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Opinião – O Dia do Ferroviário

10.05.2022 | | ABIFER News

Vicente Abate – presidente da ABIFER

Em 30 de abril, celebramos o nosso dia, o Dia do Ferroviário, e com muita honra. Não nos faltam motivos para comemorar tão marcante data, mas também devemos aproveitar este momento para algumas reflexões.

A ABIFER criou a #orgulhodeserferroviaria(o), para mostrar ao “mundo” a nossa tradição e a resiliência de nossa gente, que sempre enfrentou as agruras que nosso setor vivencia de tempos em tempos, com extrema galhardia.

Os tempos atuais, enfim, trazem perspectivas promissoras em futuro próximo, que precisamos capitalizar. Sim, estamos no foco de diversas ações positivas por parte de nossos governantes, bem como da iniciativa privada, que tem respondido a este chamamento com a realização de vultosos investimentos.

No transporte ferroviário de cargas, as ações proativas do Ministério da Infraestrutura proporcionaram diversas frentes de projetos, conduzidas através de uma Política de Estado, que se iniciou no governo anterior, em 2016, perpassa pelo atual e que, certamente, deixará um legado para o próximo governo, qualquer que seja ele, para lhe dar plena continuidade. Ademais, diversos governos Estaduais elaboraram seus Planos Estratégicos Ferroviários, em consonância com os do governo Federal.

As renovações antecipadas dos contratos atuais das concessionárias seguem seu curso, com bom andamento, mas precisam ser aceleradas. Concessões como as da Ferrovia Norte-Sul tramo central e da FIOL 1, realizadas com absoluto sucesso, precisam ser continuadas. Não cabe, portanto, a demora do STF em liberar o leilão da Ferrogrão, travado por ação de um partido político, com viés ideológico, quando a decisão precisa ser técnica.

Os investimentos cruzados prosperarão, para que o adensamento da malha ferroviária ocorra de Oeste para Leste, através da FICO estendida até Lucas do Rio Verde e da conclusão total da FIOL, com destino ao Porto de Ilhéus. Assim como o trecho inicial da EF-118, de Cariacica ao Porto de Anchieta, será o embrião da ligação entre os estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, com importantes portos em seu trajeto. Vemos aí a importância de unir as ferrovias aos portos, com redução de custos logísticos, visando à melhoria de nosso comércio exterior.

Por último, a grande revolução, representada pelas Autorizações Ferroviárias, já contempla 27 contratos assinados, que perfazem cerca de 10 mil km de novas ferrovias, principalmente corredores de exportação de commodities e carga geral, que poderão também ser utilizados no sentido da importação. Sem deixar de mencionar uma Autorização Estadual, já em execução no Mato Grosso.

Segundo o PNL 2035, a implementação destes projetos estruturantes elevará a participação do transporte ferroviário de carga, na matriz de transporte brasileira, dos atuais 20% para 40%.

Na área de passageiros não é diferente, em que pese a pandemia, em seu auge, tivesse reduzido drasticamente a demanda, que já se recupera a olhos vistos, mas que deixou sequelas financeiras nas operadoras. A GRU Airport finalizou a contratação do Aeromovel, com tecnologia nacional. O projeto do Trem Inter Cidades (TIC), entre São Paulo e Campinas, já está maduro o suficiente para que o governo lance o Edital ainda na gestão atual. Operações do Metrô SP e da CPTM foram concedidas à iniciativa privada, movimento que está sendo replicado em outras regiões do País.

Urge, entretanto, incentivar o transporte ferroviário de média e longa distâncias, como ocorre nas operações que a Vale executa, na EF Vitória a Minas e na EF Carajás. Para que este processo se dissemine, temos que dispor de uma Política Nacional de Transporte de Passageiros sobre Trilhos, cuja elaboração está em curso, há já algum tempo, na SNTT – Secretaria Nacional de Transporte Terrestre do MINFRA, mas que precisa ser finalizada com a requerida urgência.

Como reflexão final, mas não menos importante, todos estes projetos estratégicos têm que chegar à indústria ferroviária brasileira, em forma de encomendas, para amenizar a dramática ociosidade que a indústria apresenta, não de hoje, tendo perdido mão de obra qualificada e correndo o sério risco de desestruturação de suas empresas, também estratégicas, para que o Brasil independa de danosas importações.

Damos vivas ao Dia do Ferroviário, na certeza de que as nossas operadoras e a nossa indústria aproveitarão as oportunidades presentes para o seu crescimento e o do Brasil, com geração de empregos e renda para brasileiras e brasileiros!

Artigo a ser publicado na Revista da AENFER