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Cresce a busca por executivos para atuar no setor de infraestrutura

13.10.2022 | | Notícias do Mercado

Fonte: Valor Econômico
Data: 13/10/2022

A demanda por executivos para o setor de infraestrutura deve aumentar de 10% a 30% anualmente, nos próximos dez anos. “Há uma tendência de privatização e de consolidação de empresas, com mais investimentos”, acredita Lucas Toledo, diretor executivo do PageGroup. Baseado em números do governo federal e entidades setoriais, o especialista estima um horizonte de 1,5 milhão de empregos somente a partir de concessões na área de transportes, sendo 20% do total para posições de gerência ou superior.

Por conta da disponibilidade de vagas e da falta de candidatos “prontos” para cadeiras estratégicas, espera-se uma queda de braço entre os empregadores. No PageGroup, o aumento na procura por currículos do ramo já é de 25%, na comparação entre 2021 e o acumulado de 2022.

“As concessionárias estão movimentando o mercado [de seleção de executivos], com oportunidades em aeroportos, portos, estradas e ferrovias”, diz Toledo.

A busca por gestores cresce porque toda vez que um desses novos ativos é negociado, uma nova filosofia e cultura empresarial “entram” na companhia, garante.

“Líderes com experiência estão muito valorizados, em nichos como operação, finanças e administração, além de especialistas em melhoria de performance. Há interesse também por profissionais de recursos humanos, tecnologia, compras e de supply chain”, assegura Toledo que, este ano, até o início de outubro, ultrapassou a marca das 50 contratações fechadas no segmento, em 2021.

Para se ter uma ideia do tamanho da necessidade de mão de obra nas mesas dos recrutadores, apenas com a assinatura dos mais recentes contratos do programa de concessões de aeroportos, nove entre cada dez passageiros (91,6%) passarão a usar terminais controlados por grupos privados, de acordo com estudos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). No último leilão, realizado em agosto, 15 aeroportos foram arrematados por pelo menos oito companhias.

No CCR, grupo com 17,5 mil funcionários focado na concessão de rodovias, mobilidade e aeroportos, há 334 vagas abertas, sendo 70% para a área operacional, em departamentos como atendimento ao cliente e engenharia; e 30% para posições administrativas.

Uma das cadeiras em negociação é a de diretor-presidente, após a renúncia de Marco Antônio Cauduro, em agosto. A companhia informou, em fato relevante, que a sucessão avalia talentos internos e do mercado. O executivo, depois de dois anos e meio no grupo, será sócio da gestora de investimentos Quadra Capital, que pretende fortalecer a atuação no setor de infraestrutura.

No ano passado, a CCR selecionou 60 executivos, entre gerentes, diretores e superintendentes. Em 2022, devemos contratar cerca de 35, diz Luiz Thomé, diretor corporativo de gente e gestão. “As vagas surgem a partir de investimentos decorrentes da conquista de novas operações, em aeroportos, rodovias e mobilidade [transporte de passageiros de metrôs, trens, VLT e barcas]”, explica. O grupo tem 37 ativos em 13 estados. Somente na carteira de aeroportos, são 19 terminais sob gestão.

“Profissionais para posições estratégicas demandam um maior esforço de contratação, devido aos requisitos técnicos”, explica Thomé. Em média, é preciso até 39 dias úteis a fim de contratar um perfil ideal para postos de comando.

No caso da gerente executiva de cargas Maria Siau Feie Fan, admitida em agosto, a direção não titubeou em perder uma profissional com “janela” para a concorrência. “Eu já prestava serviços de consultoria para a CCR Aeroportos antes de ser oficialmente integrada ao time”, diz a paulistana de 61 anos. Com uma trajetória ligada à aviação, ela trabalhou durante sete anos no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), também na área de cargas.

Agora, é responsável pela direção comercial do setor nos 16 aeroportos administrados pela CCR Aeroportos no país. “Entre as atividades, está o desenvolvimento de malhas de voos cargueiros”, diz a executiva, graduada em administração, com MBA em gestão empresarial.

Feie Fan, que recebeu dois outros convites, desde o ano passado, de holdings de infraestrutura, afirma que aceitou a proposta da CCR pela oportunidade de aplicar a experiência acumulada, mais o desafio de tocar projetos em operações espalhadas pelo Brasil. O pacote de benefícios também entrou na conta. “Principalmente a política de flexibilidade, com dois a três dias por semana em home office.”

Na visão de Márcia Marques, diretora de RH da Aena Brasil, com 341 funcionários, há uma maior movimentação no mercado para “puxar” talentos já empregados. “O nosso segmento é muito assediado, especialmente por ser um mercado restrito [de profissionais]”, diz. “Com as concessões acontecendo, é natural que exista uma ‘captura’ entre as concessionárias.”

De origem espanhola, o Aena tem quatro mil funcionários no mundo. Em 2019, ganhou a concessão de seis aeroportos no Nordeste, incluindo o de Recife (PE) e Maceió (AL). Este ano, foi o único interessado em um bloco de concessões que incluiu a “joia da coroa” do leilão, o Aeroporto de Congonhas (SP).

Em 2021, contratou dois diretores executivos para o Brasil, plano que pretende repetir em 2022. Um dos gestores recrutados este ano veio diretamente de Madri, o diretor de obras Ignacio Lopez. “Estamos a toda velocidade com as obras de transformação dos terminais”, diz Marques, que na maior parte das vezes, inicia a leitura de currículos por meio da página “trabalhe conosco” da empresa ou via LinkedIn.

Contratado em março, o diretor de relações institucionais e comunicação da Aena Brasil, Marcelo Bento, 52, precisou trocar de casa para assumir a missão. “Morava em São Paulo e mudei para Recife”, afirma o executivo, que desempenhava cargo similar na Azul Linhas Aéreas.

No novo posto, além de gerenciar estratégias de comunicação, Bento cuida dos relacionamentos da Aena Brasil com o governo e agências de desenvolvimento. O executivo lembra que, no dia a dia, é fundamental mostrar capacidade de planejamento e de articulação com diferentes stakeholders. “Como a indústria de infraestrutura inclui projetos intensos de capital, de longa maturação, requer que os executivos tenham uma visão de longo prazo.”