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ABIFER na mídia – Prefeitura de SP cria Grupo de Trabalho para retomar proposta de VLT no centro da capital

09.11.2023 | | Notícias do Mercado

Fonte: Diário do Transporte
Data: 08/11/2023

A informação partiu do prefeito João Doria durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, numa segunda-feira, dia 10 de abril de 2017: o urbanista e ex-governador do Paraná Jaime Lerner fora contratado para desenvolver um projeto de requalificação do centro da cidade de São Paulo. (Relembre)

O projeto, de iniciativa do Secovi, tinha prazo de 12 anos e fora doado à prefeitura, como proposta para revitalizar o centro com bulevares e duas linhas turísticas de Veículo Leve Sobre Pneus (VLP), uma espécie de bondes modernos movidos a eletricidade.

Nos mesmos moldes do VLT do Rio de Janeiro, a ideia de Lerner evitava falar em trilhos.

Nesta quarta-feira, 08 de novembro de 2023, portanto mais de seis anos depois, a proposta volta à tona pelas mãos do prefeito Ricardo Nunes.

Em ato do Secretário de Governo, Edson Aparecido, a prefeitura constituiu um Grupo de Trabalho Intersecretarial (GTI) para promover discussões e formular propostas sobre a Implementação de um Sistema de Transporte do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) no Centro da capital.

Em setembro de 2017, o prefeito Doria voltou à carga, e prometeu entregar os bondes modernos sobre pneus até 2020, sem cobradores e com cobrança de tarifa por celular. (Relembre)

Como se viu, uma ideia bombástica que não saiu das pranchetas de arquitetos e urbanistas.

A retomada do projeto de VLT, às vésperas das eleições municipais de 2024, se dá agora através de mais estudos para sua implantação.

Diz o ato do Secretário de Governo Municipal que a motivação contempla várias outras ações da administração pública para a atração de empresas e moradores para a região central do município. E destaca que a implantação de um sistema de VLT como elemento de mobilidade indutor da transformação urbanística já foi objeto de estudos preliminares realizados pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL).

Como benefícios à região central, o ato da Secretaria Municipal ressalta a “sinergia atingida entre mobilidade urbana, transporte público, patrimônio histórico cultural, equipamentos de educação, saúde e lazer, acessibilidade universal, pacto ambiental, dentre outras vertentes que constituem a cidade, pode despertar melhorias significativas nas atividades do cotidiano da população que trabalha, estuda e reside na região central do município”.

O GTI terá prazo de 180 dias, contados a partir de sua primeira reunião, para apresentar o resultado de suas discussões. E será composto por 10 membros, indicados por diferentes entes da prefeitura.

PROPOSTA DE VLT NO CENTRO TEM APOIO DE ENTIDADES DO SETOR METROFERROVIÁRIO

Um grupo formado pelas principais entidades do setor metroferroviário, incluindo a AEAMESP, a ABIFER, o Instituto de Engenharia, a ALAF, a ANTP, o SIMEFRE, o SEESP e a UITP, defende a ideia de um VLT no centro de São Paulo não é de hoje.

Nas eleições de 2020, este grupo apresentou uma Carta Manifesto direcionada aos candidatos a prefeito de São Paulo. (Relembre)

No documento, as entidades reforçam a importância da implantação de sistemas VLT – Veículo Leve sobre Trilhos na capital como ferramenta para uma melhor qualidade de vida a todos os seus cidadãos.

A Carta destaca que à exceção das viagens realizadas pelos modos sobre trilhos, operados pela CPTM e pelo Metrô, as viagens realizadas por transporte coletivo baseiam-se essencialmente na rede de ônibus, constituída por centenas de linhas que utilizam o sistema viário da cidade, em geral sem nenhum tratamento preferencial para sua circulação, retidos nos congestionamentos e por isso, com intervalos e tempos de viagem, imprevisíveis.

Além das deseconomias causadas pelas horas paradas nos congestionamentos, como o desperdício de combustível, o aumento das emissões de poluentes, os riscos de acidentes, fatores que tiram a competitividade da economia paulistana, o documento ressalta os impactos de ordem urbanística.

Dezenas de avenidas da cidade em regiões consolidadas apresentam degradação em sua ocupação devido aos impactos dos congestionamentos e das emissões ambientais (gases e ruídos), com deterioração dos imóveis, usos e ociosidades indesejadas, resultando em perdas econômicas injustificáveis”, descreve a Carta Manifesto.

É nesse contexto que, destaca o documento, diversas cidades em todos os continentes implantaram políticas de revitalização urbana e de mobilidade para aumentar a competitividade do transporte coletivo sobre o transporte individual, melhorar a qualidade ambiental e requalificar áreas urbanas degradadas ou em processo de degradação.

A ferramenta indutora desses processos foram os sistemas de Veículos Leves Sobre Trilhos – VLT.

Desde o ano 2000, foram implantados mais de 200 sistemas de VLTs no mundo, com esse objetivo”, descreve o documento, que alerta, no entanto, que tais sistemas devem estar associados às políticas de renovação urbanística, “devendo ser a espinha dorsal da mobilidade em todas as operações urbanas do município, elevando a qualidade do serviço e eliminando as emissões ambientais”.

Como diferencial, tais sistemas têm suas características metroferroviárias, que permitem o controle automatizado da operação, dando preferência nos cruzamentos.

Isso garante a regularidade e os baixos intervalos entre os veículos nos horários de pico, entre outras qualidades.

Como exemplos da experiência que o Brasil já possui em todas as etapas que envolvem sistemas de VLTs, como projeto, implantação, operação e manutenção, o documento cita dois importantes sistemas que estão revolucionando as regiões onde operam, como o centro do Rio de Janeiro, transportando diariamente quase 100 mil usuários (antes da pandemia) e o da Baixada Santista, atualmente em fase de implantação de novo trecho de expansão, que ligará São Vicente ao centro histórico de Santos.

Destacando que a capital precisa recuperar dezenas de corredores e regiões degradadas pelo excesso de trânsito e pela baixa qualidade do transporte público, a Carta Manifesto propõe trocar essa situação pela renovação e valorização urbana, baseada na mobilidade de qualidade oferecida pelos sistemas de Veículos Leves Sobre Trilhos.

A Carta cita como exemplos de locais que sofrem com problemas de congestionamento e degradação urbana na capital, avenidas como Celso Garcia, Rangel Pestana, São João, Consolação/Rebouças, Nove de Julho/Santo Amaro, Cupecê, Teotônio Vilela, M’Boi Mirim e Aricanduva.

São locais que devido às condições atuais penalizam os moradores e usuários diários desses corredores.

Finalizando, as entidades que assinam o documento desejam que o prefeito eleito em 15 de novembro faça São Paulo se unir à rede de cidades que reconstruíram sua mobilidade e seu desenvolvimento urbano, “implantando sistemas de VLT como ferramenta para uma melhor qualidade de vida a todos os seus cidadãos”.


Leia a Portaria na íntegra: