21.02.2020 | ABIFER | Notícias do Mercado
Privatização deverá ser um norte para a implementação do plano de expansão, apresentado ontem pela SPA
O Porto de Santos planeja ampliar em 49% sua capacidade instalada e atingir um potencial de movimentar 240,6 milhões de toneladas até 2040. A projeção faz parte do novo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ), divulgado ontem pela autoridade portuária Santos Port Authority (SPA, ex-Codesp). A perspectiva é que, nos próximos 20 anos, a demanda do porto alcance 214,94 milhões de toneladas, uma alta de 58%.
O documento, que tem o objetivo de nortear a expansão do cais santista, prevê a ampliação do modal ferroviário e a reorganização interna do porto, com a criação de “clusters” de cargas, ou seja, a junção de terminais com as mesmas finalidades em áreas adequadas.
O PDZ não menciona, diretamente, o cenário de desestatização da autoridade portuária de Santos – que ainda está em fase de estudos pelo governo federal e deverá sair apenas em 2021. No entanto, a privatização será um norte e facilitará a implementação do plano estratégico, segundo Casemiro Tércio Carvalho, presidente da SPA.
“A versatilidade que tenho para fazer negócio no ambiente privado é maior, e isso vai ajudar a resolver problemas previstos no plano”, afirmou.
Além disso, parte das medidas previstas para executar o PDZ ainda deverão aguardar uma maior definição sobre os rumos da desestatização. A ideia, diz ele, é calcular qual a melhor forma de criar valor ao porto antes de ofertá-lo ao setor privado.
Um exemplo é o plano de criar uma grande área destinada a contêineres na região do Saboó, onde hoje está a Brasil Terminal Portuário (BTP). Logo ao lado, há uma área de terminais com contratos vencidos ou com problemas, e que poderão ser alvo de relicitação.
No entanto, diante dos estudos de privatização, a equipe deverá avaliar outros cenários antes de tomar uma decisão – seria possível, por exemplo, permitir que o novo controlador privado se responsabilize pela construção e apenas alugue a estrutura ao operador, sem necessidade de fazer um leilão de arrendamento.
Outro plano do SPA que ficou em suspenso até uma definição sobre a privatização é a concessão do canal de acesso – um leilão que, no início do ano passado, era visto como essencial na reestruturação do porto. “Entramos [na SPA] com o plano de dividir o porto em quatro áreas. Com as discussões, percebemos que isso poderia destruir valor antes da privatização”, diz Carvalho.
O PDZ apresentado ontem prevê um aumento significativo para todas as cargas operadas em Santos. O maior salto na capacidade instalada deverá ser a de contêineres, de 64%. A capacidade passaria de 5,3 milhões TEUs (unidade equivalente a 20 pés) para 8,7 milhões de TEUs, em 2040. Esse cálculo contempla tanto a criação do “cluster” no Saboó quanto investimentos já anunciados, como o da Santos Brasil.
A capacidade para movimentar granéis sólidos vegetais também deverá ter um forte avanço: de quase 70 milhões para 95 milhões de toneladas até 2040.
A capacidade para celulose deverá ter um salto de quase 50%, para 10,5 milhões de toneladas ao ano. O avanço contempla a relicitação do antigo terminal de Libra, que irá se converter em duas áreas destinadas a celulose, além do terminal privado da DP World.
Outro ponto importante do plano será o aumento da participação do modal ferroviário na logística de Santos – que será uma forma de comportar o aumento de carga decorrente da renovação antecipada da Malha Paulista e o novo fluxo vindo da Ferrovia Norte-Sul. O plano é ampliar a movimentação ferroviária em 90% até 2040.
Os novos investimentos na malha deverão ser incorporados no novo contrato de concessão da Portofer (concessionária da Rumo que opera a malha dentro do porto), o que deverá ocorrer ainda neste primeiro semestre, afirma o presidente.
Fonte: Valor
Data: 18/02/2020