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Exportação de granéis agrícolas deve seguir em forte alta até maio

24.04.2020 | | Notícias do Mercado

Apenas os embarques de soja em grão deverão aumentar 36% neste mês e no próximo, segundo a Abiove

 

André Nassar, presidente-executivo da Abiove: indústria tem adotado medidas de segurança e apoiado os caminhoneiros — Foto: Ruy Baron/Valor

Impulsionadas pela soja, as exportações de granéis agrícolas do país continuam aquecidas neste mês de abril e assim deverão continuar em maio. Estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) aponta que os embarques de soja em grão, farelo de soja, milho e açúcar tendem a somar 30,8 milhões de toneladas nos dois meses nos portos de todos o país, ante 24,6 milhões em igual período de 2019. De acordo com a entidade, esse aumento, de 25%, terá reflexo positivo de mesma proporção na quantidade de fretes rodoviários para o transporte das mercadorias.

A soja em grão, carro-chefe do agronegócio nacional, é a locomotiva do avanço. Conforme a Abiove, as exportações da oleaginosa, que já atingiu 11,6 milhões de toneladas no mês passado (US$ 4 bilhões), um recorde para março, deverão alcançar 25,5 milhões de toneladas em abril e maio, 36,6% mais que no mesmo bimestre de 2019. No caso do farelo, o incremento será menor – pouco superior a 3%, para 3 milhões de toneladas -, e no conjunto (grão e farelo) a receita deverá subir 27%, para US$ 9,8 bilhões, levando-se em conta preços praticados no mercado em abril.

Segundo André Nassar, presidente-executivo da Abiove, para soja em grão a estimativa está em linha com o grande volume de vendas antecipadas e com uma demanda externa ainda aquecida, sobretudo da China. No caso do farelo também pesam problemas logísticos enfrentados pela Argentina, um dos mais importantes players globais na área, devido a restrições relacionadas ao combate ao novo coronavírus. Algumas desses problemas, realçou, as indústrias instaladas no Brasil conseguiram resolver, daí o fluxo também não ter sido prejudicado.

“Conseguimos adotar algumas medidas importantes de higiene e distanciamento dos funcionários em suas atividades. Também estamos colaborando com os caminhoneiros – principalmente no que se refere à alimentos, com a distribuição de lanches. Agora estamos correndo para providenciar máscaras, como alguns municípios estão exigindo”, afirmou Nassar ao Valor. Outro ponto importante é que, no mercado de soja, as exportações brasileiras não estão enfrentando barreiras a seus produtos em outros países.

Nesse contexto, o executivo lembrou que, segundo pesquisa realizada pela plataforma de transportes FreteBras, a demanda total por fretes rodoviários para granéis com destinos aos portos recuou 25% em março e abril, mas que, considerada apenas as cargas agrícolas, a retração foi de apenas 1,4%. Isso porque a pesquisa não inclui os portos do chamado Arco Norte, onde o escoamento está em forte alta em virtude da conclusão do asfaltamento do BR-163.

Ampliar as exportações poderá ser uma saída também para o óleo de soja, que tem metade da sua produção no Brasil destinada à fabricação de biodiesel, cuja demanda interna está em queda. “O próprio aumento das exportações de soja em grão e farelo poderá amenizar parte dessa retração das vendas de biodiesel no Brasil, mas exportar também pode ser uma saída”, disse Nassar.

Ele observou que, no último leilão de biodiesel realizado pelo governo, o volume negociado foi de cerca de 1 bilhão de litros, a serem comercializados entre maio e junho, 200 mil litros a menos que no leilão anterior. E que a queda poderá ser maior, uma vez que ficou definido que poderá haver um corte de 20% caso a demanda não absorva o volume contratado.

 

Fonte: Valor

Data: 23/04/2020