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Primeiro Fórum de Debates Ferrovias em Foco reúne grande público e traz importantes discussões sobre o setor metroferroviário  

29.06.2023 | | ABIFER News

Com o objetivo de debater as políticas públicas, os desafios e as oportunidades para o setor ferroviário no País, aconteceu no dia 15 de junho, o primeiro Fórum de Debates Ferrovias em Foco – políticas públicas para o setor. Realizado no auditório do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), na Cidade Universitária, o evento, em formato híbrido, foi acompanhado por cerca de 400 pessoas e contou com importantes players do setor ferroviário e metroferroviário, como concessionárias ferroviárias de cargas e de passageiros, entidades de classe, academia, especialistas do segmento e representantes dos governos federal e estaduais.

A abertura e o encerramento do evento foram feitos pela Professora Liedi Bernucci, diretora-presidente do IPT, e contou com os executivos dos idealizadores e realizadores: Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER), Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE), Associação Latino-Americana de Ferrovias – Sede Brasil (ALAF/Brasil), Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a ViaBrasil Comunicação/Revista Sobretrilhos.

Clique aqui e veja discurso do presidente da ABIFER, Vicente Abate, na abertura do evento.

Primeiro painel – O tema “Setor Ferroviário e as Políticas Públicas” foi debatido nos dois primeiros painéis do evento. O primeiro painel contou com moderação de Jean Pejo, secretário-geral no Brasil da Associação Latino-Americana de Ferrovias (ALAF), e teve como um dos debatedores Venilton Tadini, presidente-executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB). Ele destacou que um dos gargalos do setor é a falta de competência logística competitiva da malha ferroviária. “Faltam investimentos no setor, mas isso não se resolve somente com capital privado ou novas ferrovias. É preciso ampliar a participação da indústria no uso da ferrovia, como, por exemplo, com o transporte de maquinários”, defendeu.

Por sua vez, Ellen Martins, superintendente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), traçou um cenário das concessões no setor, lembrou que estamos em um terceiro ciclo na evolução das ferrovias. Esses ciclos tiveram início na década de 1990, com a desestatização do sistema. Ela fez um balanço sobre o atual momento e o futuro das concessões ferroviárias no Brasil.

Carlos Eduardo B. Magano, diretor de Infraestrutura do Porto de Santos, abordou a evolução do transporte de carga por ferrovia ao longo das últimas décadas. Ao final dessa parte inicial, Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER), traçou um panorama sobre as concessões e as políticas nacionais de transporte e de mobilidade urbana. Segundo ele, o ministro Renan Filho, dos Transportes, possui propostas efetivas para traçar as diretrizes de seu ministério para o nosso setor. Em seguida, o painel foi aberto a perguntas e debates com o público.

Segundo painel – Com moderação de Sérgio Inácio Ferreira, pesquisador de Energia/EN do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Sandro Alex, secretário de Estado de Infraestrutura e Logística do Paraná, representando o governador Ratinho Jr., de forma remota, deu destaque aos trabalhos que o Estado vem promovendo na Nova Ferroeste. “A Ferroeste será um marco de um novo tempo para o segmento ferroviário no Paraná. Será um modal fundamental para nosso Estado e para o País.”

Corroborando com o secretário, André Luís Gonçalves, diretor-presidente da Ferroeste, afirmou que o modal é um dos vetores de desenvolvimento do Paraná. Segundo ele, hoje, somente 20% do transporte no Paraná é feito por ferrovia, mas com a Nova Ferroeste, essa proporção será de 60%.

Marcelo Oliveira, secretário de Estado de Infraestrutura e Logística do Mato Grosso, que representou o governador Mauro Mendes, explicou que todas as 141 cidades mato-grossenses são interligadas por rodovias, o que representa a maior malha rodoviária do País, com cerca de 35 mil quilômetros, mas somente 11 mil quilômetros são pavimentados, além da previsão da expansão da ferrovia no Estado. “Nosso Estado precisa de um olhar diferente do governo federal, pois somos os maiores produtores de diversas culturas agrícolas e pecuárias e um dos grandes problemas que temos é justamente no transporte dessa carga da produção até os terminais ferroviários.”

Representando Eduardo Riedel, governador do Mato Grosso do Sul, Lucio Lagemann, assessor de Logística da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, começou lembrando que o Estado conta com duas importantes ferrovias: Malha Oeste e Malha Norte. “Temos um grande projeto que está sendo trabalhado nos últimos meses, a Ferroeste, pois entendemos que a ferrovia é o melhor modal para o escoamento da produção de longa distância”, defendeu.

André Nozawa Brito, coordenador de Planejamento, Logística e Transporte da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo, informou que o Estado passa por um momento de estruturação da revisão do planejamento estratégico de transporte multimodal e a grande diretriz desse plano se resume à palavra sustentabilidade, não só ambiental, mas econômica e social.

Representando o governo federal no painel, Ismael Trinks, superintendente de Transporte Ferroviário da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), começou sua participação fazendo uma espécie de histórico da evolução e do retrocesso das ferrovias no Brasil, chegando ao momento atual do setor. Ele falou sobre os investimentos atuais e futuros do governo no segmento, abordando as expectativas de crescimento desse modal.

Mostrando o ponto de vista das operadoras sobre o marco regulatório do setor, citado por Trinks durante o painel, José Luis Vidal, diretor executivo da Associação Nacional das Ferrovias Autorizadas (ANFA), afirmou que esse é um movimento necessário pelo qual o setor está passando. “Eu não coloco esse tema como um compromisso do governo, mas como um compromisso social de todos, de cobrar os governantes uma política de estado. Se não for assim, cairemos no erro recorrente de começar, parar, começar, parar. O setor ferroviário vive um momento disruptivo com a mudança de governo e de diretrizes”, defendeu.

Terceiro painel – Trazendo o tema “Programas de Investimentos e Desenvolvimento – Foco em Cargas”, o terceiro painel, com moderação do Prof. Dr. Paulo Roberto Gardel Kurka, Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), contou com a participação de representantes da iniciativa privada.

Abrindo as conversas, José Osvaldo Cruz, gerente Técnico de Relações Institucionais da VLI, comentou que a operadora, nos últimos anos, vem investindo em infraestrutura e que seu principal papel na sociedade é gerar prosperidade. Por sua vez, José Roberto Lourenço, assessor da Diretoria de Projetos e Obras (DIPO) da MRS Logística, apontou que o maior foco da empresa é justamente o transporte de cargas e falou de projetos atuais e futuros da MRS.

Gustavo Cota, diretor de Operações de Ferrovia da Bamin, informou que a empresa terá uma capacidade de produção de 26 milhões de toneladas de minério de ferro por ano e que, por isso, precisa de uma malha ferroviária maior e mais efetiva. Uma das frentes nesse sentido é a subconcessão ferroviária da Fiol 1 (primeira parte da Ferrovia de Integração Oeste-Leste) que será operada pela Bamin. Fechando o painel, Humberto Mota, diretor-presidente da Ferrovia Transnordestina Logística S/A, argumentou que, não só as empresas, mas todos devem sempre falar e trabalhar para o crescimento do setor ferroviário, pois dele depende o progresso do País.

Quarto painel – A última parte dos debates, sobre Programas de Investimentos e Desenvolvimento – Foco em Passageiros, teve a moderação do Prof. Dr. Roberto Spinola Barbosa, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. O primeiro convidado a falar foi Augusto Almudin, diretor de Assuntos Corporativos da Secretaria de Parcerias e Investimentos do Governo do Estado de São Paulo, que falou sobre projetos que serão licitados pelo Estado, notadamente o Trem Intercidades (TIC).

Em seguida, Alberto Epifani, coordenador de Planejamento e Gestão da Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, abordou os trabalhos da pasta e da divisão operacional do sistema da rede metropolitana. Conforme ele, a pandemia provocou uma nova demanda e fez com que o sistema mudasse em razão da redução de 23% no total de passageiros nesse período. “Depois da pandemia houve uma disrupção. Podemos até voltar aos patamares anteriores, mas isso deve demorar”, contou.

“O Brasil se encontra nos trilhos e há uma oportunidade ímpar de crescimento do setor. O transporte de passageiros precisa ser regulamentado e o marco regulatório que está sendo trabalhado ajudará nesse sentido. Mas é preciso ter uma visão geral que pense nas cidades e nos cidadãos”, reconheceu Francisco Pierrini, CEO da ViaQuatro e ViaMobilidade CCR S.A., em sua exposição.

Joubert Flores, presidente da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), acredita que é necessário que seja feita a escolha do modal certo para o local certo e explicou a razão: “Não faz sentido ter um país do tamanho do nosso e não ter ligações corretas por meio de uma infraestrutura ferroviária que atenda às necessidades de cada localidade”.

Epaminondas Duarte Junior, chefe do Departamento de Anteprojeto de Engenharia do Metrô de São Paulo, abordou a expansão do metrô de São Paulo e falou das obras que estão sendo realizadas em todas as linhas, Conforme ele, hoje o Metrô opera seis linhas, que contam com 86 estações em um total de 104 quilômetros, mas a projeção é de crescimento em poucos anos.

Por fim, Maicon Satiro de Oliveira, chefe da Assessoria de Gestão Estratégica Empresarial da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que, na oportunidade, representou o presidente da empresa, Pedro Moro, falou sobre o modelo de gestão, resultados, projetos e investimentos da CPTM. Ele lembrou que a empresa é responsável por cinco linhas, que compreendem 57 estações em um total de 196 quilômetros de trilhos.

Para acompanhar a gravação do evento completa, clique aqui.