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Propostas para concessão das linhas 8 e 9 da CPTM devem ser entregues em setembro e trens atuais serão devolvidos ao Estado, diz Governo Doria em audiência pública

28.02.2020 | | Notícias do Mercado

Gestão confirma 30 anos de contrato e PDV nas linhas 8 e 9. Sindicato dos trabalhadores contesta modelo e fala em possível falta de profissionais

 

Presidente do Sindicato dos Ferroviários da Sorocabana (linhas 8 e 9), José Claudinei Messias. Foto: Adamo Bazani.

O Governo do Estado de São Paulo realiza na tarde desta quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020, uma audiência pública para a concessão à iniciativa privada das linhas 8 e 9 da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

Ambas as linhas são consideradas as mais lucrativas do sistema e transportam juntas 1,1 milhão de passageiros por dia.

Como já havia mostrado o Diário do Transporte, o governo do Estado confirmou nesta tarde que o prazo de concessão será de 30 anos e a empresa ou consórcio que ganhar vai assumir a operação, manutenção, compra de equipamentos, comprar 30 novos trens e terá de reformar 35 estações, além de fazer novas transposições do Rio Pinheiros, como na região do Ceasa.

Redução de intervalos para três minutos com modernização de sinalização é outra meta.

Como também tinha anunciado o Diário do Transporte, a concessionária vai construir duas novas estações: nova Estação Lapa (integrando linhas 7 e 8) e a Estação Ambuitá, em Itapevi (Linha 8).

Na apresentação, o Governo também explicou que os trens atuais das linhas 8 e 9 serão devolvidos gradativamente ao patrimônio da CPTM na medida que os novos trens comprados forem chegando.

A estimativa do cronograma é lançar a consulta pública a partir desta sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020. Em maio deve ser lançado o edital e a entrega de propostas está prevista para setembro.

Na abertura da audiência, o presidente do Sindicato dos Ferroviários da Sorocabana, que representa os trabalhadores das linhas 8 e 9, José Claudinei Messias, disse que a entidade não concorda com o modelo de concessão e crê PDV – Programa de Demissão Voluntária que a CPTM deve abrir não pode ser apenas para diminuir quadros da estatal.

A empresa ou consórcio que assumir as linhas não terá obrigação de contratar os funcionários atuais.

Segundo o sindicalista, muitos funcionários não devem aderir ao PDV para trabalhar para a concessionária, o que pode resultar em falta de profissionais.

“É necessária muita especialização para o trabalho em ferrovia. Não se forma um profissional em quatro ou sete meses. Você não vê nos classificados dos jornais ‘procura-se um maquinista’”, disse.

José Claudinei Messias ainda levanta dúvidas sobre a necessidade de o estado acabar ter de subsidiar as operações da iniciativa privada

“As metas de investimentos de R$ 2,6 bilhões para a iniciativa privada. Como ela vai fazer esse investimento e ainda ter lucro? A iniciativa privada vem para ter lucro. Ninguém vem aqui para colocar dinheiro para o Estado. Como vai ser onerado isso? Vai ser para o passageiro? É ele que vai pagar a conta? Ou o Estado vai subsidiar? Se o Estado tiver de subsidiar, por que conceder então? Vai ficar mais caro para o Estado” – disse

ENTREVISTA COM PEDRO MORO

O presidente da CPTM, Pedro Moro, afirmou em entrevista ao Diário do Transporte que mais detalhes ficarão disponíveis ao público a partir desta sexta-feira, 28.

Diário do Transporte – Uma coisa que não ficou muito clara, com essa concessão, o trecho entre Itapevi e Amador Bueno ele continuará gratuito ou a concessionária poderá cobrar uma tarifa?

Pedro Moro – A princípio continuará gratuito. Isso estará nos documentos disponibilizados a partir de amanhã na consulta pública.

Uma crítica que se faz é que as linhas mais lucrativas da CPTM vão para concessão à iniciativa privada e as linhas menos lucrativas ficam com o estado, só que vai ter mais recursos públicos para essas linhas que vão “sobrar”. Mas a CPTM também não vai faturar menos sem essas linhas?

As “linhas mais lucrativas” é uma afirmação que a gente pode discutir, o conceito não é de linhas mais ou menos lucrativas. O processo de concessão das linhas 8 e 9 está indo adiante pois houve manifestação de interesse do setor privado e por isso foi dado sequência a ele, não foi por ser mais ou menos lucrativa. O que vai depois ficar pra CPTM receber investimento vamos dar sequência, mas a discussão não é pela lucratividade ou não das linhas, até porque é um serviço público.

HISTÓRICO

O Conselho Diretor do Programa Estadual de Desestatização apresentou uma pré-modelagem da concessão à iniciativa privada das linhas 8-Diamante (Amador Bueno / Itapevi) e 9 Esmeralda (Osasco / Grajaú) da CPTM em janeiro deste ano.

De acordo com ata da reunião realizada em 31 de janeiro de 2020 em 19 de fevereiro, a modelagem preliminar desenvolvida em contrato com o IFC – International Finance Corporation (Grupo Banco Mundial), o prazo de concessão deve ser por 30 anos e remuneração da empresa que vencer a licitação vai ser por meio de tarifa técnica por passageiro transportado, que pode ser maior que a tarifa social, ou seja, aquela paga pelo usuário:

– Concorrência Internacional, tendo como critério de julgamento o de “maior valor de Outorga Fixa”, que as projeções econômico-financeiras considerariam;

– Prazo total da concessão de 30 anos;

– Remuneração da concessionária pela “tarifa técnica contratual por passageiro transportado”, desvinculada da “tarifa pública”, assumindo o máximo de aproveitamento das receitas “não tarifárias”

Entre as exigências, estão melhorias em 35 estações e construção de novas estações:

– Modernização de sistemas e infraestrutura de operação (via permanente, telecomunicações, sistemas auxiliares, entre outros);

– Melhorias em 35 estações, contemplando a construção de duas novas estações: Ambuitá (Itapevi) e Lapa (“unificação” das linhas 7 Rubi e 8 Diamante), e demais itens de acessibilidade e de conforto aos usuários;

– Obras para inserção da Estação João Dias na Linha 9 Esmeralda;

– Implantação de novo CCO (Centro de Controle Operacional) local;

– Adequação do Pátio Presidente Altino e edificação para segregação das atividades da CPTM atualmente desempenhadas no referido Pátio;

– Aquisição de material rodante (novos trens); perfazendo estimativa total de investimento a cargo do concessionário de cerca de R$ 2,6 bilhões.

Na apresentação, o conselho ainda especificou que o prolongamento da linha 9 até Varginha,  no extremo Sul de São Paulo, continuará sendo custeado pelos cofres públicos que também vão bancar adequações em estações.

O Poder Concedente teria obrigação de concluir a extensão de 4,5 km da Linha 9 Esmeralda, com duas estações (Mendes-Vila Natal e Varginha), cujos recursos são oriundos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), e as adequações das estações Morumbi (integração com Linha 17 Ouro – monotrilho), Santo Amaro (integração com Linha 5 Lilás) e Carapicuíba (ligação com Boulevard); com previsão de entrega de todas essas obras até 2022.

O modelo definitivo da concessão ainda vai ser definido pelo governo do Estado.

LINHAS TRANSPORTAM UM MILHÃO DE PASSAGEIROS POR DIA

Segundo a apresentação, ambas as linhas transportam mais de um milhão (1,088 milhão) de pessoas por dia.

A linha 8 Diamante, que liga Júlio Prestes a Amador Bueno, tem 41,6 Km de extensão e 22 estações, atendendo aos municípios de São Paulo, Osasco, Carapicuíba, Barueri, Jandira e Itapevi, com integrações na Linha 7 Rubi e Linha 9 Esmeralda da CPTM, e na Linha 3 Vermelha do Metrô, e demanda MDU (Movimento em Dias Úteis), em 2019, de 497 mil passageiros transportados/dia.

A linha 9 Esmeralda, interliga Osasco a Varginha, estende-se por 32 km e tem 18 estações, atendendo às cidades de São Paulo e Osasco, com integrações na Linha 8 Diamante da CPTM, e Linhas 4 Amarela, 5 Lilás e 17 Ouro do Metrô, e demanda MDU, em 2019, de 591 mil passageiros transportados/dia.

 

Fonte: Diário do Transporte

Data: 27/02/2020