20.01.2025 | ABIFER | Notícias do Mercado
Fonte: A Gazeta Data: 15/01/2025
Em fase de licenciamento ambiental e previstas para terem obras iniciadas em 2026, as ferrovias planejadas para conectar o Norte do Espírito Santo à Região Centro-Oeste pelo grupo Petrocity vão gerar ao menos 6 mil empregos durante a implantação das linhas férreas que partem do Estado. Mas o número de vagas pode superar para 20 mil em todos os quatro trechos e em períodos de pico.
O projeto, chamado de Corredor Centro-Leste, prevê a criação de uma malha ferroviária de 2.160 quilômetros, formada por quatro estradas de ferro com os contratos autorizados pelo governo federal e duas delas já com Declaração de Utilidade Pública Concedida (DUP), com autorização para desapropriações ao longo do seu curso. O andamento foi apresentado nesta quarta-feira (15), em audiência pública no Palácio Anchieta.
As ferrovias da Petrocity, chamadas de Corredor Centro-Lestes, são:
Segundo informações do presidente do grupo Petrocity, José Roberto Barbosa da Silva, nas ferrovias que saem do Espírito Santo, será necessário contratar, em média, mais de 6 mil pessoas. Na EF-030, seão, em média 4.070 contratações de forma direta e 814, indireta. Já a EF-456 vai demandar a contratação de 1.282 empregados de forma direta e 257, de forma indireta.
Quando a operação das ferrovias for iniciada, o que está previsto para o final de 2031, a expectativa é ter 1.787 funcionários envolvidos na área operacional, tanto na manutenção da via, maquinistas e centro de controle, quando nas UTAC, os chamados portos secos. A expectativa é movimentar 28 milhões de toneladas de carga no primeiro ano da ferrovia.
Quatro construtoras envolvidas diretamente no projeto devem assinar um convênio para realizar as obras. Quando forem autorizadas, o que está previsto para meados de 2026, serão sete frentes simultâneas trabalhando na construção da ferrovia, ao longo do traçado, com o objetivo de acelerar a implantação.
O custo total do projeto é estimado em R$ 28 bilhões, sendo R$ 23,5 bilhões o valor previsto para a obra das ferrovias. O restante do valor será destinado para a construção do porto do grupo, em Urussuquara, São Mateus. Para capitanear recursos, já há memorando de entendimento assinado com dois fundos, entre outras iniciativas.
Na audiência pública, o presidente do grupo Petrocity disse que, caso consigam incentivos fiscais para a construção da ferrovia, será possível reduzir em R$ 8 bilhões o custo de instalação, o que ajuda a viabilizar o projeto.
A audiência pública contou ainda com a participação do governador Renato Casagrande, do vice-governador e Secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, Ricardo Ferraço, do senador Zequinha Marinho (PA), presidente da Frente Parlamentar Mista das Ferrovias Autorizadas (Fren-Fer) do Congresso Nacional, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo, Paulo Barona, e dos prefeitos Enivaldo dos Anjos, de Barra de São Francisco/ES, e de São Mateus, Marcus Azevedo Batista.
Casagrande destacou que o projeto interessa ao Espírito Santo, por ajudar a integrar com os demais Estados do Brasil e ressaltou que tudo o que depender do governo será feito para ajudar.
Já Ricardo Ferraço ressaltou que o projeto é estratégico para o Espírito Santo e para o Brasil, principalmente com o Estado se colocando como alternativa para contribuir com o gargalo logístico do Brasil.
O senador Zequinha Marinho explicou que, atualmente, o país conta com 108 requerimentos autorização para ferrovias, sendo que 45 já foram deferidas. Sobre o andamento dos projetos, afirmou que o gargalo está nas autorizações feitas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), cobrando um órgão mais eficiente.
A previsão é que, em 2031, a operação tenha início, juntamente com o porto da Petrocity, que tem o cronograma semelhante.
Todos os quatro trechos de estrada de ferro privadas serão interligados, permitindo o transporte de cargas ao longo do percurso. Também será possível se integrar ao grid ferroviário nacional, complementando as ferrovias já existentes e em desenvolvimento. Além de garantir transporte de mercadorias entre as regiões produtivas, a via também vai possibilitar a chegada de cargas a terminais portuários, como o futuro porto da Petrocity, em São Mateus. O investimento vai abrir, assim, uma nova ligação ferroviária do Centro-Oeste e de Minas Gerais com o Espírito Santo.
Além dos ramais ferroviários, o projeto ainda prevê a implantação, ao longo da ferrovia, de 11 portos secos, sendo dois no Espírito Santo: um em São Mateus, no Norte do Estado, e outro em Barra de São Francisco, no Noroeste capixaba. Nesses locais, haverá transbordo dos materiais transportados, sendo esperados produtos agrominerais.
A ideia é que os portos secos recebam cargas das regiões onde estão localizados ao longo da ferrovia, possibilitando também o transporte entre as regiões atendidas e não só para o porto no Espírito Santo, por exemplo.