27.03.2025 | ABIFER | Notícias do Mercado
Fonte: Valor Data: 26/03/2025
O projeto da Cedro Participações de construir um ramal ferroviário em Minas Gerais, com caráter totalmente privado, deverá avançar para a fase de desapropriações. A empresa recebeu autorização para iniciar o processo, com a publicação da declaração de utilidade pública dos imóveis que terão que ser retirados para dar lugar à linha, que deverá conectar as cidades de Mateus Leme e Mário Campos.
Trata-se de uma “short line”, ou seja, um ramal de menor porte que deverá se conectar a uma malha nacional, no caso, a da MRS. O empreendimento deverá demandar R$ 1,5 bilhão de investimento.
O projeto ainda tem um longo caminho para efetivamente sair do papel. Pelo cronograma, a ideia é iniciar as obras em 2028, afirmou Marcus Santarém, diretor de desenvolvimento de negócios da Cedro.
“A iniciativa da Cedro surgiu a partir da lei das autorizações de ferrovias [de 2021]. Percebemos uma oportunidade na região de Serra Azul, em Minas Gerais. Quando observamos as cinco mineradoras da região, todo transporte é feito pela via rodoviária. Há um ônus no processo, muito acidente. Nos últimos quatro anos, na BR-381 nesse trecho houve 440 acidentes fatais. E tem um estrangulamento rodoviário, porque as mineradoras estão ampliando a carga”, disse ele.
A empresa entrou com o pedido para a autorização no fim de 2023 para a construção da “short line”. A autorização foi concedida em outubro de 2024, e o contrato de adesão foi firmado em novembro.
A companhia também decidiu já iniciar os estudos de licenciamento ambiental, que deverão ser protocolados em setembro deste ano, além das análises de topografia e sondagens para a elaboração do projeto básico.
Ao longo dos últimos anos de estudos, a empresa já fez ajustes no traçado da linha, que deverá ter cerca de 30 km de extensão. A expectativa é que o ramal tenha capacidade de movimentar 25 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.
Com as desapropriações, o projeto da Cedro deverá se tornar uma das primeiras iniciativas de autorização ferroviária federal a caminhar — dentre uma longa lista de obras bilionárias anunciadas pelo governo federal. Em setembro de 2022, o então Ministério dos Transportes chegou a anunciar que 89 propostas de ferrovias privadas, com investimentos projetados de R$ 258 bilhões, haviam sido protocolados. Desde então a cifra era vista no mercado de infraestrutura com muito ceticismo e, até o momento, as autorizações do governo federal ainda não decolaram. Nesse segmento, as chamadas “short lines” são vistas como os projetos mais viáveis do gênero, por serem de porte menor e menos complexas.
Segundo Santarém, esta é a única iniciativa de “short line” da Cedro, mas o mercado tem potencial. “É um projeto que tem demandado muito trabalho, estamos usando para adquirir bagagem, porque não somos do meio. Mas obviamente, se houver novas oportunidades, teremos interesse.”