Av. Paulista, 1313 - 9º Andar - Conjunto 912 (11) 3289-1667 [email protected]
pt-bren

Indústria lidera pedidos ao governo de medidas anticrise

10.04.2020 | | Notícias do Mercado

Setor responde por mais de um terço das 1.205 solicitações

 

Diogo Mac Cord, secretário de Infraestrutura: ações que atendem setores da economia de forma mais ampla são prioridade — Foto: Edu Andrade/Ascom/ME

A indústria é o setor com mais pedidos de medidas para enfrentamento dos problemas econômicos gerados pelo coronavírus encaminhadas para o governo nas últimas semanas. A informação é do secretário de Infraestrutura do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, que foi deslocado de sua atribuição para coordenar a equipe de mais de 35 pessoas que tem conduzido essa interlocução com o setor produtivo na atual crise.

Em entrevista ao Valor, ele explicou como tem sido o processo de recebimento e análise das propostas. Do total de 1.205 sugestões apresentadas pelo setor privado, a indústria foi responsável por 456 demandas; serviços, 263; comércio, 155 e infraestrutura, 119, para ficar nos maiores volumes.

Mac Cord explicou que há grande número de repetições nas propostas e que parte do trabalho é agrupar as sugestões e homogeneizá-las. “Nós tivemos que criar metodologia para não deixar nenhuma contribuição de fora”, disse. “Preferimos que as propostas cheguem por canais oficiais, mas não estamos burocratizando”, afirmou, explicando que as sugestões às vezes chegam por e-mail, WhatsApp ou ofícios formais.

Segundo ele, quase metade das sugestões foi atendida. A prioridade foi para ações mais “transversais”, ou seja, que atendiam de forma ampla os setores da economia. Nesse contexto que se encaixam iniciativas como ampliação de crédito para capital de giro e postergação de tributos, que foram adotadas nas últimas semanas. “As medidas mais específicas têm um custo administrativo mais elevado. Por isso, sabendo de grupo escasso, priorizamos as iniciativas mais transversais”, comentou.

Mac Cord diz que a tarefa de seu grupo é também triar as propostas que serão efetivamente analisadas. Cerca de 15% de tudo que chegou para o governo foi arquivado, com seus demandantes já avisados. Há também um volume de 39% das propostas que segue sob análise, entre elas medidas para criação de um novo Refis e adiamento de obrigações acessórias e tributos.

Após a triagem das medidas, a secretaria leva as propostas para as áreas responsáveis e ajuda na interlocução com o setor produtivo. Nesse sentido, também foi estabelecida uma dinâmica de reuniões envolvendo cerca de dez setores que receberão retorno semanal e trocarão informações com o secretário especial, Carlos Da Costa.

Questionado se não seria curioso que a indústria tenha mais pedidos, embora de início o setor de serviços e o comércio pareçam mais atingidos pela paralisação, Mac Cord trata com naturalidade. Segundo ele, o setor industrial tem mais associações e um grau maior de organização. Além disso, pondera, esse segmento está sendo sim fortemente impactado, como mostram dados de consumo de energia, e tem forte relação com os demais setores da economia.

Para ele, também não há contradição entre um governo liberal e interlocução setorial. “Sempre dialogamos. E sempre trabalhamos com nossas convicções. Há muita demanda de recurso a fundo perdido, e isso não tem. Quando falamos em setor, falamos em um primeiro momento em medidas transversais, por exemplo como pagar o trabalhador. Uma empresa saudável consegue garantir trabalhador amparado, como consegue garantir fluxo de caixa”, disse. “Estamos estendendo a mão para empresas chegarem do outro lado, mas não estamos selecionando quem vai chegar do outro lado.”

 

Fonte: Valor Econômico

Data: 09/04/2020