Av. Paulista, 1313 - 9º Andar - Conjunto 912 (11) 3289-1667 [email protected]
pt-bren

COP 30: Lula defende transição dos combustíveis fósseis, em sinal a negociadores

06.11.2025 | | Notícias do Mercado

Fonte: A Crítica
Data: 06/11/2025

Presidente sinaliza a negociadores sobre necessidade de reduzir dependência do petróleo e ampliar o financiamento climático para países em desenvolvimento

Durante a abertura da Cúpula dos Líderes, em Belém (PA), nesta quinta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a transição do uso de combustíveis fósseis, considerados os maiores inimigos da estabilidade climática. O discurso é uma sinalização aos negociadores sobre um dos temas mais complexos da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30).

A Cúpula dos Líderes é um evento preparatório para a Conferência do Clima, que ocorrerá oficialmente entre os dias 10 e 21 de novembro. O governo brasileiro reuniu mais de 50 chefes de Estado, que darão o tom das posições que cada país deverá defender durante o evento principal.

“Estou convencido de que, apesar das nossas dificuldades e contradições, precisamos de mapas do caminho para, de forma justa e planejada, reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar os recursos necessários para esses objetivos”, afirmou o presidente brasileiro.

O Brasil, sétimo maior produtor de petróleo do mundo, segue caminho semelhante. Há cerca de um mês da COP 30, o governo recebeu autorização para pesquisar petróleo na Margem Equatorial, no Amapá, o que amplia as perspectivas de exploração em vez de reduzi-las.

Lula lembrou que se passaram 28 anos até que, na COP de Dubai, fosse reconhecida a necessidade de afastar os combustíveis fósseis e reverter o desmatamento. Segundo ele, foi preciso um ano adicional para que, no Azerbaijão, se admitisse a ampliação do financiamento climático para 1,3 trilhão de doláres por ano. “Belém honrará os legados das COPs 28 e 29”, frisou.

O financiamento climático é outro ponto sensível das conferências. Os países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, defendem que as nações historicamente mais poluidoras contribuam para que as menos favorecidas possam se adaptar às mudanças do clima e realizar a transição para fontes mais verdes. Na COP 29, foi aprovado um valor de R$ 300 bilhões anuais, muito abaixo dos 1,3 trilhão de doláres pleiteados.

Também há preocupação sobre como os países mais pobres poderão acessar esses recursos. As nações mais ricas defendem o uso de empréstimos e o compartilhamento da responsabilidade com a iniciativa privada.

A diretora-executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali, avaliou que o discurso do presidente Lula foi forte, mas que ainda é preciso transformar as falas em ações concretas para que a COP 30 entre para a história como o ponto de virada na redução do uso de fósseis e do desmatamento.

“Precisamos de planos concretos, mecanismos de implementação e fontes claras de financiamento. O desafio agora é transformar essas palavras em ação, sob liderança do Brasil. Seguir insistindo em explorar petróleo na Foz do Amazonas ou atrasar a demarcação de territórios indígenas, que aguardam há décadas por essa garantia, expõe contradições que não cabem em um momento tão importante para o nosso país e para o planeta”, afirmou.

Já a especialista em mudanças climáticas do WWF-Brasil, Flávia Martinelli, chamou atenção para a ausência de menções diretas à adaptação climática — tema que inclui a preparação de cidades e zonas rurais para eventos extremos, como enchentes, deslizamentos e ondas de calor.

“O presidente Lula listou vários impactos e consequências da crise climática e também a urgência de a COP 30 mostrar resultados por meio da mitigação, citando desmatamento, transição energética, proteção à natureza e combustíveis fósseis, mas não mencionou a importância da adaptação climática. Esse é um tema de destaque para a Presidência da COP 30, uma ação necessária e urgente para reduzir os impactos de eventos cada vez mais extremos”, pontuou.