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Prumo prevê investimentos de R$ 15 bi em projetos no Porto do Açu

31.08.2023 | | Notícias do Mercado

Fonte: Valor
Data: 31/08/2023

A Prumo, dona do Porto do Açu, está estruturando projetos sustentáveis que vão totalizar investimentos de R$ 15 bilhões em parcerias em dez anos. De acordo com o presidente da companhia, Rogério Zampronha, serão mais de cinco projetos, além do desenvolvimento de infraestruturas, que têm como objetivo a transição energética. Em uma perspectiva otimista, o executivo espera que o prazo possa ser encurtado para oito anos.

Segundo Zampronha, serão R$ 5 bilhões para o projeto de HBI, conhecido como briquete verde, produto que tem altíssimo teor de ferro contido e permite atender a demanda de siderúrgicas por aumento de produtividade e redução de emissões de gás carbônico na produção de aço. Outro projeto é uma planta de biogás, em que a primeira fase é estimada em R$ 300 milhões, e que deve ter outras etapas, explicou no Prumo Day.

Outros R$ 4 bilhões serão investidos em gasodutos para levar o gás do terminal de Cabiúnas, em Macaé (RJ), até o Porto do Açu. O projeto ainda não tem a rota final definida, segundo Zampronha, mas conta com licenciamento aprovado. Mais R$ 300 milhões serão para a Tancagem de Líquidos do Açu (TLA). O projeto Spot, que levará óleo cru por oleodutos para refinarias selecionadas terá investimento de R$ 2 bilhões. Os demais R$ 2 bilhões serão para bases logísticas para eólicas offshore, para as quais a Prumo tem parcerias com outras companhias, como a Total. O restante virá de outros projetos não citados por Zampronha.

Segundo a Prumo, o dinheiro para os projetos virá de cada uma das parcerias. Foi assinado no Prumo Day acordo entre a companhia de logística e a Geo Bio Gás&Carbon para iniciar estudos de viabilidade de potencial instalação de uma planta de geração de biogás no Açu, no Rio, e adjacências. Será avaliada a instalação da fábrica e o uso da infraestrutura logística de apoio do porto, incluindo plantas de purificação, produção de biocombustíveis, liquefação e unidade de produção de hidrogênio de baixo carbono.

O diretor de desenvolvimento de produtos e negócios da Vale, Rogério Nogueira, disse que o Brasil precisa melhorar as condições para proporcionar um setor siderúrgico verde. De acordo com o executivo, também no Prumo Day, a Vale tem trabalhado para viabilizar essa melhora aos clientes: “O alto custo de capital do país e dificuldades fiscais e de licenciamento tornam os processos mais demorados para formar um polo de HBI, que ajuda as usinas de aço a cortar emissões de gás carbônico. O mundo está avançando e o Brasil não pode ser um passageiro da descarbonização.”

Nogueira afirma que são necessários cerca de US$ 2 trilhões de investimento para levar a indústria siderúrgica à neutralidade de carbono. “Não existe hoje no mundo empresas do setor privado que possam investir em rotas para fazer essa transformação. Grande parte das regiões que tem países pioneiros nessa transformação contam com subsídios governamentais.”

Na mesma ocasião, o ex-ministro da Fazenda e diretor de estratégia econômica e mercados do Banco Safra, Joaquim Levy, afirmou que o Brasil pode ter crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de 2% em 2024, “mais equilibrado”, a partir do aumento do volume de crédito e da redução da taxa básica de juros, mas é necessário discutir como será o caminho para o PIB evoluir a partir de 2025.

Segundo ele, se a taxa Selic cair abaixo de 10% ao ano, a concessão de crédito aumenta e viabiliza um ritmo maior de crescimento da economia pelas famílias. A isso se somaria a exportação maior de petróleo, que é o segundo principal item da pauta do comércio exterior desde julho. “Banco adora juros baixos. Quando os juros estão baixos, a gente empresta mais”, disse Levy. Para ele, parte da evolução do Brasil está em maior acesso a instrumentos de dívida, incluindo o mercados de capitais.

Para Levy, o Brasil está mais evoluído neste quesito do que há dez ou 15 anos. Para o crescimento além de 2025, o economista citou que o investimento passa a ser mais importante, especialmente no campo da transição energética: “O Brasil é o único país capaz de chegar a emissões zero com atuais tecnologias de maneira competitiva. Ele consegue caminhar de maneira bastante rápida para uma economia de baixo carbono, talvez até com emissões líquidas zero”, disse.

Levy acrescenta que as discussões devem envolver aspectos regulatórios para a transição energética, caso do tratamento para tecnologias como hidrogênio verde e eólicas offshore, a mudança de regras que remunerem as hidrelétricas para funcionarem como “baterias naturais” para o setor elétrico, reduzindo a intermitência de renováveis, e aspectos da distribuição, “a última milha da energia”, para uma economia cada vez mais eletrificada.

A Eletrobras defendeu a adoção de mudanças regulatórias que alterem o papel das hidrelétricas no sistema elétrico. Dona de 35 hidrelétricas, a empresa vê espaço para que as usinas sejam remuneradas para atuar como “baterias naturais”, num modelo diferente do atual, no qual respondem por cerca de dois terços da geração do país.

Segundo Italo Freitas, vice-presidente executivo de engenharia de expansão e comercialização da Eletrobras, o Brasil tem sido visto como um dos três países com melhores condições para produção de hidrogênio verde por ter um sistema de transmissão robusto e que integra o país, bem como uma grande e barata produção de energia hídrica. Porém, um dos desafios para o hidrogênio verde, afirmou no evento da Prumo, é a resiliência do sistema.

Freitas observou que uma das possíveis causas do apagão ocorrido no dia 15 de agosto é a falta de inércia, que em linhas gerais é um dos fenômenos elétricos que garantem o equilíbrio do sistema de transmissão. Freitas destacou que as hidrelétricas são as únicas fontes que podem garantir a inércia do sistema, mas, para isso, precisam ser remuneradas por esse papel.