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Opinião – Por mais estímulos às ferrovias

14.09.2023 | | Notícias do Mercado

Fonte: A Tribuna
Data: 14/09/2023

Um dos grandes erros dos governos com a infraestrutura de transportes, no País, desde meados do século passado, foi deixar o sistema ferroviário se deteriorar, em uma situação de abandono que quase decretou o seu fim. O discurso sobre sua importância foi retomado, com investimentos ainda aquém das necessidades do Brasil, que tem dimensões continentais, regiões metropolitanas muito populosas, polos industriais e um diversificado setor de serviços, o que multiplica a demanda por mobilidade. Essa falha estratégica foi devidamente notada pelo segmento de cargas, que enfrenta rodovias congestionadas ou em mau estado, atrasos, muitos custos com pedágios e riscos de assaltos.

No caso de Santos, o investimento na malha ferroviária é vital tanto para a eficiência do sistema portuário como para o próprio tráfego nas cidades da região. Segundo reportagem publicada ontem em A Tribuna, a quantidade de cargas transportadas relacionadas ao Porto pelo modal rodoviário no ano passado equivaleu a 2,5 vezes a dos trens, com 101,8 milhões de toneladas pelas estradas, frente a 40,6 milhões de toneladas por trilhos. A meta do Governo Federal é ampliar dos atuais 17% para 40% a participação do modal ferroviário no escoamento das exportações. Na Margem Direita (lado santista do Porto), um acordo já assinado viabiliza a construção, com início previsto para o próximo mês, da pera ferroviária. O projeto é um retorno em curva que permite a uma composição de trem descarregar e carregar na mesma linha sem manobras adicionais. O investimento era aguardado há pelo menos dez anos e tem impacto de 20 milhões de toneladas, segundo a Autoridade Portuária.

Entretanto, o investimento ferroviário precisa ocorrer em larga escala em todo o País, considerando as extensas viagens das cargas passando pelos sistemas viários de médias e grandes cidades. O consultor portuário Ivam Jardim aponta inúmeras vantagens com os trens, como maior competitividade do produto nacional, segurança, menos acidentes e redução da emissão de gases do efeito estufa. O uso dos trilhos é tão favorável para um país exportador de commodities como o Brasil que a sua maior companhia nessa área, a Vale, utiliza esse modal intensivamente há décadas.

Apesar das discussões ocorrerem em menor intensidade, também se voltou a falar em trens para transporte de passageiros não apenas dentro das regiões metropolitanas. Já há uma adiantada negociação para esse tipo de transporte atender a população entre São Paulo e Campinas. Mas existe ainda outra vantagem na expansão das ferrovias, que é reduzir a dependência de caminhões e do diesel, um combustível que o País depende de importações equivalentes a um terço da demanda nacional, cuja alta de preços se dissemina pelos outros setores da economia, acelerando processos inflacionários. Portanto, investir em trens é totalmente favorável ao País.