, enfim, entrar nos trilhos, o trem turístico Rio-Minas teve uma novidade promissora nos últimos dias. Segundo a presidente da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Amigos do Trem, Cyntia Nascimento Leite, as obras de reforma dos 37 quilômetros do trecho Três Rios-Sapucaia (RJ), passando pelo município mineiro de Chiador, devem ter início ainda em maio, pois começaram a chegar em Três Rios os insumos para as obras de infraestrutura e superestrutura (troca de dormentes, trilhos, lastro). Ainda de acordo com Cyntia, o serviço deve ter duração de seis meses, o que permitiria iniciar as atividades do trem Rio-Minas um mês depois, em dezembro.

Por parte da Oscip, a presidente da Organização diz que já estão estruturados com todo o material rodante (locomotivas, vagões, guindaste) e que a burocracia está em dia.”Temos ainda toda a equipe preparada para atuar no projeto, já recebemos contato por parte das agências de turismo e as prefeituras estão bem envolvidas, assim como o Sebrae, que está fazendo um trabalho para capacitar a população para receber os turistas. O trem Rio-Minas poderá receber até 837 passageiros. Então é necessário uma estrutura para atender a essa demanda”, relata. “Um dos nossos projetos, o Ferrovia-Escola, deu uma parada por causa da reforma, pois é preciso fazer atividades de campo, mas retornará o mais breve possível, pois a mão de obra para o setor é escassa. E temos outras iniciativas pensadas para as regionais que a Amigos do Trem sedia no Espírito Santo, Sergipe e Pernambuco.”

Investimento público

Como exemplo do apoio recebido dos municípios para a iniciativa, Cyntia destaca o projeto “Estação de memórias”, da Prefeitura de Três Rios, que prevê um espaço para o resgate do acervo histórico da memória ferroviária. O local, quando inaugurado, deve ter atividades de registro, valorização e disseminação da história da localidade e da ferrovia, com espaço para exposições desses registros, entre outras atividades. As principais fontes e personagens deverão ser moradores, historiadores, ferroviários e seus familiares. “A Prefeitura de Três Rios construiu uma estação do zero, foi feito um investimento altíssimo na reestruturação do esgoto e saneamento. Chiador e Sapucaia também adequaram suas estações para receber os turistas, cumprindo as normas da ANTT”, anima-se.

Transferência das composições

Voltando à questão da obra, Cyntia Nascimento diz que a Amigos do Trem realizou diversas reuniões com o Ministério Público de Minas Gerais (MPF-MG) desde a aprovação da reforma pela ANTT, incluindo também vistorias de campo para notificar a Agência sobre manutenções necessárias.

Outra novidade anunciada por Cyntia Nascimento é que as locomotivas, vagões e material rodante em geral serão transferidos para Três Rios no mês de junho, aguardando na cidade do Sul Fluminense o final das reformas e o início das atividades do trem turístico. Uma questão, aliás, que pode causar ceticismo em alguns de saber se a iniciativa terá um retorno financeiro condizente com os investimentos de tempo, esforços e dinheiro após tantos anos. A presidente da Amigos do Trem argumenta que foram feitos vários estudos para mostrar que o projeto seria financeiramente viável, um ponto que ajudou a convencer os municípios envolvidos a embarcarem na iniciativa.

Sem desistir do sonho completo

Quanto ao futuro, a presidente da Oscip afirma que os 37 quilômetros já empenhados na reforma são importantes, mas que seguem firmes no propósito de alcançarem os 170 quilômetros e oito cidades para o trem Rio-Minas, de acordo com o idealizado pelo fundador do movimento, Paulo Henrique do Nascimento, que morreu em novembro de 2018, aos 45 anos, vítima de um câncer de pulmão.

“Nossa intenção ainda é chegar até Cataguases. Continuamos a fazer reuniões com os outros municípios, que seguem nos apoiando porque sabem que haverá um retorno financeiro, não vai ser só o saudosismo do trem”, diz. Para o sonho se tornar realidade, tudo vai depender das negociações entre a Ferrovia Centro Atlântica e a ANTT. “Hoje, a concessão do trecho entre Três Rios e Cataguases pertence à FCA, que está devolvendo alguns trechos para a União, só que a empresa tem que pagar uma multa ou reformar o trecho, como é o caso dos 37 quilômetros que começarão a ser reformados e do trecho de Sapucaia até Cataguases. Por isso, estamos tentando com o Ministério Público uma reforma emergencial do trecho restante, pelo menos até Recreio. Caso não seja possível, pretendemos assumir os trechos e fazer as reformas com as prefeituras, existe um estudo que comprova a viabilidade da proposta.”

“O movimento aumentou após a melhora nos números da pandemia, porque o pessoal voltou a ter confiança para sair. Pudemos voltar a utilizar a parte externa, realizar shows nesse espaço, e estamos fazendo uma revitalização em parceria com a MRS. Muita gente vai ao restaurante só porque quer ver o trem, e a prefeitura tem investido, por enxergar que a questão ferroviária tem crescido muito.”