05.05.2022 | Assessoria de Imprensa | Notícias do Mercado
Fonte: O Estado de S. Paulo (Blog Pelo Interior) Data: 02/05/2022
Um grupo de estudos recém-criado pelo governo estadual prevê a reativação do transporte de passageiros e de cargas em 2,5 mil quilômetros de rodovias que atualmente estão inoperantes no Estado de São Paulo. O Grupo de Trabalho Ferrovias de São Paulo já realiza reuniões técnicas com prefeitos e entidades do setor ferroviário para definição dos trechos que podem voltar a receber trens.
A iniciativa faz parte do Plano Estratégico Ferroviário do Estado de São Paulo, resultado de estudos realizados pela Secretaria de Logística e Transportes do Estado para alavancar o transporte sobre trilhos. Conforme o secretário João Octaviano Machado Neto, o resgate do transporte ferroviário, especialmente de curta distância, favorece o desenvolvimento regional e o turismo. Um levantamento do grupo de trabalho mostrou que a malha ativa de trilhos em São Paulo, com 2.390 quilômetros, é 46% menor do que aquela inoperante, com baixa capacidade ou ociosa, que chega a 2.530 quilômetros (54%).
O secretário acredita que o modal ferroviário complementa os sistemas hidroviário e rodoviário, com a vantagem de ser mais sustentável em relação a este último, por emitir menos gases poluentes. Um trem com duas locomotivas e 96 vagões pode transportar 8,4 mil toneladas de cargas, equivalentes à carga de 220 caminhões bitrens. O projeto ajudaria a desafogar o tráfego rodoviário no entorno das grandes cidades, como a capital paulista e Campinas.
O plano da Secretaria é conceder autorização às empresas interessada em transporte de cargas por trilhos. Em contrapartida, essas empresas ficariam responsáveis pela recuperação e manutenção do trecho a ser usado durante a vigência do contrato. As empresas assumiriam compromissos de recuperar ferrovias abandonadas, acabar com ‘cemitérios’ de vagões e, em alguns casos, retirar trilhos das áreas urbanas.
As ferrovias tiveram papel fundamental no desenvolvimento do país, ajudando principalmente na expansão da lavoura do café, principal produto exportado pelo Brasil entre o século 19 e o início do século 20. Ajudou também a industrialização do estado de São Paulo e de outros estados brasileiros. Muitas cidades do interior de São Paulo surgiram ou se desenvolveram após a chegada dos trilhos.
Em 1950, os trens eram o principal meio de transporte entre as duas maiores cidades do país – São Paulo e Rio de Janeiro. A ponte aérea entre as duas capitais só surgiu em 1959. No início, as ferrovias foram empreendidas pela iniciativa privada – no caso de São Paulo, empresários e grandes produtores de café. Entre as décadas de 1970 e 1990, muitas foram estatizadas, como as ferrovias paulistas, incorporadas pela Fepasa.