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Opinião – Segurança no Transporte Metroferroviário

11.04.2023 | | ABIFER News

Por Roberta Marchesi, diretora executiva da ANPTrilhos.

O acidente ocorrido com o Monotrilho de São Paulo trouxe à tona o tema da segurança no setor metroferroviário. E, embora os sistemas de trilhos tenham um papel fundamental na mobilidade e na segurança do transporte de milhões de pessoas nas cidades e regiões metropolitanas, passageiros eventuais ou frequentes, que utilizam os sistemas de trens e metrôs de todo o Brasil, se perguntaram sobre a segurança do sistema.

Acidentes em metrôs ocorrem com alguma frequência em todo o mundo, mas, felizmente, eles são relativamente raros. As estatísticas mais recentes disponíveis mostram que, em média, ocorrem cerca de 10 a 15 acidentes graves de metrô por ano em todo o mundo. No entanto, é importante notar que, em comparação com outros meios de transporte, como carros, motocicletas e ônibus, o metrô ainda é considerado o mais seguro.

Segundo dados do Seguro DPVAT, em 2020 só no Brasil foram pagas 260.154 indenizações por morte ou invalidez em decorrência de acidentes de trânsito envolvendo automóveis. Já com relação ao setor de ônibus, a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) informou que, no mesmo ano, foram registrados 12.542 acidentes, resultando em 843 mortes e 13.906 feridos. As estatísticas envolvendo motocicletas são ainda piores. Segundo a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), só em 2021 foram registrados 167 mil acidentes.

O bom desempenho do setor metroferroviário, que garante a segurança de mais de 9 milhões de passageiros diariamente, é resultado de rigorosos protocolos de segurança e manutenção, que são adotados pelas operadoras em todo o mundo. Esses protocolos envolvem tanto os trens e Centros de Controle, quanto as áreas de manutenção e as próprias estações.

Os trens de passageiros estão em constante evolução e são equipados com avançados sistemas de segurança, que incluem a automatização dos freios e do controle, ajudando a evitar colisões e descarrilamentos. Eles também são equipados com sistemas de monitoramento de velocidade e alerta de choque, que sinalizam aos condutores e operadores sobre qualquer perigo potencial à frente. Além disso, os trens possuem câmeras de segurança internas e externas, que ajudam a monitorar o comportamento dos passageiros e a detectar possíveis ameaças à segurança.

Conectados com os trens, os Centro de Controle Operacional (CCO) desempenham um papel vital na segurança de todo o sistema, além de garantir a eficiência e a pontualidade dos serviços metroferroviários. Ele é responsável por monitorar e gerenciar a operação dos trens e a segurança dos passageiros. São equipados com tecnologia avançada, contando com sistemas de comunicação e monitoramento de tráfego em tempo real, permitindo que os controladores respondam rapidamente a qualquer situação de emergência.

Outro ponto importante para a garantia da segurança do setor metroferroviário é a manutenção dos trens, da infraestrutura e dos equipamentos. A falta de manutenção adequada pode levar a falhas mecânicas, mau funcionamento de sistemas críticos, aumento do desgaste das peças e componentes, entre outros problemas que podem colocar em risco a segurança dos passageiros e das operações. No Brasil os sistemas metroferroviários passam por manutenção regular para garantir que estejam em condições adequadas e as equipes de operação e manutenção trabalham continuamente para garantir que tudo esteja funcionando de forma segura e eficiente. Para se ter uma ideia da seriedade com que esse tema é tratado pelos operadores, só no ano passado mais de 10 milhões de horas de trabalho foram dedicadas à manutenção dos sistemas em todo o país.

Até as estações de trens e metrôs possuem protocolos de segurança. Os funcionários das estações são treinados para lidar com situações de emergência e para ajudar os passageiros em caso de problemas. Eles também são responsáveis por inspecionar e manter a infraestrutura de toda a estação, incluindo os trilhos, plataformas e a sinalização.

A segurança dos passageiros e das operações são uma prioridade para as empresas metroferroviárias e para as autoridades regulatórias. As medidas e protocolos de segurança são projetados para garantir a segurança dos passageiros e minimizar os riscos de acidentes. Os passageiros também devem fazer sua parte, seguindo as instruções de viagem e tomando as precauções adequadas. São essas medidas combinadas, que vão garantir que as viagens de trens e metrôs sejam a maneira mais segura e eficiente de se deslocar nas cidades.

 

Artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo, na coluna Estadão Mobilidade, em  22 de março de 2023.