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Repasse de R$ 2,8 bilhões trava renovação da Malha Sudeste

04.09.2025 | | Notícias do Mercado

Fonte: Folha S. Paulo
Data: 02/09/2025

O Ministério Público de Contas junto ao TCU propôs vetar a proposta de acordo consensual entre o Ministério dos Transportes e a MRS Logística pela renovação antecipada da Malha Regional Sudeste, ferrovia que hoje escoa minério de ferro.

Para tentar contornar a situação, o ministro Jorge Oliveira, relator do processo na corte de contas, deve retirar o processo da pauta de julgamento nesta quarta (3) para analisar melhor os documentos enviados nesta semana pelo ministério. Entre eles, está a minuta de decreto com as diretrizes de uma política pública que dará mais garantia ao TCU para julgar a realocação de recursos de contratos ferroviários vigentes problemáticos.

Essas inovações já estão em curso no caso de rodovias, mas nas ferrovias ainda não há, segundo o ministério, um arcabouço jurídico.

Recentemente, o TCU aprovou a renovação antecipada da ferrovia Malha Paulista nos mesmos moldes dos rearranjos rodoviários.

Desta vez, no entanto, o MPTCU questiona uma série de mudanças que, supostamente, causarão danos ao erário.

Pela proposta acordada, e que teve aval dos auditores da corte de contas, a concessionária deixará de investir R$ 1,9 bilhão, recurso que será depositado em nove parcelas, entre 2026 e 2035, em uma conta da MRS.

Essa espécie de “conta garantia” servirá para financiar as obras do Arco Ferroviário do Sudeste, um mecanismo conhecido como investimento cruzado.

Dessa forma, será possível viabilizar a concessão desse empreendimento futuramente, algo impossível diante das restrições orçamentárias do governo.

Os recursos dessa conta vinculada serão gerenciados e monitorados em tempo real pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

Além desse valor, outros R$ 200 milhões serão pagos em julho de 2028 como um acerto de contas entre dívidas e valores a receber pela concessionária decorrentes de obras necessárias para a segurança de moradores em municípios e locais por onde passa a ferrovia.

Há ainda a retirada do plano de investimentos da MRS de R$ 585,8 milhões referentes à construção de quatro terminais de carga geral e obras associadas para integração com a malha ferroviária.

O ministério considera que esse tipo de investimento, previsto no contrato original, não é condizente com a concessão e, caso interesse à MRS, deve ser conduzido de forma privada e independente pela companhia.

O MPTCU não concorda com a solução por diversas razões. Entre elas, considera que o arranjo substitui obras vinculantes por possibilidades de execução condicionadas à conveniência da concessionária.

Diz ainda que não há previsão de auditoria técnica independente sobre os novos compromissos e prevê risco de que, ao final da concessão, o erário seja chamado a indenizar obras não executadas ou validadas.

Também aponta menos capacidade da União de impor penalidades ou rever decisões que passam a ter respaldo contratual.