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Por que ‘2023 será um bom ano’ para o setor de transporte de passageiros do Brasil

17.03.2023 | | Notícias do Mercado

Fonte: BNAmericas
Data: 08/03/2023

À medida que o volume de passageiros de trens urbanos e metrôs retorna aos níveis pré- pandemia no Brasil, é provável que surjam mais projetos, especialmente em São Paulo.

A BNamericas conversa com a diretora executiva da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Roberta Marchesi, sobre as perspectivas para este ano.

BNamericas: Quais são as expectativas para o setor de metrôs e trens urbanos?

Marchesi: Acreditamos que podemos ver, além da continuidade, uma aceleração dos projetos do setor este ano.

Os grandes destaques do setor devem ser puxados por projetos em São Paulo, onde o governador Tarcisio Gomes de Freitas tem um per?l bastante focado em infraestrutura. Por isso, os projetos paulistas devem atrair mais investimentos neste ano.

Além dos projetos já em andamento no estado, devemos ver avanços no processo de licitação do TIC (Trem Intercidades), importante em termos de investimentos.

Em Brasília, também veremos concessões em andamento.

Ao todo no Brasil, existem 12 obras mapeadas em andamento, com 88 km de extensão em construção e 77 estações, por isso esperamos que 2023 seja um bom ano.

BNamericas: Como você vê os planos do governo federal para o setor?

Marchesi: Em termos de privatizações, há dúvidas. Ainda não está claro se o governo quer prosseguir com a privatização da CBTU e da Trensurb [de Porto Alegre].

Por outro lado, existe uma expectativa [positiva] de que o governo publique a política nacional de desenvolvimento do sistema ferroviário de passageiros inter-regional, que tende a abrir um leque de oportunidades e novos projetos.

BNamericas: O que você acha dos planos da empresa TAV de construir um trem de alta velocidade entre São Paulo e Rio de Janeiro?

Marchesi: A autorização do trem de alta velocidade já está atraindo muitos investidores, e isso ajuda a dar visibilidade a todo o segmento.

No mundo todo, a maioria dos trens de alta velocidade conecta o centro de uma grande cidade a outra. Como o projeto original da TAV pretende conectar os extremos das cidades, existe a possibilidade de gerar novas linhas menores, interligando o trem de alta velocidade com as linhas urbanas existentes.

É um novo projeto e cujo avanço terá um forte apelo para a geração de novos projetos associados.

BNamericas: Por que o modelo de transporte inter-regional de passageiros não avançou no Brasil?

Marchesi: Temos conversado com o governo federal para criar uma pauta atrativa de projetos ferroviários inter-regionais.

Geralmente, os trens inter-regionais encontram mais di?culdade para avançar porque há muitos agentes envolvidos. Alguns projetos envolvem mais de um estado, então estamos falando de negociações entre dois governos estaduais, além do envolvimento do governo federal, que é interessado, mais as prefeituras.

BNamericas: Como o volume atual de passageiros de trens urbanos e metrôs se compara ao período pré-pandemia?

Marchesi: Estamos com cerca de 80% do volume que tínhamos antes da pandemia porque o comportamento da população mudou, algumas pessoas ainda estão em home o?ce.

Mas acredito que até o ?nal deste ano estaremos nos aproximando dos níveis anteriores à pandemia, de 12 milhões de passageiros por dia.

Será muito importante a partir de agora que governadores e prefeitos trabalhem para melhor conectar o transporte urbano de passageiros.

BNamericas: Como o cenário de taxa de juros elevada afeta o setor?

Marchesi: Esse é um desa?o para todo o setor de infraestrutura, mas o governo federal está disposto a se debruçar sobre essa questão, e acredito que nos próximos meses possamos ter medidas sendo anunciadas.

Dito isso, acredito que o BNDES vai continuar tendo um papel fundamental no setor, não só na oferta de ?nanciamentos de longo prazo, mas também na estruturação de projetos.

No ano passado, o BNDES anunciou iniciativas para ajudar governos locais a estruturar concessões em regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes e esperamos que isso avance.