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Opinião – Na trilha do crescimento ferroviário

03.11.2021 | | ABIFER News

Por Rafael Perez – Diretor-executivo de Construção e Infraestrutura do Bureau Veritas Brasil

O setor ferroviário desacelerou ao longo dos anos, mas chegou a hora de impulsionar a infraestrutura brasileira e reativar este meio de transporte estrutural para o desenvolvimento do país. A falta de continuidade na construção de novas ferrovias, que normalmente demoram décadas para serem finalizadas, é o principal fator que trava a expansão do setor, mas a nova medida provisória 1.065/2021 promete promover a retomada dos investimentos, transformando o atual modelo de concessão. Com a MP, os leilões podem ser substituídos pelo sistema de autorização, permitindo que empresas interessadas possam alocar recursos no modal ferroviário de forma mais ágil. A expansão da rede ferroviária deve estimular também o desenvolvimento do país ao impactar diretamente setores estruturais da economia brasileira: Indústria, Agronegócios e Serviços.

 

 

O Brasil conta hoje com 29 mil quilômetros de ferrovias. Para se ter uma ideia de como a rede é tímida basta comparar os números. O Parlamento Europeu aprovou uma proposta que define 2021 como o Ano Europeu do Transporte Ferroviário para promover o uso de comboios como modo de transporte seguro e sustentável. Principal modal de transporte de cargas, os países europeus somam 250 mil quilômetros de malha ferroviária. Estados Unidos contam com 226 mil quilômetros, enquanto países como Rússia e Índia somam 87 mil e 68 mil quilômetros respectivamente. Com esses dados, é fácil entender o quanto estamos atrás.

Falar sobre transporte ferroviário é falar da economia de um país. Devemos pensar no Brasil como um todo e nos setores estruturais que fazem o desenvolvimento do país, já que a expansão ferroviária reflete nas atividades que estão interligadas a ela, diretamente ou indiretamente. As vantagens são muitas.

Somente na esfera ambiental, estima-se redução de até 22 mil toneladas de CO2 por ano, além da economia de energia. Criação de novos empregos, diminuição nos riscos de acidentes de trânsito e de congestionamento pontuam os impactos de fundo econômico-social. Para completar, transporte de cargas com mais agilidade e segurança e baixo custo logístico e de manutenção, além, claro, do aumento na competitividade no mercado interno e mesmo global.

Apostar em uma nova maneira de acelerar os processos de construção de novas ferrovias é, sem dúvida, investir no futuro. Esse movimento desperta olhares de novos investidores que buscam por negócios mais seguros e sólidos. A concessão de novas ferrovias passa a ser menos burocrática e com novas possibilidades de expansão de negócios.

É hora do Brasil dar um passo estratégico para promover uma mudança que é mais do que necessária. É preciso fomentar o segmento ferroviário, tratando o tema como uma das prioridades para falarmos de desenvolvimento.

Este artigo foi originalmente publicado pelo Estadão, em 5 de outubro de 2021. Para acessar a publicação original, clique aqui.