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Conexão Brasil! Projeto de mais de R$ 10 bilhões, ferrovia norte-sul finalmente saiu do papel após quase 40 anos, marcando uma nova era para a logística brasileira apesar de atrasos e escândalos

09.09.2024 | | Notícias do Mercado

Fonte: Correio de Minas
Data: 07/09/2024

Durante décadas, a promessa de uma conexão ferroviária que unisse as regiões Norte e Sul do Brasil ficou apenas no papel, alimentando a desconfiança de milhões de brasileiros.

O projeto, que deveria impulsionar a economia nacional e reduzir a dependência das rodovias, acabou se tornando sinônimo de escândalos e corrupção.

Agora, após uma espera que atravessou gerações, a Ferrovia Norte-Sul finalmente está em operação. Mas o que isso realmente significa para o país?

Essa realização marca um capítulo importante na história da logística brasileira, pois a ferrovia, que custou mais de R$ 11 bilhões, deve movimentar cerca de 22,7 milhões de toneladas de carga até 2055, conforme as projeções da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Um projeto ambicioso e problemático

A construção da Ferrovia Norte-Sul começou em 1987, administrada pela Valec, uma empresa pública ligada ao Ministério da Infraestrutura.

Inicialmente planejada para ligar Açailândia (MA) a Anápolis (GO), o projeto foi ampliado para se estender até Estrela D’Oeste (SP). Ao longo dos anos, o andamento da obra foi marcado por escândalos e desvios milionários, como apontado pelo Ministério Público Federal (MPF).

Segundo o MPF, durante a construção, foram identificados desvios de dinheiro público que chegaram a R$ 630 milhões apenas no estado de Goiás, entre 2006 e 2011, durante a gestão de Juquinha das Neves na Valec.

Juquinha foi condenado por lavagem de dinheiro, mas sua defesa afirmou que a sentença foi cassada e ele absolvido em diversos processos. Esses episódios de corrupção atrasaram ainda mais a conclusão do projeto, elevando seus custos e aumentando a desconfiança da população.

Com a conclusão do trecho goiano, a Ferrovia Norte-Sul agora conecta quatro regiões do país, passando por cinco estados, o que representa uma conquista significativa para a infraestrutura nacional.

O secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, destacou que 90% da obra foi construída com recursos públicos, mas houve concessões e subconcessões que permitiram a finalização da ferrovia.

No trecho norte, a operação é de responsabilidade da VLI, enquanto a empresa Rumo administra os tramos central e sul. Ribeiro ressaltou que, apesar dos custos elevados, a obra era essencial para promover a integração do Brasil e impulsionar o desenvolvimento regional.

Primeira viagem e os impactos no transporte

A primeira viagem oficial da ferrovia foi um marco simbólico para o país. Em entrevista ao portal g1, o maquinista Wodson Baltazar Silva, que nem havia nascido quando as obras começaram, teve a honra de conduzir o primeiro trem ao longo da ferrovia concluída.

A viagem, realizada em caráter de comissionamento, transportou 112 contêineres com defensivos agrícolas, algodão e peças automotivas, de Cubatão (SP) até Anápolis (GO).

Moradores de cidades ao longo da ferrovia, como Santa Helena de Goiás, celebraram a inauguração, impressionados com a passagem dos vagões, que há muito tempo era aguardada. Para Elvia Antunes, moradora de Santa Helena, também em entrevista ao portal citado, a chegada da ferrovia é uma “maravilha” para a cidade, que agora tem novas perspectivas de crescimento.

Desafios e promessas para o futuro da ferrovia

Embora a inauguração da Ferrovia Norte-Sul represente um avanço, muitos desafios ainda estão por vir. A administração da ferrovia, a eficiência no transporte de cargas e a sua manutenção serão essenciais para que os benefícios esperados se concretizem.

De acordo com Daniel Salcedo, diretor comercial da Brado, empresa de logística que opera no trecho, a ferrovia tem potencial para reduzir significativamente as emissões de CO2 e oferecer uma alternativa mais sustentável e econômica ao transporte rodoviário.

Nos próximos cinco anos, espera-se que a operação da ferrovia reduza em até 160 mil toneladas as emissões de CO2, algo fundamental em um cenário onde as empresas buscam soluções mais sustentáveis. Esse é um dos principais argumentos para o sucesso do projeto, que, apesar das dificuldades, promete transformar a logística no Brasil.