Av. Paulista, 1313 - 9º Andar - Conjunto 912 (11) 3289-1667 [email protected]
pt-bren

Opinião – Ferrovia Transnordestina: por que a Paraíba ficou de fora?

05.12.2022 | | Notícias do Mercado

Fonte: Mais PB
Data: 02/12/2022

Iniciada há 16 anos, as obras de construção da mais importante Ferrovia do Nordeste, a TLSA-Transnordestina Logística S/A, continuam inacabadas e ainda sem qualquer previsão de conclusão. Até aqui nada de novo, o abandono dessa obra, é o retrato fiel do descaso com as obras estratégicas para o desenvolvimento do país que entra no rol das mais de 24 mil obras paralisadas pelo país. Estamos calejados, sofremos com isso a Transposição do Rio São Francisco, uma obra prevista para ser concluída em cinco anos levou uma década e meia.

Com o traçado original saindo do município de Eliseu Martins-PI e com uma bifurcação estratégica em Salgueiro-PE para os portos de Pecém no Ceará e Suape em Pernambuco a Ferrovia Transnordestina nos seus 1752 quilômetros de trilhos se transformaria numa obra emblemática para a retomada da expansão do modal ferroviário no país, sepultado desde o Plano de Metas do governo Juscelino Kubistchek, nos anos 1950.

Um projeto ambicioso no formato de Parceria Publico-Privado que já consumiu até 2018 mais de R$ 6 bilhões, Inclusive do Fundo de Investimento do Nordeste-FINOR, prevendo a interligação desses dois mais importantes portos nordestinos para viabilizar o escoamento do minério de ferro e gesso vindo do Piauí e no sentido inverso abastecendo o Vale da São Francisco, sul do Piauí e oeste baiano com combustíveis, veículos, fertilizantes fechando o círculo virtuoso do desenvolvimento. O que aconteceu? Até agora nada, a obra permanece inconclusa nos restando apenas frustração e desesperança.

Óbvio que uma obra nessa dimensão e magnitude, percalços como readequação de projetos, desvios de recursos públicos, paralisações por falta de verba e rígidas imposições no cumprimento de normas e leis ambientais, apesar de inaceitáveis, em se tratando de Brasil, são contingências rotineiras. Surpreendeu-me a força e a determinação classe politica pernambucana ao superar, revertendo talvez, o maior golpe que a economia do estado estava prestes a receber: o cancelamento da execução dessa ferrovia no trecho pernambucano Salgueiro-Suape.

O Imbróglio começou quando o Ministério da Infraestrutura anunciou que a TLSA apenas construiria o ramal Salgueiro-Pecém deixando Suape fora do traçado da Transnordestina. Revolta geral! Os políticos pernambucanos agiram rápido. Sob a firme liderança do governador Paulo Câmara (PSB) a Assembleia Legislativa de Pernambuco aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição para permitir a exploração do transporte ferroviário pelo governo estadual uma medida que salvou e viabilizou a ferrovia por meio de uma parceria com a BEMISA, um gigante do setor de exploração e exportação de minérios que assumiu a obra.

E a Paraíba, hein? Desconheço qualquer iniciativa concretados nossos representantes políticos para contemplar nosso estado com um ramal da Transnordestina, ligando o Sertão ao futuro Porto de Aguas Profundas no município de Mataraca. Ignoram e voltam às costas para uma nova forma de fomentar o nosso desenvolvimento socioeconômico ampliando a nossa competitividade logística com a implantação deum modal de transporte eficaz, econômico e sustentável. Simplesmente além de pensarem pequeno, se é que pensam, eles não enxergam isso.

 

Alexandre José Cartaxo da Costa  é engenheiro, empresário com MBA em Gestão Estratégica de Negócios, diretor da Fecomércio PB, presidente da CDL de Cajazeiras e membro fundador efetivo da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal).