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A ferrovia no Supply Chain Canadense

06.04.2020 | | ABIFER News

Arnon Melo*

O Canadá, segundo maior país do mundo em área total, dedica-se a ter um transporte multimodal eficiente e de alta capacidade que abrange grandes distâncias entre locais de extração de recursos naturais, áreas agrícolas e urbanas. O sistema de transporte do Canadá inclui mais de 1.400.000 quilômetros de estradas, 10 principais aeroportos internacionais, 300 aeroportos menores, 72.093 km de ferrovia em funcionamento e mais de 300 portos comerciais que fornecem acesso ao Pacífico, Oceanos Atlântico e Ártico, além dos Grandes Lagos e da Baía de São Lourenço.

A Transport Canada supervisiona e regula a maioria dos aspectos do transporte dentro da jurisdição federal, incluindo o transporte interprovincial. Isso inclui principalmente transporte ferroviário, rodoviário, aéreo e marítimo. A Transport Canada está sob a direção do Ministro dos Transportes do Governo Federal. O Conselho de Segurança de Transporte do Canadá é responsável por manter a segurança no transporte, investigar acidentes e realizar recomendações de segurança.

O desenvolvimento de ferrovias a vapor no século XIX revolucionou o transporte no Canadá e foi parte integrante do próprio ato de construção da nação. As ferrovias tiveram um papel essencial no processo de industrialização, abrindo novos mercados e unindo regiões, criando simultaneamente uma demanda por recursos e tecnologia. O Canadá é hoje um país que atravessa o Atlântico ao Pacífico devido à ferrovia. A construção de ferrovias transcontinentais, como a Canadian Pacific Railway, abriu assentamentos no oeste e teve um papel importante na expansão da Confederação (o país que hoje conhecemos como Canadá).

A primeira ferrovia construída no Canadá foi a Ferrovia Champlain e Saint Lawrence, de La Prairie no rio St Lawrence a St Johns no rio Richelieu (Saint-Jean-sur-Richelieu). Apoiada por John Molson e outros comerciantes de Montreal, a linha foi inaugurada oficialmente em 21 de julho de 1836. Construída como um “portage” entre Montreal e o lago Champlain, na prática, a ferrovia transportava pouco frete.

Mas foi com o advento da Lei de Garantia de 1849, patrocinada na legislatura canadense por Francis Hincks, que garantiu a expansão da ferrovia em 1853. De acordo com a lei, as ferrovias com mais de 120 quilômetros eram elegíveis para receber uma subvenção do governo que garantia juros de até 6% em metade de seus títulos depois que metade da ferrovia fosse concluída. A lei estabelecia assistência governamental para a construção de ferrovias, também inspirando uma vasta gama de outras ferrovias no Canadá, levando empresas e governos a se entenderem financeiramente.

Desafios

Mais recentemente, as ferrovias enfrentaram desafios de outros modos de transporte. Isso levou a mudanças significativas na Ferrovia Nacional do Canadá e na Ferrovia do Pacífico, incluindo a privatização da CN (Canadian National) em 1995 e a racionalização das operações na CP (Canadian Pacific). Ambas as ferrovias são importantes transportadoras de mercadorias a granel na América do Norte, principalmente carvão e grãos. Muitos produtos acabados também são transportados via trem, usando contêineres que podem ser facilmente transferidos entre trem, navio e caminhão. Devido ao custo relativamente baixo do transporte ferroviário, o trem é uma opção econômica para o transporte de longas distâncias de mercadorias canadenses e americanas ao mercado. A maior parte das importações da China e Ásia que chegam ao porto de Vancouver atravessam o Canadá à costa Leste de trem. Os contratos milionários e anuais entre as operadoras marítimas e as linhas de trens canadenses, garantem um fluxo constante de contêineres através do país.

O transporte de carga por caminhão no Canadá é somente usado para entregas locais. Não se usa transporte rodoviário para mover contêineres entre portos como é feito com frequência no Brasil.

O Porto de Vancouver lida com mais de 50% de toda a carga de contêineres que se desloca pelos mais movimentados portos de contêineres e a associação portuária da Colúmbia Britânica está investindo para manter sua posição como principal porto no movimento de contêineres no Canadá.

A história da ferrovia no Canadá mostra o investimento que o país fez para que longas distâncias fossem superadas. A infraestrutura ferroviária e logística do País é um exemplo que pode ser seguido por outras nações que visam a melhorar a sua relação com a rede ferroviária.

 

*Presidente, MELLOHAWK Logistics em Toronto, Canada.

www.mellohawk.com / [email protected]