Av. Paulista, 1313 - 9º Andar - Conjunto 912 (11) 3289-1667 [email protected]
pt-bren

ABIFER da mídia – Destaque: o renascimento das ferrovias do Brasil

01.02.2024 | | Notícias do Mercado

Fonte: BN Américas
Data: 30/01/2024

 

Os projetos ferroviários do Brasil vêm ganhando força à medida que o país aposta nas ferrovias como uma solução para o transporte dentro de suas dimensões continentais.

O setor ferroviário também está se beneficiando da política nacional de industrialização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um programa de R$ 300 bilhões (US$ 60 bilhões) focado em apoiar as indústrias locais nas frentes de inovação e transformação digital, sustentabilidade, expansão das exportações e maior produtividade.

“A política industrial por parte do governo e do BNDES é favorável à indústria ferroviária”, disse à BNamericas Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER).

Segundo Abate, os projetos de construção de ferrovias no Brasil geram efeitos positivos significativos para a indústria local, em particular para a fabricação de vagões de carga, 100% produzidos localmente.

“Só os rolamentos são importados, o restante dos produtos pode ser fabricado no Brasil. Já locomotivas e trens de passageiros não são a mesma coisa. As locomotivas têm taxa de nacionalização de 50%”, lembrou o executivo.

Apesar da incerteza, as expectativas de avanços em grandes projetos estão atraindo a atenção de grandes fornecedores globais, como a empresa europeia Alstom e o fabricante chinês de trens CRRC. As iniciativas também estão gerando uma grande quantidade de trabalho para consultorias especializadas, como Egis, Pöyry, Progen, Sysfer e Tenax.

Enquanto o progresso nos projetos de trens de passageiros depende mais dos governos estaduais e municipais – muitos deles também com financiamento do BNDES –, as iniciativas e regulamentações que envolvem linhas de carga dependem mais do governo federal, uma vez que geralmente atravessam mais de um estado.

A BNamericas analisa alguns dos projetos ferroviários de passageiros e carga em andamento hoje no Brasil.

 

FERROVIAS DE PASSAGEIROS

 

Fevereiro será um mês importante, já que o estado de São Paulo deverá realizar no dia 29 a licitação para o contrato de PPP do sistema ferroviário Trem Intercidades, uma das iniciativas de trens de passageiros mais importantes dos últimos anos.

O contrato para construir e operar a linha de 101 km envolve investimentos estimados em R$ 13,5 bilhões.

A CCR, maior empresa de infraestrutura de transporte do Brasil, está em negociações avançadas para liderar um consórcio de empresas que apresentará uma oferta no leilão, revelou uma fonte familiarizada com o assunto à BNamericas, sob condição de anonimato.

Enquanto isso, a operadora do metrô de Brasília, Metrô-DF, publicou recentemente o edital de licitação para a contratação de empresa ou consórcio para a realização de obras de expansão do trecho da linha em Ceilândia.

As obras incluem uma expansão de 2,3 km e duas novas estações, que serão construídas entre as quadras QNO 5 e 13 e QNO 7 e 15.

As propostas das empresas interessadas serão recebidas até 3 de abril, informou a operadora no Diário Oficial. O Metrô-DF não divulgou o valor do investimento do projeto, mas ele faz parte de um programa de expansão maior, que totaliza R$ 2,5 bilhões.

A operadora estatal Companhia do Metropolitano de São Paulo também iniciou a fase de consulta pública do projeto de construção da Linha 20-Rosa, que percorrerá pouco mais de 31 km na maior cidade do país.

A empresa realizou uma reunião de consulta pública no início de janeiro, outra em 29 de janeiro e deverá realizar uma terceira no dia 1º de fevereiro, todas nos municípios onde a linha será construída.

As consultas fazem parte do processo de obtenção das licenças ambientais da nova linha e do prolongamento oeste da Linha 2-Verde, que será interligada à Linha 20. O projeto envolve a construção de 1,3 km de via para conectar as estações Vila Madalena e Cerro Corá.

 

FERROVIAS DE CARGA

 

Nos últimos anos, o Brasil avançou com uma série de iniciativas para melhorar a malha ferroviária de carga, com o objetivo principal de reduzir a elevada proporção de cargas transportadas por rodovias.

Além dos esforços do governo para negociar renovações antecipadas de concessões com as empresas em troca de investimentos, também há o desejo de alterar o modelo de autorizações ferroviárias, permitindo que as empresas assumam a construção de linhas sem participar de um processo licitatório.

“O regime de autorização é, teoricamente, uma boa ideia, mas, infelizmente, entre dezenas de empresas que anunciaram interesse neste modelo de contrato, ainda não vimos nenhum projeto avançando, de fato”, apontou Luis Baldez, presidente da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut), em bate-papo com a BNamericas.

Em relação às renovações antecipadas de contratos de concessão, no momento, o governo está pressionando a mineradora Vale e a empresa de logística MRS Logística para que paguem uma tarifa adicional de quase R$ 30 bilhões por determinados ajustes nas concessões renovadas sob o governo Jair Bolsonaro, entre 2019 e 2022.

Apesar dos desafios nesta área, o país registrou avanços nos projetos de carga.

No início deste mês, a Marquise Infraestrutura iniciou a construção de um trecho de 101 km da Ferrovia Transnordestina, no estado do Ceará.

As obras, avaliadas em R$ 1 bilhão, estão sendo executadas pela Marquise para a Transnordestina Logística (TLSA), subsidiária da siderúrgica CSN. A construção envolve os trechos 4 e 5 da ferrovia, entre os municípios de Acopiara, Piquet Carneiro e Quixeramobim, e tem previsão de conclusão em dois anos.

Quando concluída, será uma das ferrovias mais modernas do país, com 11 viadutos e cinco pontes.

A Ferrovia Transnordestina é um projeto complexo que envolve coordenação entre as empresas, o governo federal e as autoridades dos estados do Ceará e do Piauí. Serão cerca de 1.200 km, sendo 800 km já concluídos. A linha transportará principalmente grãos e minério por 53 municípios dos estados do Ceará, Piauí e Pernambuco.

A construção do projeto original e mais extenso da Transnordestina estava prevista para ser concluída há mais de uma década, mas sofreu vários atrasos e a empresa responsável na época teve dificuldades para obter o financiamento necessário.