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Entenda como será a evolução da obra da Linha 6-Laranja do Metrô

12.04.2021 | | Notícias do Mercado

Ramal metroviário de 15 km está sendo construído pela Acciona e tem como meta de conclusão o ano de 2025. Veja alguns números e curiosidades do imenso empreendimento, considerado a maior obra de infraestrutura do país

 

Poço da Linha 6 já com revestimento (GESP)

Os números são superlativos e incluem escavar cerca de 3,2 milhões m³ de solo, utilizar quase 1 milhão de m³ de concreto e 77 mil toneladas de estruturas metálicas além de retirar um milhão de m³ de rocha. Estamos falando, é claro, da obra da Linha 6-Laranja do Metrô, considerada o maior empreendimento de infraestrutura do país atualmente.

Em recente participação num congresso do setor de construção, o diretor de projetos da Acciona, Lucio Mateucci, apresentou algumas características do projeto, reiniciado em outubro passado e que deve ser concluído em 2025, quando o ramal de 15,3 km e 15 estações entrará em operação com a LinhaUni, concessionária do grupo.

A implantação da Linha 6 é única no país por envolver uma Parceria Público-Privada (PPP) plena, ou seja, toda a responsabilidade por sua construção e operação cabe ao parceiro privado enquanto o governo do estado se resume a providenciar as desapropriações, fiscalizar o andamento do contrato e, claro, realizar os pagamentos que lhe cabem.

Por essa razão, a Acciona e sua SPE (Sociedade de Propósito Específico) têm luz verde para levar o projeto adiante sem os conhecidos entraves de projetos tradicionais. Além disso, a empresa espanhola assumiu a Linha 6 já com parte do trabalho executado como poços, produção de aduelas para os túneis e parte dos projetos prontos.

Mateucci chamou o projeto de “fast track”, ou seja, de rápida implantação, com várias frentes sendo tocadas simultaneamente. A Acciona, inclusive, pretende que as 35 frentes estejam ativas até o final deste ano com 4 mil funcionários contratados, ou quase metade do total previsto (9 mil colaboradores). Atualmente são mil pessoas, o que mostra que a obra ainda ganhará fôlego em 2021.

Em sua apresentação, o diretor revelou algumas características interessantes da obra, que terá a maior média de profundidade de estações e poços de ventilação. Enquanto estes últimos ficarão a uma média de 42,4 m em relação à superfície, as 15 estações terão média de 46,3 m, sendo Higienópolis-Mackenzie a mais profunda delas, com 69 metros em seu ponto mais baixo.

Falhas geológicas

Primeiras partes do “tatuzão” já na vala de onde partirá no sentido São Joaquim (iTechdrones)

Mateucci também explicou o trabalho das duas tuneladoras fabricadas na China e que devem entrar em funcionamento em 2022. A primeira delas percorrerá 9.505 metros de extensão num solo mais mole até São Joaquim. Já o segundo shield, chamado de “conversível”, por escavar pelo método EPB (Earth Pressure Balance, com câmera hiperbárica) ou aberto, terá pela frente 5.225 metros de escavação em rocha na maior parte do caminho.

Apesar do trecho menor, esse “tatuzão” terá dois desafios pela frente, as chamadas falhas Taxaquara e Itaberaba, interrupções repentinas nas rochas e que geram fluxo abundante de água. Por essa razão, o executivo da Acciona afirmou que a primeira delas, que fica próxima do VSE Tietê, fará com que o shield comece o trabalho 100 metros à frente, já numa área mais segura.

Com diâmetro externo de 10,55 m e comprimento de 100 metros, os dois shields farão a instalação de nada menos que 6.700 anéis de concreto que darão forma ao túnel duplo da Linha 6, por onde circularão os 22 trens fabricados pela Alstom.

A escavação do túnel de estacionamento sob o rio Tietê já avança (GESP)

Sobre as estações, a Acciona utilizará dois métodos executivos, o VCA (Vala a Céu Aberto) em seis estações (Brasilândia, Vila Cardoso, Santa Marina, SESC-Pompéia, Perdizes e 14 Bis) e NATM nas outras nove (Itaberaba, João Paulo I, Freguesia do Ó, Água Branca, PUC Cardoso de Almeida, Angélica-Pacaembu, Higienópolis-Mackenzie, Bela Vista e São Joaquim).

O método VCA consiste em valas retangulares enormes e que foi usado em várias estações da Linha 5. Já o NATM é mais utilizado em locais em que há menos espaço disponível, com escavação por poços circulares e já no fundo com a abertura do corpo da estação e plataformas.

Fases da obra

Um dos slides apresentados por Mateucci revela um cronograma simplificado do projeto até a sua conclusão após cinco anos de obras, dividido em quantidade de meses. O site fez um infográfico simples baseado nessa imagem e que mostra como serão os trabalhos nos próximos anos considerando o início dos trabalhos em outubro.

Nesse cenário aproximado, a fase de escavação ocorreria a partir de janeiro deste ano, o que de fato aconteceu. Em abril, seria dado início ao revestimento primário dos poços e também a escavação dos túneis. Novamente, a previsão coincide com ações desse tipo, como a abertura do túnel de estacionamento no SE Aquinos, que também já teve suas paredes revestidas em boa parte.

Construção deve levar cinco anos e ocorrerá em várias frentes simultâneas

Seguindo o cronograma de barras, a próxima fase a ser iniciada será a de estrutura de estações e VSE’s, por volta de agosto ou setembro. Esses trabalhos devem se expandir por todos os canteiros até o final de 2022 quando então a Acciona dará início ao acabamento de urbanização.

Por volta do segundo semestre de 2023, a empresa poderá implantar as vias, um trabalho que deve durar até por volta de junho ou julho de 2024. Nesse meio tempo, trechos dos 15 km de túneis já serão alvo da implementação de sistemas diversos, atividade essa que seguirá até a entrega da nova linha, por volta de outubro de 2025.

Trata-se, é importante dizer, de uma previsão aproximada do andamento do projeto, que pode atrasar ou mesmo adiantar fases já que envolve grandes desafios e um grau de complexidade pouco visto em obras no Brasil. Sem dúvida, os próximos anos serão bastante agitados no eixo entre Brasilândia e a estação São Joaquim.

Fonte: MetrôCPTM
Data: 09/04/2021