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Consumo aparente de aço pode cair 50% em abril no país e ficar em 20% no ano por causa da crise

31.03.2020 | | Notícias do Mercado

Foto: Facebook/ArcelorMittal

O consumo aparente de aço deve cair em torno de 20% este ano com a queda da demanda causada pela pandemia de covid-19. Essa é a estimativa do Instituto Aço Brasil Segundo o presidente executivo da entidade, Marco Polo de Mello Lopes, é necessário que a economia retome gradualmente o crescimento para que essa situação não se agrave ao longo de 2020. Para abril, a entidade já estima uma queda de 50% no consumo de produtos siderúrgicos.

“Um recuo de 20% no consumo aparente neste ano considerando uma volta gradativa da economia. Já estávamos operando com 62% de utilização da capacidade instalada, quando deveríamos estar a 80% e agora, esse patamar já baixou. Então a oportunidade, agora, é a exportação, pois a demanda interna caiu muito”, disse Mello Lopes. Até então, a estimativa do Aço Brasil era de um crescimento de 5,1% no consumo aparente este ano.

Segundo o dirigente, as siderúrgicas já avaliam redução de produção ou até mesmo o “abafamento de altos-fornos” para conseguir manter a operação lucrativa no Brasil.

A ArcelorMittal informou que irá suspender a produção em cinco aciarias elétricas no país a partir do próximo mês e começa a paralisar um alto-forno em Serra (ES). “Posso dar certeza que todas as siderúrgicas avaliam a parada das atividades. O problema é igual para todas as empresas. Precisamos de medidas para a retomada da economia, que se não for feito, nós estaremos vendo fechamento de equipamentos. Gostaria que a retomada acontecesse da mesma forma que caiu.”

Mello Lopes defende que essa retomada da atividade econômica aconteça de forma gradual para sustentar os empregos no setor siderúrgico. “Manutenção de emprego é vital para que se evite uma crise social, para isso as usinas precisam continuar operando. E uma das alternativas é a volta para o mercado externo. Mas precisamos ser competitivos, por isso, pedimos o ressarcimento dos tributos que foram acumulados dentro do processo produtivo, que é o reintegra”, disse.

Segundo ele, se o governo restituir em 5% os impostos, as siderúrgicas conseguem aumentar a produção em 20% com o aumento das exportações. Mello Lopes afirmou, no entanto, que o mercado externo também passa por queda de demanda, como na América Latina, Europa e Estados Unidos. “A Argentina já vinha de uma situação econômica grave e agora está pior. Então, não pode ser considerada uma alternativa.

Segundo o dirigente, os EUA estão fechando as fronteiras, mas há o sistema de cotas que funciona. “Existem várias alternativas, recebi uma solicitação de venda de tarugo para a China. O mercado chinês está aberto, apesar de extremamente competitivo. Os chineses continuam com demanda alta para o minério de ferro, e agora estão vindo ao mercado para comprar produto siderúrgico. Vamos ter que brigar para poder vender pra fora.”

A ArcelorMittal, companhia é a maior fabricante no país, decidiu suspender a parte da produção de aço plano em Serra (ES), com a paralisação do alto-forno 3, que tem capacidade de 2,5 milhões de toneladas ao ano. O desligamentos levará 45 dias porque tem de ser feito de forma gradual para não ficar danificar o equipamento.

No mesmo local, a ArcelorMittal Tubarão manterá desligado o alto-forno 1, apto a fazer 1,2 milhão de toneladas por ano. O equipamento passou por uma reforma que durou vários meses e foi concluída em dezembro. Com os dois equipamentos parados, a empresa terá no todo metade da capacidade inativa nesse site.

Em aços longos, como vergalhão, barras e perfis, ficaram suspensas, temporariamente, as operações de cinco aciarias elétricas (e as linhas de laminação) – Juiz de Fora e Sabará (MG), Piracicaba (SP) e Sul Fluminense (em Resende e Barra Mansa, no Rio de Janeiro), além de uma fábrica de telas soldadas em São Paulo.

Em comunicado, a ARcelorMittal Brasil explicou que a paralisação é decorrente dos graves impactos causados pela crise relacionada ao coronavírus. Com isso, busca adequações em sua produção. A unidade de João Monlevade (fio-máquina), a Mina do Andrade (minério de ferro) e algumas unidades florestais (MG) permanecerão produzindo em ritmo normal.

Por sua vez, na área de aços planos, a empresa decidiu pela parada, em até 45 dias, das atividades do alto-forno 3 na unidade de Tubarão, Segundo informou, o atendimento aos clientes continuará normal, por meio do estoque e abastecimento dentro das necessidades e demanda.

Segundo a empresa, desde o início do surto, as unidades da ArcelorMittal em todo o mundo vêm adotando uma série de ações alinhadas às orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Poder Público, visando apoiar na prevenção da disseminação do vírus e na redução dos riscos de transmissão da doença, dentro e fora da empresa.

Informa ainda que, entre as medidas preventivas adotadas estão a suspensão de eventos externos, internos e atividades com grande aglomeração de pessoas; cancelamento de todas as viagens a trabalho, cancelamento de reuniões presenciais e realização de reuniões virtuais; regra de distância mínima interpessoal de 1,5 metro em todos os ambientes; orientação de afastamento social no âmbito pessoal também recomendado; a intensificação dos procedimentos de limpeza e higienização e a promoção de amplas campanhas internas orientativas. E que adotou o trabalho remoto para a maioria das funções administrativas como forma de diminuir o volume de circulação de pessoas em suas dependências.

 

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Fonte: Valor

Data: 29/03/2020