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Opinião – A vez das ferrovias

27.10.2022 | | Notícias do Mercado

Fonte: ND Mais
Data: 26/10/2022

Há dez anos, produtores, empresários, industriais e comerciantes do Oeste de Santa Catarina aguardam pela criação da Ferrovia do Frango. O Oeste catarinense tem o agronegócio como a principal matriz econômica na região. Porém, o setor tem dificuldades com relação ao transporte de carga, devido ao alto custo do frete e as condições precárias das rodovias. A construção de uma ferrovia, ligando o Oeste ao Litoral, foi pensada para agilizar e baratear o escoamento da produção até os portos de Itajaí e Navegantes.

O principal entrave do projeto da Ferrovia do Frango é o alto custo de investimento e o cálculo de retorno econômico que justificaria tal aplicação. O custo gira entre R$ 17 bilhões e R$ 21 bilhões.

Uma nova esperança surge agora com a publicação pelo governo federal do decreto 11.245, de 21 de outubro de 2022, que regulamenta a lei 14.273, de dezembro de 2021, a chamada Lei das Ferrovias. O objetivo é viabilizar investimentos privados no setor ferroviário do país. O decreto permitirá a construção de novos trilhos, no aproveitamento de trechos ociosos e na prestação do serviço de transporte ferroviário, por meio do modelo de autorizações.

Segundo o Ministério da Infraestrutura, até setembro, um ano após instituir o modelo de autorizações ferroviárias, 89 pedidos do setor privados foram registrados, feitos por 39 proponentes. Os requerimentos somam 22.442 quilômetros de novos trilhos em todas as regiões do país e têm projeção de investimento estimado em R$ 258 bilhões.

Levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostrou que o setor de transporte é o mais falho do ramo industrial. A pesquisa ouviu mais de 2.000 executivos de grandes e médias indústrias de todo o país. Para quase 80% deles, a logística é o maior problema de infraestrutura.

O transporte mais utilizado é o rodoviário, por meio de caminhões, com cerca de 99% de adesão. Entretanto, grande parte dos executivos ouvidos pela CNI trocaria para o transporte ferroviário, que é usado por apenas 8% das indústrias e fica atrás, por exemplo, do transporte aéreo e portuário.

A explicação das indústrias para trocar as rodovias pelos trens não passa necessariamente pela qualidade do transporte ferroviário, já que mais de 60% dos entrevistados consideram os serviços prestados pelos trens como regulares, ruins ou péssimos. No entanto, para as empresas, o transporte rodoviário possui custos de logística bem maiores, especialmente pelo aumento de preço dos combustíveis, dos fretes e da inflação.