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Metrô de SP abre licitação para empresas que quiserem acrescentar sua marca a nomes de seis estações

13.05.2021 | | Notícias do Mercado

G1 - 11/05/2021

Companhia diz que teve prejuízo com queda de usuários provocada pela pandemia e cessão de direitos de nomeação ajudará a conter aumento do valor da passagem. Estações que podem ter nomes alterados são Anhangabaú, Penha e Carrão, da Linha 3-Vermelha, Brigadeiro e Consolação, da Linha 2-Verde, e Saúde, da Linha 1-Azul.

 

O Metrô de São Paulo abriu uma licitação para as empresas que quiserem acrescentar nomes de marcas ou produtos em seis estações das linhas Vermelha, Verde e Azul. O objetivo da concessão dos chamados “naming rights”, ou direito de nomeação, é aumentar a receita depois de um ano atípico de pandemia. Para quem usa o transporte, no entanto, a mudança pode gerar confusão.

O Metrô calcula que o prejuízo chegue a R$ 1,6 bilhão com a queda do movimento desde o ano passado. Antes da pandemia, 4 milhões de pessoas circulavam por dia em todas as estações. Com a chegada da Covid, houve uma queda de 50% de usuários no ano passado. No primeiro trimestre de 2021, a queda foi de 46%.

Nesta primeira fase da licitação, seis estações terão novos nomes. Anhangabaú, Penha e Carrão, da Linha 3-Vermelha, Brigadeiro e Consolação, da Linha 2-Verde, e Saúde, da Linha 1-Azul. A marca poderá colocar seu nome ou de produtos em cima dos nomes das estações e as placas, chamadas testeiras, com as marcas ao lado. Cada empresa terá o direito de usar o nome da estação por 10 anos, podendo prorrogar por mais 10.

Para o usuário do Metrô Alex Pereira, a mudança não é bem-vinda. “Eu não concordo, sei lá, é como cultura, essas coisas. Acho que sempre deve ser mantida, entendeu?”

Com a mudança, o objetivo do Metrô é depender menos do dinheiro das tarifas do bilhete. Segundo o governo do estado, a exploração comercial e publicitária das estações chegou a cerca de 20% da arrecadação total da companhia nos últimos anos.

Além disso, a adoção dos novos nomes vai permitir melhorias na rede e principalmente segurar o aumento no valor da passagem, afirmou Alexandre Baldy, secretário de Transporte Metropolitano.

“Toda mudança no Metrô é planejada e organizada, 10 anos é um prazo longo para que se habituem e se adaptem a essa mudança. A nominata é um prazo longo que podem chegar a 20. O grande objetivo é não haver necessidade de aumento de tarifa, porque o Metrô precisa depender menos da venda de bilhete aos passageiros no seu dia a dia. Dar sustentabilidade à empresa. Portanto, essa mudança planejada, organizada, vai permitir que haja adaptação por parte das pessoas e que, sem dúvida alguma, haja organização e nenhuma confusão deste nome complementar ligada a uma marca.”

Para o especialista em transporte do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Rafael Calabria, este aumento das receitas é fundamental, mas a mudança atrapalha muito a vida de quem pega o transporte.

“O nome da estação é uma referência para os usuários, às vezes o nome da estação se torna o nome da região, tanto do Metrô, quanto dos trens, então, romper abertamente essa referência é bastante preocupante e pode confundir muitos cidadãos que estão usando cotidianamente o transporte. Os nomes usados na venda podem ser parecidos e causar confusão, a compreensão do mapa do metrô já é bastante complexa”, opina.

Para Calabria, o Metrô poderia explorar melhor outras áreas para aumentar a receita.

“As formas mais adequadas de buscar fontes extras para transporte coletivo vêm sendo debatidas há bastante tempo. A mais básica, e que o Metrô já utiliza, e pode utilizar muito melhor, com mais intensidade, é propaganda nos transportes nos veículos, nos terminais e estações. Uma bastante proveitosa que vem sendo analisada é a utilização do crédito do Bilhete Único, que fica parado, para a exploração financeira.”

Para a usuária do metrô e gerente administrativa Ana Lúcia Chaves, o que importa mesmo é que o preço da passagem não pese ainda mais.

“Eu acho que com o tempo o pessoal vai absorver isso daí e vai ficar tudo bem, não acredito que isso vá confundir ninguém. No início, sim, mas logo o pessoal está acostumado já com isso. Se realmente as passagens ficarem no preço menor ou manter o valor, então vale, desde que realmente eles façam isso”, opina.

A abertura dos envelopes das licitações das seis estações vai ser nas primeiras semanas de junho. A partir daí, as empresas vencedoras têm 15 dias para apresentar o projeto de como vão estampar as marcas nas estações, respeitando os padrões definidos pelo Metrô.