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Empresário defende investimentos logísticos no Pará

22.08.2022 | | Notícias do Mercado

Fonte: O Liberal
Data: 20/08/2022

A geração de riquezas passa pelo crescimento do setor logístico no país. Em um estado com grande vocação hidroviária, a indústria naval vem contribuindo para a dinâmica econômica local, atraindo investimentos e criando postos de trabalho. Mas para o empresário e presidente do Sindicato da Indústria da Construção Naval do Estado do Pará (Sinconapa), Fábio Vasconcellos, é necessário também avançar na pauta multimodal, que é tema de interesse do setor produtivo. Nesta entrevista, Vasconcellos, que integra o Conselho Temático de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), aborda as soluções logísticas discutidas no âmbito da entidade e o potencial que o Estado do Pará possui para contribuir com o desenvolvimento nacional.

Que soluções e projetos estratégicos o setor produtivo nacional tem debatido para ampliar a infraestrutura no Brasil?

A partir da modernização da legislação portuária e do marco das ferrovias, a solução tem passado necessariamente pela ampliação das parcerias público-privada e o consequente aumento do investimento privado na infraestrutura portuária e ferroviária. Além disso, tem havido avanço em novas concessões e renovação de concessões, em todos os setores da infraestrutura nacional, como a ocorrida nesta última semana com o aeroporto de Congonhas. Dentre os projetos estratégicos que o setor produtivo tem debatido, o mais importante, sem dúvida, é a Ferrogrão que liga o MT ao PA e que infelizmente está parado desde março de 2021 no STF, com o ministro Alexandre de Moraes. É um projeto de extrema importância para a infraestrutura nacional e em particular para nossa região. A importância da Ferrogrão para o Pará é exatamente igual à importância da Estrada de Ferro de Carajás que escoa nosso minério para o MA. O aumento do escoamento de grãos fará com que o Pará seja o maior entreposto logístico do país, atrairia vultosos investimentos e geraria no médio prazo centenas de milhares de empregos no estado. Como efeito positivo decorrente, ainda teríamos um benefício ambiental significativo, pois substituiria o escoamento rodoviário atual pelo ferroviário, muito menos poluente e com impactos locais muito menores. A Ferrogrão está projetada exatamente na mesma faixa de domínio da atual BR163, não causando nenhuma interferência ambiental adicional para sua implantação e não há motivo razoável para esta demora.

Estamos conseguindo avançar para uma perspectiva mais multimodal? Quais os desafios para isso?

Sim. Segundo a mais recente estatística da ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), o transporte hidroviário cresceu 156% desde 2010, principalmente devido ao aumento do escoamento de grãos pela região Norte e a perspectiva para os próximos anos é de continuidade desse crescimento. Além disso, houve um aumento da participação do transporte ferroviário e uma diminuição da participação rodoviária, tornando nossa matriz de transporte menos desequilibrada. Os principais desafios sem dúvida estão concentrados na velocidade do licenciamento. Há projetos, como o derrocamento do Pedral do Lourenço, por exemplo, há quase 10 anos no IBAMA sem uma solução, o que abriria um novo corredor de escoamento hidroviário pelo Rio Tocantins, com enormes vantagens ambientais e sociais para nossa região. Outras questões semelhantes impedem a implantação da hidrovia Teles Pires – Tapajós, cujos benefícios socioambientais seriam enormes para nossa região

Em se tratando da indústria naval no estado do Pará, como está a realidade do setor? Quais as expectativas em termos de investimentos?

construção naval de toda região Norte tem crescidos sistematicamente nos últimos 10 anos, principalmente decorrente do avanço do escoamento de grãos pela região. Além disso, a competitividade do setor em nossa região despertou o interesse de armadores de outras regiões que tem encomendado inclusive embarcações para navegação marítima e apoio portuária, o que ajuda muito na diversificação da carteira de encomendas, principalmente nos estaleiros de Belém e Manaus. A perspectiva para os próximos anos continua positiva com a estimativa de continuo crescimento do escoamento de grãos pelos portos da região Norte. É muito importante termos a exata noção da importância do Porto de Vila do Conde na logística internacional de grãos. Nossa localização é privilegiada. Temos praticamente as mesmas distâncias marítimas para os principais destinos de grãos no mundo que tem os portos da Louisiannia nos EUA, por onde embarca a maior parte da soja exportada lá. Por isso que insisto na vocação do Pará para ser o principal entreposto logístico do país.

Qual o impacto econômico disso? E quais as principais atividades beneficiadas pelo crescimento do setor?

setor naval tem empregado cerca de 5 mil pessoas diretamente nos estados do MA, PA, AM, RO, o que geram cerca de 30 mil empregos indiretos, na região mais carente do Brasil, beneficiando todos os setores de nossa economia, atraindo empresas, investimentos e empregos qualificados. É de extrema importância que as autoridades e a sociedade local entendam esse movimento e estejam unidas na defesa de nossos interesses que tem sido contrários, em alguns casos, aos interesses de corporações que atuam principalmente na região Sul e Sudeste e que tem se movimentado para retardar o avanço logístico em nossa região.