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Vale reforça caixa em US$ 5 bilhões e anuncia apoio a fornecedores

27.03.2020 | | Notícias do Mercado

Companhia vai antecipar R$ 160 milhões a pequenas e médias empresas no país

 

Siani, diretor-executivo de nanças da Vale: interesse é manter ecossistema em torno da empresa saudável para que todos estejam prontos para retomada — Foto: Leo Pinheiro/Valor

A Vale anunciou ontem novas medidas para fazer frente às incertezas da pandemia de coronavírus. Em um dos movimentos, a mineradora decidiu sacar US$ 5 bilhões em linhas de crédito rotativo, espécie de cheque especial mantido junto a bancos. Os recursos não têm destinação específica, ficarão disponíveis no caixa do tomador, a trading Vale International, e poderão ser usados como capital de giro. Trata-se de reserva de contingência para eventual deterioração do cenário. Na outra iniciativa, a Vale comunicou a ajuda temporário a fornecedores no país.

“O interesse da companhia é manter o ecossistema que gira em torno da Vale saudável para assegurar que, quando houver a retomada da atividade econômica, todo mundo esteja pronto para suportar essa retomada. A Vale tem todo interesse em manter saudável a sua cadeia de fornecedores porque depende dela para produzir e produzir bem”, disse ao Valor o diretor-executivo de finanças da companhia, Luciano Siani Pires.

O objetivo, portanto, é ajudar os fornecedores a manter a saúde financeira neste momento de dificuldades. Serão desembolsados mais de R$ 160 milhões para pequenas e médias empresas. A mineradora disse que vai adiantar os pagamentos por serviços realizados e materiais entregues antes do vencimento das faturas. A medida deverá beneficiar mais de mil fornecedores de todo o país.

Ainda segundo a Vale nos próximos 30 dias a empresa vai reduzir em até 85% o prazo de pagamento de serviços e materiais que ainda serão faturados para cerca de 3 mil fornecedores de pequeno e médio portes. A companhia também vai suportar financeiramente empresas e trabalhadores da construção civil de projetos que estão sendo temporariamente suspensos. O apoio neste caso será negociado caso a caso pois existem obrigações a serem observadas. Segundo a Vale, não haverá impacto sobre obras relacionadas à segurança de barragens.

O clima de apreensão mundial com a pandemia do novo coronavírus levou a companhia a anunciar, na segunda-feira, a paralisação temporária do terminal marítimo Teluk Rubiah, na Malásia, que serve como entreposto logístico para as exportações de minério de ferro feitas pela empresa do Brasil. Em 2019, o terminal embarcou 23,7 milhões de toneladas de minério de ferro. O governo malaio determinou confinamento no país por 15 dias, com forças policiais nas ruas, período esse que poderá se estendido.

Em nota, a Vale disse que tomou a decisão de parar Teluk Rubiah pois “não é possível garantir os recursos mínimos para operar com segurança o terminal”. Os navios serão redirecionados para outros portos onde a empresa opera na China. Embora no primeiro trimestre haja previsão de redução de 500 mil toneladas nas vendas, como resultado da parada do terminal, o volume será compensado ao longo do ano.

No Brasil, as operações da Vale se mantêm dentro da normalidade em minas, ferrovias e portos. A companhia vem tomando medidas para garantir a segurança das operações e dos trabalhadores, incluindo a redução em mais de 50% na ocupação dos ônibus, o escalonamento de horários para refeições e o funcionamento de refeitórios mais vazios uma vez que parte dos empregados passou a fazer trabalho de casa.

Apesar desses cuidados, a pandemia do novo coronavírus trouxe incertezas para a companhia. É nesse contexto que a Vale decidiu sacar suas linhas de crédito rotativo com vencimento em junho de 2022 (US$ 2 bilhões) e dezembro de 2024 (US$ 3 bilhões). A última vez que a empresa havia recorrido a esse tipo de linha havia sido em 2016, mas em contexto diferente, quando o minério de ferro estava em US$ 40 por tonelada (ontem a cotação era de US$ 83,97 por tonelada em Qingdao, embora a volatilidade neste momento seja forte). Em 2016, a Vale tinha dívida líquida maior (US$ 28 bilhões) ante cerca de US$ 5 bilhões hoje mais compromissos de Brumadinho (US$ 5,47 bilhões em 31 de dezembro). O crédito rotativo funciona, portanto, como colchão de liquidez para atravessar este período de um mundo em dificuldades.

 

Fonte: Valor

Data: 25/03/2020