Av. Paulista, 1313 - 9º Andar - Conjunto 912 (11) 3289-1667 [email protected]
pt-bren

João Alberto de Abreu: Olhar e construir no longo prazo

04.07.2022 | | Notícias do Mercado

Fonte: Valor Econômico
Data: 01/07/2022

A chegada de João Alberto de Abreu ao comando da Rumo, em abril de 2019, coincide com o início de um enorme ciclo de expansão vivido hoje pela empresa. Em março daquele ano, a companhia de logística do grupo Cosan saiu vencedora do leilão da ferrovia Norte-Sul, que previa um investimento de R$ 2,8 bilhões. Em 2020, mais um contrato: a renovação antecipada da Malha Paulista, com mais R$ 6 bilhões em obras. O executivo, também conhecido como Beto Abreu, comemorou a assinatura já pensando no próximo passo, a extensão da Malha Norte até Lucas do Rio Verde (MT). O projeto prevê até R$ 11 bilhões em investimentos e inaugura um formato inovador no país, o regime de autorização, no qual o empreendi – mento é 100% privado.

Para o executivo, a estratégia de crescimento da Rumo para as próximas décadas foi traçada e, agora, o desafio será executá-la. “Colocamos de pé um portfólio muito robusto. Nosso trabalho agora é extrair valor e conseguir entregar tudo o que está previsto”, afirma.

Formado em engenharia na PUC do Rio de Janeiro, Abreu começou sua carreira na Shell, aos 22 anos, ainda como estagiário – e, de certa forma, só saiu da empresa para se tornar presidente da Rumo. Após a fusão da Shell com o grupo Cosan, em 2011, ele se tornou executivo da Raízen, onde permaneceu até 2019. Quando ele entrou na Rumo, a companhia havia acabado de sair de um período de reestruturação, iniciado a partir da fusão com a ALL, em 2015. O executivo, portanto, recebeu uma empresa já nos trilhos, mas com a missão de colocá-la em movimento.

Abreu atribui o atual ciclo de expansão à qualidade técnica e ao entusiasmo da equipe que a companhia conseguiu reunir. “A Rumo tem um grupo de profissionais muito preparado e muito apaixonado. Estamos vivendo uma transformação da infraestrutura brasileira. É um legado que está sendo construído, então, pode-se imaginar o quanto as pessoas se sentem mobilizadas por participar disso”, diz ele.

Além dos novos projetos, no último ano, Abreu ainda esteve à frente da companhia durante a reformulação do marco legal do setor ferroviário, no qual a empresa teve papel determinante. A principal mudança trazida pela nova lei foi o regime de autorização pelo qual o governo apenas autoriza a construção de ferro – vias totalmente privadas, sem participação do poder público, diferentemente do modelo das concessões que predominou no país até hoje. O projeto da Rumo foi um fator de pressão para tirar a lei federal do papel. “Uma das características do grupo é que não se furta a se posicionar quando não concorda com algo, e a assumir o protagonismo de iniciativas que podem melhorar o ambiente de negócios”, diz o executivo.

Não faltaram desafios em 2021, como a quebra da safra de milho no segundo semestre, que derrubou os volumes e pressionou sua alavancagem. “A companhia conseguiu crescer com uma estratégia de usar nossa capacidade instalada e ganhar participação de mercado, buscando produtos a distâncias maiores, mesmo com rentabilidade menor.” Abreu afirma que a companhia está preparada para os investimentos bilionários que estão por vir. “A Rumo conseguiu uma estrutura de capital positiva, com uma dívida com vencimento de longo prazo, captações de fontes diversas e capacidade de reinvestir a sua geração de caixa”, diz. Ao mesmo tempo, ele ressalta que o ritmo de expansão irá respeitar os limites de alavancagem do grupo.

O cenário político tampouco preocupa, segundo ele. “O Brasil tem instituições fortes. Nosso negócio está alinhado com o país no longo prazo, e não com o governo X ou Y”, afirma. “Temos muito clara nossa estratégia. Nosso desafio agora é operacional.”