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Indústria ferroviária brasileira continua estagnada

16.12.2021 | | Notícias do Mercado

Fonte: SIMEFRE
Data: 16/12/2021

A pandemia entrou em seu segundo ano, mas já dá sinais de arrefecimento, o que enseja uma tendência de melhoria nos negócios, de uma forma geral, não sendo diferente no setor ferroviário.

Os volumes de entregas de veículos ferroviários (vagões de carga, locomotivas e carros de passageiros) continuaram ainda muito reduzidos em 2021, mantendo um elevado índice de ociosidade, entre 80 e 100% (dependendo do tipo de veículo), afetando toda a cadeia produtiva do setor.

A indústria de vagões de carga melhorou muito pouco seu desempenho em relação a 2020, com entregas previstas para 2021 de apenas 1.800 vagões, contra uma previsão de 2.500 unidades, volume ligeiramente superior ao de 2020, quando foram entregues 1.672 vagões. Não houve exportações.

As entregas de locomotivas tiveram desempenho pouco melhor e fecharão 2021 com 67 locomotivas, contra uma previsão de 61 unidades, melhor também que em 2020, quando foram entregues apenas 29 locomotivas. Houve exportação de 3 unidades.

Estes volumes estão longe dos níveis históricos. A indústria ainda espera por encomendas maiores, conforme foi previsto nos programas de Renovações Antecipadas das Concessionárias de carga.

Estas oscilações nos volumes de fabricação, via de regra para menos, trouxeram reflexos negativos na mão de obra direta, que foi reduzida em cerca de 20% ao longo dos últimos três a quatro anos.

As previsões para o ano de 2022 são ainda menos auspiciosas, com volumes mais reduzidos de vagões, entre 1.500 e 1.700 unidades, e também de locomotivas, com 54 unidades.

Vicente Abate, diretor do SIMEFRE (Sindicato Interestadual de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários) e presidente da ABIFER (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), comenta: “Sabemos dos desafios que todos nós, do setor ferroviário brasileiro, estamos vivenciando. Entendo que as políticas públicas do MINFRA precisam ser absorvidas e seguidas. Cabe a algumas Concessionárias entenderem-nas e transformá-las em ações concretas, que incorporem a Indústria no processo”.

“Na área de passageiros, a indústria ferroviária brasileira terá um novo alento somente a partir de 2023, com diversas encomendas já colocadas, para exportação e mercado doméstico. Para o primeiro trimestre de 2022, esperam-se a Licitação dos 44 trens do Metrô SP e o Edital do TIC – São Paulo a Campinas”, informa Massimo Giavina, vice-presidente do SIMEFRE e membro do Conselho da ABIFER.

Em 2021 serão entregues apenas 35 carros de passageiros, todos para o Metrô de Santiago, contra uma previsão de 43 unidades. Para 2022, a previsão de entregas é de 16 carros.

O mercado se recuperará a partir de 2023, com exportações já fechadas para os Metrôs de Taipei, Bucareste e Santiago, além das entregas dos carros para a Linha 6 da ACCIONA e para as Linhas 8 e 9 da CCR. Outras oportunidades esperadas são o People Mover, que ligará a Linha 13 aos três terminais do Aeroporto de Guarulhos, e o VLT da W3 em Brasília.

“Importante salientar a continuidade da luta de nosso setor por isonomia tributária entre trens nacionais e importados. Estados têm aplicado a imunidade tributária na importação, levando a uma concorrência injusta com o produto nacional, suprimindo empregos e renda no Brasil. Estão preterindo o produto nacional, com ampla base instalada, de melhor qualidade e mão de obra qualificada, em favor do estrangeiro, de pior qualidade e inexistência de assistência técnica e de materiais de reposição”, avalia Giavina.

Na área de carga, a MRS teve seu processo de renovação encaminhado ao TCU e as renovações antecipadas seguem seu curso na FCA e Rumo Malha Sul.

O ano de 2021 poderá, ainda, tornar-se um divisor de águas para o setor ferroviário nacional, com as iminentes aprovações da prorrogação do Reporto e do Marco Legal das Ferrovias (que dará segurança jurídica ao programa das Autorizações Ferroviárias), que poderão elevar os volumes de veículos, componentes e materiais para via permanente, já a partir de 2021. “Confiamos na aprovação de todas as renovações antecipadas, do Reporto e das Ferrovias Autorizadas. Com isso, a indústria ferroviária instalada no País voltará a crescer e a garantir empregos qualificados e renda aos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros”, conclui Abate.