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‘Fiol vai trazer dinheiro que nunca vimos’, diz Tramm

24.11.2020 | | Notícias do Mercado

Com ferrovia, royalties pela produção de minério de ferro podem chegar aos R$ 500 bilhões por ano

 

Mesmo em um ano difícil, a mineração baiana chegou ao mês de outubro com um crescimento de 63% desde janeiro, segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM). Quarto maior em produção comercializada, o estado registrou uma movimentação de R$ 4,7 bilhões no período. E, como um sinal de que ainda há muito o que crescer, estão previstos R$ 70 bilhões em novos investimentos no setor nos próximos três anos.

“Com a nossa Fiol começando a funcionar razoavelmente, nem precisa funcionar 100%, a Bahia vai ter uma contribuição em torno de R$ 500 milhões. É um dinheiro que nós nunca vimos antes. Hoje é zero porque nós não temos logística. Não se transporta minério para exportação em kombis”, ressalta.

Ele acredita que a situação trará um enorme impacto positivo para os municípios por onde a ferrovia irá passar no futuro.

Ele lembra que o processo de análise da licitação para conceder à iniciativa privada o trecho entre Ilheus e Caetité foi “bastante longo”.

“Chegou ao ponto nos últimos meses até de contestar o modelo de sistema ferroviário, dizendo que estava se gerando um monopólio”, lembra. Para ele, é necessário discutir isso nos âmbitos corretos. “Esse trecho que estamos falando sobre a necessidade de licitar está 74% concluída. Estão esperando o que, o trilho pegar ferrugem?”, questiona.  Segundo estimativa divulgada pelo Ministério da Infraestrutura, a licitação do primeiro trecho da Fiol deve render aproximadamente R$ 3,3 bilhões aos cofres públicos.

Para Tramm a demora para se chegar a uma solução no caso da Fiol é algo inexplicável.  “Essa obra não é só para a mineração. O nosso algodão, que é um dos melhores que existem, sai de São Desidério para o Porto de Santos ao custo de US$ 100 (por tonelada). Com a Fiol funcionando, esse custo cai para US$ 20”, calcula. “Quem ganha é o Brasil, que vai conseguir concorrer melhor no mercado externo”, acrescenta.

“A mineração está presente em tudo. Não existe um setor da atividade econômica em que ela não esteja presente. Estamos fazendo uma live agora usando o celular, que está cheio de produtos minerais, desde a capa de plástico, passando pelas partes metálicas e até na tela de vidro que você tem”, exemplifica. “Nossos óculos são produtos minerais, a casa onde a gente mora tem a base de pedra, colunas feitas com ferro, tudo isso é mineral”.

A Bahia tem 47 minérios identificados. É líder na produção de diamantes, magnesita, talco, dentre outros. Segunda maior em níquel, terceira maior em cobre e rochas ornamentais. Desde 2017, a produção estadual cresce a taxas entre 20% e 30%, de acordo com dados do Sindicato das Mineradoras da Bahia (Sindimiba).  “Nós sempre lembramos da história de que o ouro é produzido em Minas Gerais, mas na realidade hoje nós somos grande produtores”, destaca.

Atualmente, a mineração gera quase 20 mil empregos diretos no estado, afirma o presidente da CBPM. Aproximadamente 75% das vagas são ocupadas por trabalhadores baianos, de acordo com o Sindimiba. “A geração de empregos diretos é muito importante, mas o impacto da atividade vai além disso, porque a atividade fomenta o setor de serviços”, explica. Ele lembra ainda que a remuneração média do setor é duas vezes maior que a das indústrias e da construção e chega a três vezes o que é pago no comércio.

“Quando uma empresa chega num rincão, ela é uma revolução para o município porque ela compra. O comércio se movimenta. Se tem dois mil funcionários, esse pessoal está consumindo onde? Naquela cidade. Mexe com tudo”, acredita. “Como a atividade paga um pouco mais, isso gera mais consumo, o que é fundamental para melhorar as condições de vida das pessoas”, afirma.

Para Antonio Tramm, o setor mineral precisa aprender a “vender mais a sua utilidade”, mostrando o impacto da contribuição que paga e o impacto dela para os municípios. Mas não apenas isso. Sem mineração, os confortos da vida moderna seriam apenas sonhos.

 

Fonte: Correio 24H

Data: 20/11/2020