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Debêntures de infraestrutura injetarão R$ 150 bi em 3 anos, diz entidade

25.01.2024 | | Notícias do Mercado

Fonte: Poder 360
Data: 21/01/2024

sanção da lei 14.801 de 2024 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que criou as debêntures de infraestrutura, deve aumentar o interesse de fundos de pensão e previdência em financiar projetos de infraestrutura.

Segundo a Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base), a nova fonte de captação de recursos para esses empreendimentos pode resultar em uma injeção de cerca de R$ 150 bilhões no setor nos próximos 3 anos.

Em entrevista ao Poder360, o presidente da associação, Venilton Tadini, disse que o Brasil deve investir, ao todo, aproximadamente R$ 600 bilhões em projetos de saneamento, transporte, energia elétrica e telecomunicações até 2026 –último ano do mandato de Lula.

Esse montante representa uma média anual de R$ 200 bilhões, uma meta ousada e superior aos anos de mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo Tadini, as novas debêntures surgem como uma estratégia para captar os recursos necessários para atingir essa meta.

“Isso [debêntures de infraestrutura] faz com que você tenha, dentre as fontes de financiamento de infraestrutura aquilo que de fato é mais utilizado internacionalmente. O Canadá, os EUA e a Europa, os países mais desenvolvidos na Europa, utilizam os fundos de pensão para fazerem financiamento de infraestrutura. E a gente aqui utiliza basicamente, via mercado de capital, a pessoa física. Estamos mudando o padrão de financiamento” disse Tadini.

VANTAGENS 

Debêntures são títulos de crédito de longo prazo emitido por empresas. Trata-se de uma forma de tentar captar dinheiro no mercado pagando um juro menor do que o oferecido pelos bancos. Os compradores de debêntures acreditam no potencial das empresas e na promessa de pagamento de juros e do valor total do papel depois de determinado período.

A nova aplicação é mais atrativa para investidores institucionais, pois os benefícios concedidos ao emissor permitem juros mais atrativos ao comprador dos títulos. Diferente das debêntures incentivadas, que dão benefícios ao comprador dos títulos a partir da isenção de IR (Imposto de Renda) sobre os lucros obtidos na operação, as de infraestrutura permitem às emissoras deduzir 30% dos juros das debêntures da determinação da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).

Essa diferença permite que as concessionárias de serviços públicos possam ofertar taxas maiores de retorno dos investimentos. Como os fundos de pensão e previdência já são isentos de IR sobre o lucros desse tipo de operação, eles aproveitam o melhor dos 2 mundos.

“As incentivadas tem o benefício do Imposto de Renda para aquele que adquire o papel. Ela basicamente atinge o investidor pessoa física, mas quem realmente investe nos projetos a longo prazo de infraestrutura são os investidores institucionais”, disse Venilton. “A ideia foi criar a debênture de infraestrutura onde o incentivo não é ao tomador do papel, mas ao emissor e, ao dar esse incentivo de imposto ao emissor, ele se traduz em uma taxa mais atrativa ao investidor institucional.”

CMN (Conselho Monetário Nacional) determina que esses fundos são autorizados a aplicar 20% de seu patrimônio (R$ 1,5 trilhão) em debêntures. O montante geral é, portanto, de cerca de R$ 300 bilhões. A Abdib estima que os fundos deverão aportar 50% desses recursos nas novas debêntures, ou seja R$ 150 bilhões.

De acordo com dados da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o Brasil emitiu R$ 164 bilhões de debêntures incentivadas de 2021 a 2023. Para a Abdib, as debêntures de infraestrutura têm potencial de alcançar um volume próximo em um recorte de 3 anos, pois os investidores já estão acostumados com a modalidade. As debêntures incentivadas estão no mercado há 11 anos.

INVESTIMENTO AINDA É BAIXO

Apesar do aumento idealizado pelo governo, a projeção de investimentos do Brasil para saneamento, energia elétrica, transporte e telecomunicações permanece abaixo do que o país necessita só para cobrir a depreciação desses ativos públicos.

Segundo dados da Abdib, o Brasil precisa fazer um investimento anual de R$ 462,3 bilhões nesses setores, o equivalente a 4,31% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Em comparativo com os dados compilados de 2023, o segmento que ficou mais atrás em suas necessidades foi o de transporte.

O levantamento da associação diz que o país investiu R$ 41,4 bilhões na infraestrutura de transporte em 2023, sendo que o aporte necessário é de R$ 242,4 bilhões. Leia a íntegra do estudo (PDF – 19 MB).