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Tocantins pode se transformar em hub logístico do Brasil central

15.12.2025 | | Notícias do Mercado

Fonte: Valor
Data: 15/12/2025

A se confirmarem os estudos prospectivos antecipados pelo governo estadual, Tocantins tende a se consolidar como hub logístico e produtivo da região central do país nas próximas duas décadas, incorporando a suas exportações bens industrializados e de maior valor agregado. Os avanços já anotados ou ainda em curso no setor de infraestrutura logística e o incremento vigoroso da produção de grãos têm atraído investimentos especialmente em terminais de integração multimodal e unidades industriais ao longo da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em um valor consolidado de quase R$ 940 milhões apenas nos dois últimos anos.

Além da ferrovia, considerada a “espinha dorsal” da logística no Estado, o governo trabalha com a perspectiva de federalização das rodovias TO-050 e TO-020 – o que ampliaria a BR-010 (Belém-Brasília) em 171 km, trazendo melhora no escoamento de grãos do sudeste tocantinense – e da TO-080, ligando Palmas a Paraíso do Tocantins. Ainda em fase de estudos, a Hidrovia Tocantins-Araguaia, polêmica em função da necessidade de derrocagem do Pedral do Lourenço, tende a incrementar a integração do Estado com os portos da região Norte, a custos logísticos mais baixos ao longo dos seus quase 3 mil km.

Na estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Tocantins deve colher perto de 9,6 milhões de toneladas de grãos na safra 2025/26, mais que o quíntuplo do que foi colhido em 2009/10. O Estado responderá por pouco mais de 24% da safra esperada para todo o Matopiba (região de confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

Associada à melhoria na logística, o potencial agrícola da região foi um dos fatores que levaram a Mosaic a investir perto de R$ 400 milhões numa misturadora de fertilizantes no Terminal Integrador de Palmeirante (Tipa), da VLI. A planta iniciou sua operação em julho e deve entregar em seu primeiro ano de funcionamento perto de 500 mil toneladas ao mercado regional, prevendo alcançar sua capacidade plena, prevista em 1 milhão de toneladas anuais, por volta de 2028.

Segundo Eduardo Monteiro, country manager da companhia, a operação integrada com a Ferrovia Norte-Sul (FNS), que conecta a unidade ao corredor de fertilizantes instalado pela VLI e pela Companhia Operadora Portuária do Itaqui (Copi) no porto do Itaqui, em São Luís (MA), traz maior estabilidade aos fluxos de carga, eficiência logística e segurança operacional, favorecendo a escala e a competitividade do negócio.

A VLI também conduz a operação do terminal de Porto Nacional, a 38 km de Palmas, ponta de acesso de cargas ao sistema, com capacidade para 6 milhões de toneladas.

Ao sul, os terminais intermodais de Alvorada e Gurupi, dão acesso ao porto de Santos (SP) por meio da Malha Central da FNS, operada pela Rumo. Essa integração dá maior previsibilidade ao escoamento da produção e maior competitividade ao produtor, elevando o patamar logístico do Tocantins, considera Natalia Marcassa, vice-presidente da Rumo.

O terminal de Alvorada, investimento em parceria com a CHS, subsidiária da maior cooperativa agrícola dos Estados Unidos, pode movimentar até 1,5 milhão de toneladas de grãos por ano, atendendo à região sul de Tocantins. Em Gurupi, o Grupo Fazendão investiu R$ 80 milhões na construção do Terminal Rodoferroviário Fazendão (TGP). Com capacidade estática para 40 mil toneladas, a unidade deverá movimentar até 2 milhões de toneladas de soja, conforme o CEO do grupo, Volney Aquino Santos. “Atualmente o terminal dá suporte logístico à nossa unidade industrial de Cariri do Tocantins, localizada a apenas 20 km, que já realiza o processamento dos grãos e o escoamento de farelo com destino ao Porto de Santos”.

Como parte de sua estratégia de interiorizar suas operações, segundo Fulvius Tomelin, presidente da Ultracargo, a companhia investiu R$ 160 milhões para instalar em Palmeirante um terminal para combustíveis e biocombustíveis, o que deve facilitar o abastecimento de Tocantins, do interior do Maranhão, além de Pará, Piauí e Mato Grosso. “A localização privilegiada foi outro fator determinante, já que Palmeirante está conectada diretamente à malha ferroviária local, que leva ao Porto de Itaqui (MA), criando um corredor logístico mais competitivo, estável e sustentável”, afirma.

Com capacidade para 23 milhões de litros, acrescenta Tomelin, o novo terminal, inaugurado em setembro, elimina descolamentos e esperas e reduz custos operacionais para clientes da companhia.