30.10.2025 | ABIFER | Notícias do Mercado
Fonte: Folha S. Paulo Data: 28/10/2025
O presidente-executivo da Vale, Gustavo Pimenta, afirmou nesta terça-feira (28) que a companhia deve retomar posição de maior mineradora de ferro neste ano.
A Vale perdeu o posto de maior produtora global de minério de ferro para a australiana Rio Tinto, após o rompimento de sua barragem em Brumadinho (MG), em 2019, o que demandou uma profunda revisão dos projetos da companhia em busca de maior segurança.
Um homem com cabelo curto e grisalho, usando óculos e uma jaqueta verde, está falando ao microfone em um evento. Ao fundo, há um painel com uma cor de fundo verde e um logotipo estilizado em branco.
Em participação no congresso Exposibram, realizado em Salvador, Pimenta destacou que a companhia produziu 328 milhões de toneladas de minério de ferro em 2024 e que seu plano de negócios prevê a meta de atingir em 2025 entre 325 milhões e 335 milhões de toneladas.
“A gente tem dentro das nossas operações um enorme potencial de trazer projetos, de desenvolver projetos de intensidade de capital baixa, com minérios de alto teor. Então é algo que a gente está muito otimista”, afirmou Pimenta.
A demanda de minério de ferro, segundo ele, virá de movimentos como crescimento populacional, transição energética, eletrificação, urbanização, dentre outros.
Questionado sobre a recente entrada da mega mina de Simandou, na Guiné, em operação, Pimenta reconheceu que o projeto trará um volume adicional de minério, mas que grande parte será destinada a repor capacidade que está saindo do mercado.
“Quando você olha a oferta, mesmo as plantas de alto teor estão tendo exaustão, estão perdendo capacidade, estão perdendo qualidade”, disse Pimenta.
Pimenta acrescentou que a Vale segue muito construtiva em relação à demanda de minério de ferro no longo prazo e que está “feliz” com os resultados da unidade de cobre.
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
Do lado da demanda advinda da transição energética, Pimenta ressaltou que a indústria vai “descomoditizar” com o tempo e a Vale terá que ser capaz de prover soluções de minério de ferro que sejam orientadas às demandas específicas de cada cliente.
“E aqui a Vale tem uma vantagem competitiva: eu falo sem medo de errar que nós somos a companhia mais sofisticada do ponto de vista de minério de ferro do mundo. A gente tem 20 pontos de ‘blendagem’ espalhados pelo mundo, a gente pode ter produtos de alto teor, de médio teor, de baixo teor”, afirmou.
Também nessa linha, a companhia tem apostado na criação de projetos de complexos industriais para a fabricação de aço com menor pegada de carbono.
Esses empreendimentos têm potencial maior para crescerem em locais onde há oferta de gás natural “barato”, o que é o caso do Oriente Médio, acrescentou.
Em seu discurso, Pimenta também falou sobre uma profunda transformação cultural pela qual a empresa passou, após o rompimento de barragens no Brasil. Ele destacou a importância de realizar a mineração com responsabilidade.
Segundo o executivo, a mineração melhora a qualidade de vida das pessoas, quando é feita de forma responsável.
“MERCADO DESAFIADOR”
O CEO também avaliou que o mercado atual de fusões e aquisições na mineração é “desafiador” e ele acredita que o potencial de criação de valor e crescimento da companhia está no desenvolvimento dos próprios corpos minerários.
“A gente não precisa, a gente tem um potencial minerário muito grande, e é ele que a gente vem trabalhando para poder crescer”, afirmou Pimenta.
Conheça 8 minerais críticos
· Terras raras
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Questionado se poderia ter avaliado uma eventual oferta pela canadense Teck Resources, que anunciou um acordo de fusão com a Anglo American, Pimenta disse que não.
“A gente não analisa, não está na nossa pauta hoje. Principalmente porque, no caso da Vale, eu acho que o nosso grande diferencial é o desenvolvimento dos nossos próprios corpos minerários”, avaliou.
O executivo também foi questionado sobre o interesse em adquirir a Bamin, na Bahia, e respondeu que a companhia “está sempre olhando todos os projetos de desenvolvimento no Brasil, principalmente no minério de ferro”, repetindo um comentário padrão entre executivos sobre o assunto.